Segundo
a revista VEJA, o procurador-geral da
República já tem em seu poder provas suficientes para assegurar que o
ex-presidente da República petista e a sua sucessora trabalharam para impedir as
investigações da Operação Lava-Jato, tendo por base a obtenção de elementos e
dados com a quebra do sigilo fiscal do filho do compadre do ex-presidente que
se encontra preso, o acesso a e-mails do Instituto Lula e a registros
telefônicos, que comprovam o conteúdo da delação do ex-senador e ex-líder do
governo.
Os
documentos compilados foram enviados pelo procurador-geral da República ao
Supremo Tribunal Federal, nos quais há suficientes provas, segundo
procuradores, que o ex-presidente foi sim o mentor da operação para tentar
comprar o silêncio de ex-diretor da Petrobras, aquele que deu origem à prisão
do ex-senador. Os citados documentos também mostram que o dinheiro entregue à
família do ex-diretor saiu das contas do filho do amigo do petista e que os
encontros com o ex-presidente, narrados pelo ex-senador em sua delação, ocorreram
de fato.
A
conclusão dos levantamentos em causa robustece a convicção de procuradores que
há fortes indícios sobre a confirmação da delação em tela, tendo o poder de colocar
o ex-presidente mais próximo de ser julgado pelo crime de obstrução à Justiça.
Impede
lembrar que o ex-senador e seu chefe de gabinete disseram a integrantes da
Operação Lava-Jato, em depoimentos, que o ex-presidente temia que o ex-diretor
da Petrobras pudesse, em troca de redução de pena, revelar fatos que o
comprometessem ou incriminassem seu amigo e compadre, em razão de envolvimento nos
desvios da estatal.
Não
obstante, a malsucedida operação para a comprar do silêncio do ex-diretor terminou
sendo frustrada após o filho deste entregar, às autoridades, áudios de reunião
em que o ex-senador oferecia até plano de fuga cinematográfico ao exterior para
o ex-diretor, que se encontrava preso desde janeiro de 2015.
Aliás,
a entrega das gravações foi o passo inicial para que o ex-diretor firmasse acordo
de delação premiada, que contribui para o desespero dos petistas, uma vez que ele
contou à Justiça que parte do seu crescimento profissional na estatal se deve à
gratidão do ex-presidente por serviços de corrupção prestados para ele, a
exemplo do seu empenho para tirar, do papel, operação ilícita de aluguel de
navios-sondas pela Petrobras, que serviu para quitar empréstimo do valor de R$
12 milhões, feito por seu amigo e compadre com o Grupo Schahin.
Além
das suspeitas das manobras no caso do ex-diretor da Petrobras, conforme a
menção anterior, as investigações da Operação Lava-Jato dizem que a atuação do
ex-presidente possibilitou o surgimento do petróleo, onde há apurações
específicas sobre ele, como as supostas ocultações de um sítio em Atibaia e de
um tríplex no Guarujá, com a indicação de que os referidos imóveis tenham sido reformados
por empreiteiras investigadas nos desvios da Petrobras.
Também
em outra frente, a Polícia Federal teria deflagrado a operação Janus, com a
finalidade de investigar parentes e pessoas próximas ao ex-presidente, sob
suspeitas do recebimento de vantagens pertinentes a auxílio na obtenção de
empréstimos do BNDES.
Outra
tentativa de barrar a Operação Lava-Jato também foi citada pelo ex-líder do
governo, que é objeto de pedido sigiloso de investigação direcionado ao Supremo
Tribunal Federal.
A
reportagem lembra que a Procuradoria Geral da República pretende aprofundar as
denúncias do ex-senador de que houve conspiração envolvendo a presidente
afastada, o então ministro da Justiça e dois ministros do Superior Tribunal de
Justiça, tendo por finalidade livrar executivos da prisão e das garras da
Operação Leva-Lato.
Segundo
a delação do ex-senador, o Palácio do Planalto, em tratativa com o presidente
do aludido Tribunal, um ministro seria nomeado para a Corte e, em troca, ele
votaria pela liberdade de empreiteiros, embora os envolvidos se dizem inocentes,
fato que tem nesga de veracidade, uma vez que o citado ministro chegou a se
posicionar favorável à soltura de executivos da Andrade Gutierrez, mas foi
vencido, não tendo sido confirmada a liberdade em apreço.
Por
mais que o ex-presidente se esforce em negar que não teria sido beneficiado com
recursos de propina, as provas apresentadas pela Procuradoria Geral da
República acenam para a direção em contrário, mostrando que ele realmente pode
estar envolvido em diversos casos de corrupção objeto das investigações da
Operação Lava-Jato, quer como beneficiário de recursos provenientes de propina,
nos casos das reformas suspeitas, que ele não conseguiu contestar em contrário,
ou como a tentativa de atrapalhar a Justiça, por meio da compra da família do
ex-diretor da Petrobras.
O
certo é que as delações premiadas não somente podem beneficiar os envolvidos em
corrupção, porque ajudam a confirmar a sua participação, como também têm
servindo como fortes e seguros indicativos do caminho que tem levado a fonte
substancial de provas, como no caso em referência, em que o ex-presidente
precisa derrubar, não com palavras vazias de conteúdo, mas com contraprovas consistentes
as convicções apresentadas contra ele pela Procuradoria Geral da República.
Com
os elementos levantados sobre as suspeitas da participação do ex-presidente em
defesa seu amigo e compadre, fica a impressão de que as afirmações de que
ninguém no país seria mais honesto do que ele estão indo por água abaixo, corroborando
o entendimento de que seu esforço para se manter sempre todo-poderoso não
passou de vã tentativa para que os ingênuos e desinformados brasileiros
acreditassem em mais essa estrondosa mentira que não teve consistência diante
da verdade dos fatos levantados pela Procuradoria Geral da República. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de maio de 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário