Segundo
reportagem do jornal Folha de
S. Paulo, o ex-ministro do Planejamento sugeriu
em conversas gravadas com o ex-presidente da Transpetro, empresa subsidiária da
Petrobras, que possível mudança no governo federal resultaria em pacto para
"estancar a sangria" feita
pela Operação Lava-Jato, que investiga ambos e quantidade inominável de outros
políticos suspeitos de participação em esquema de propina com recursos daquela
estatal.
Relata-se
que a conversa em questão teria ocorrido semanas antes da votação do processo
de impeachment da presidente do país, ainda na Câmara dos Deputados, mas o
advogado do ex-ministro disse que ele "jamais
pensaria em fazer qualquer interferência na Lava-Jato, porque essa não é a
postura dele", pretendendo insinuar que os brasileiros são um bando de
ingênuos que não sabem interpretar as verdadeiras intenções dos políticos
tupiniquins.
As
conversas trazem revelações bombásticas sobre o que se passa de verdade nas
cabeças dos homens públicos, a exemplo do seguinte diálogo: "O Janot (procurador-geral da República) está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou
o caminho. Se é político, como é a política?
Tem que resolver essa... Tem que mudar o governo pra poder estancar essa
sangria".
Noutro
trecho o presidente da Transpetro disse que acredita que o envio de seu caso do
Supremo Tribunal Federal para o juiz federal, em Curitiba, seria estratégia
para que ele fosse obrigado a fazer delação premiada e, por via de consequência,
poderia incriminar importantes líderes do PMDB.
Ele
também afirma que novas delações não deixariam "pedra sobre pedra", que mereceu o complemento do ex-ministro,
que disse que o caso "não pode ficar
na mão desse (Moro)".
Mais
adiante, foi dito que "a solução
mais fácil era botar o Michel (Temer)", como forma de o eventual governo
dele poder viabilizar a construção de pacto nacional: "com o Supremo, com tudo" e outro
interlocutor responde: "aí parava
tudo. É, delimitava onde está, pronto".
O
presidente da Transpetro afirma que "o
caminho é buscar alguém que tenha relação com Teori (Zavascki)", que é
o relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal.
Demonstrando
muita preocupação, o referido executivo afirma que a situação é grave, porque "Eles querem pegar todos os políticos"
e, em seguida, acrescenta que precisa da inteligência do ex-ministro, que se
coloca à disposição para falar.
À
vista dos fatos vindos à lume, fica tudo muito claro que as investigações da
Operação Lava-Jato precisam cada vez mais de muito apoio da sociedade, para que elas possam continuar, ante a importância dos trabalhos em busca da verdade e da moralização do país.
Não
há a menor dúvida de que as revelações em apreço são contundentes e têm a
capacidade de causar assombro à sociedade, por mostrarem que os homens públicos
estão com dificuldades para explicar seus envolvimentos nos esquemas de
corrupção, que tem o epicentro localizado na Petrobras, de onde partiu o
propinoduto para o abastecimento de cofres de partidos políticos, a exemplo do
PT, MPDB e PP, e de contas bancárias de importantes políticos, empresários e
executivos, sendo que muitos dos quais já foram condenados e se encontram
presos.
As revelações em apreço não constituem
qualquer novidade no mundo político, porque elas apenas confirmam a má e
degenerativa índole dos políticos tupiniquins, que protagonizam atos de
corrupção com a maior naturalidade, em benefício próprio e de seu grupo
político, mas mesmo assim nada disso os sensibiliza no sentido de reconhecer seus
atos ilícitos e os prejuízos causados aos brasileiros, conquanto, segundo seus
entendimentos, eles são sempre normais, por fazerem parte da arraigada cultura política,
embora a participação deletéria dos políticos tem o peso da destruição dos
princípios da dignidade, moralidade e honestidade, em prejuízo do interesse
público.
Diante da alarmante situação de
promiscuidade envolvendo parcela significativa dos representantes do povo, com
a constatação de que muitos dos quais se encontram sendo investigados por
suspeita de corrupção, conviria que o Poder Judiciário passasse por
aperfeiçoamento e modernização, de modo que os julgamento dos casos devidamente
comprovados pudesse se realizar com a celeridade bem antes do término dos
respectivos mandatos, como forma de as punições servirem de exemplo pedagógico,
com vistas a serem evitadas situações futuras semelhantes às levantadas pela
Operação Lava-Jato. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 30 de maio de 2016
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