sexta-feira, 27 de maio de 2016

A suficiência de provas


Segundo a revista VEJA, o procurador-geral da República já tem em seu poder provas suficientes para assegurar que o ex-presidente da República petista e a sua sucessora trabalharam para impedir as investigações da Operação Lava-Jato, tendo por base a obtenção de elementos e dados com a quebra do sigilo fiscal do filho do compadre do ex-presidente que se encontra preso, o acesso a e-mails do Instituto Lula e a registros telefônicos, que comprovam o conteúdo da delação do ex-senador e ex-líder do governo.
Os documentos compilados foram enviados pelo procurador-geral da República ao Supremo Tribunal Federal, nos quais há suficientes provas, segundo procuradores, que o ex-presidente foi sim o mentor da operação para tentar comprar o silêncio de ex-diretor da Petrobras, aquele que deu origem à prisão do ex-senador. Os citados documentos também mostram que o dinheiro entregue à família do ex-diretor saiu das contas do filho do amigo do petista e que os encontros com o ex-presidente, narrados pelo ex-senador em sua delação, ocorreram de fato.
A conclusão dos levantamentos em causa robustece a convicção de procuradores que há fortes indícios sobre a confirmação da delação em tela, tendo o poder de colocar o ex-presidente mais próximo de ser julgado pelo crime de obstrução à Justiça.
Impede lembrar que o ex-senador e seu chefe de gabinete disseram a integrantes da Operação Lava-Jato, em depoimentos, que o ex-presidente temia que o ex-diretor da Petrobras pudesse, em troca de redução de pena, revelar fatos que o comprometessem ou incriminassem seu amigo e compadre, em razão de envolvimento nos desvios da estatal.
Não obstante, a malsucedida operação para a comprar do silêncio do ex-diretor terminou sendo frustrada após o filho deste entregar, às autoridades, áudios de reunião em que o ex-senador oferecia até plano de fuga cinematográfico ao exterior para o ex-diretor, que se encontrava preso desde janeiro de 2015.
Aliás, a entrega das gravações foi o passo inicial para que o ex-diretor firmasse acordo de delação premiada, que contribui para o desespero dos petistas, uma vez que ele contou à Justiça que parte do seu crescimento profissional na estatal se deve à gratidão do ex-presidente por serviços de corrupção prestados para ele, a exemplo do seu empenho para tirar, do papel, operação ilícita de aluguel de navios-sondas pela Petrobras, que serviu para quitar empréstimo do valor de R$ 12 milhões, feito por seu amigo e compadre com o Grupo Schahin.
Além das suspeitas das manobras no caso do ex-diretor da Petrobras, conforme a menção anterior, as investigações da Operação Lava-Jato dizem que a atuação do ex-presidente possibilitou o surgimento do petróleo, onde há apurações específicas sobre ele, como as supostas ocultações de um sítio em Atibaia e de um tríplex no Guarujá, com a indicação de que os referidos imóveis tenham sido reformados por empreiteiras investigadas nos desvios da Petrobras.
Também em outra frente, a Polícia Federal teria deflagrado a operação Janus, com a finalidade de investigar parentes e pessoas próximas ao ex-presidente, sob suspeitas do recebimento de vantagens pertinentes a auxílio na obtenção de empréstimos do BNDES.
Outra tentativa de barrar a Operação Lava-Jato também foi citada pelo ex-líder do governo, que é objeto de pedido sigiloso de investigação direcionado ao Supremo Tribunal Federal.
A reportagem lembra que a Procuradoria Geral da República pretende aprofundar as denúncias do ex-senador de que houve conspiração envolvendo a presidente afastada, o então ministro da Justiça e dois ministros do Superior Tribunal de Justiça, tendo por finalidade livrar executivos da prisão e das garras da Operação Leva-Lato.
Segundo a delação do ex-senador, o Palácio do Planalto, em tratativa com o presidente do aludido Tribunal, um ministro seria nomeado para a Corte e, em troca, ele votaria pela liberdade de empreiteiros, embora os envolvidos se dizem inocentes, fato que tem nesga de veracidade, uma vez que o citado ministro chegou a se posicionar favorável à soltura de executivos da Andrade Gutierrez, mas foi vencido, não tendo sido confirmada a liberdade em apreço.
Por mais que o ex-presidente se esforce em negar que não teria sido beneficiado com recursos de propina, as provas apresentadas pela Procuradoria Geral da República acenam para a direção em contrário, mostrando que ele realmente pode estar envolvido em diversos casos de corrupção objeto das investigações da Operação Lava-Jato, quer como beneficiário de recursos provenientes de propina, nos casos das reformas suspeitas, que ele não conseguiu contestar em contrário, ou como a tentativa de atrapalhar a Justiça, por meio da compra da família do ex-diretor da Petrobras.
O certo é que as delações premiadas não somente podem beneficiar os envolvidos em corrupção, porque ajudam a confirmar a sua participação, como também têm servindo como fortes e seguros indicativos do caminho que tem levado a fonte substancial de provas, como no caso em referência, em que o ex-presidente precisa derrubar, não com palavras vazias de conteúdo, mas com contraprovas consistentes as convicções apresentadas contra ele pela Procuradoria Geral da República.
Com os elementos levantados sobre as suspeitas da participação do ex-presidente em defesa seu amigo e compadre, fica a impressão de que as afirmações de que ninguém no país seria mais honesto do que ele estão indo por água abaixo, corroborando o entendimento de que seu esforço para se manter sempre todo-poderoso não passou de vã tentativa para que os ingênuos e desinformados brasileiros acreditassem em mais essa estrondosa mentira que não teve consistência diante da verdade dos fatos levantados pela Procuradoria Geral da República. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de maio de 2016

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