terça-feira, 31 de maio de 2016

A negação do nada sabia



Em inusitado trecho de conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro, um ex-senador do Maranhão afirmou que o ex-presidente da República petista considera a escolha da presidente afastada como seu "mais grave erro".
A reportagem foi transmitida por narração do repórter, tendo por base a transcrição do suposto diálogo, pelo Jornal Hoje, da TV Globo, que não foi reproduzido o áudio pertinente.
Segundo a reportagem, a conversa foi gravada na casa do ex-senador, cujo texto não consta o nome do ex-presidente, porém a transcrição deixa muito claro, para os investigadores, que a conversa é sobre o petista, como sendo autor do texto.
No diálogo revelado na Globo, o ex-presidente da Transpetro diz ao ex-senador que "Agora, tudo por omissão da dona Dilma", dando a entender que a ilação se refere às investigações da Operação Lava-Jato, que atingem em cheio o mundo político e tem o poder de incomodar aqueles que se envolveram nos esquemas de propina com recursos da Petrobras.  
Por sua vez, o ex-senador responde: "Ele chorando. O que eu ia contar era isso. Ele me disse que o único arrependimento que ele tem é ter eleito a Dilma. Único erro que ele cometeu. Foi o mais grave de todos.".
Diante dessa notícia bombástica, o instituto que tem o nome do ex-presidente informou ao Jornal Hoje que o petista já teve seus sigilos bancário e fiscal quebrados, analisados e divulgados, cabendo “aos autores das frases e gravações comentarem suas declarações privadas divulgadas ilegalmente.”.
O referido instituto disse à Folha que "o vazamento ilegal das gravações é mais uma evidência de que, depois de investigar por mais de dois anos, o Ministério Público Federal não encontrou sequer um fiapo de prova contra Lula. Porque Lula sempre agiu dentro da lei".
Ou seja, não houve o desmentido nem a concordância por parte do petista sobre a afirmação do ex-senador, no sentido de que a invenção da presidente afastada teria sido motivo de arrependimento do ex-presidente, dando a entender que se trata de indiscutível verdade a aversão em apreço.  
Caso seja verdadeira a afirmação do ex-presidente, fica muito translúcido que a presidente afastada conseguiu, com a sua completa inabilidade administrativa para governar, destruir não somente as estruturas econômicas do país e as esperanças dos brasileiros, mas especialmente os sonhos do petista de transformar seu projeto de retorno ao Palácio do Planalto, em 2018, em algo bastante impossível, à vista da gestão desastrada da petista, que tem péssima avaliação sobre tudo que estava sob a sua administração, não recomendado que seu partido jamais volte ao poder.
Com certeza, o ex-presidente não teria cometido um único erro, mas esse de ter ajudado a eleger o que foi considerado como poste pode ter sido o mais grave e horroroso de todos, porque ela conseguiu protagonizar os piores momentos da história republicana, conforme mostram, de forma incontestável, o resultado da sua gestão, quando todos os indicadores, principalmente econômicos, são imprestáveis para servir de parâmetro de administração minimamente exitosa.
Ao dizer que teria cometido grave erro em ter apadrinhado a presidente afastada pode ser considerado expressivo atenuante quanto à gravidade dos fatos que contribuíram para a degeneração da administração do país, mas, à luz dos acontecimentos, não passa de extrema modéstia se afirmar que teria sido o único erro, à vista da estrondosa destruição do país, que jamais teria chegado a tanto somente pela indicação de pessoa incapacitada para governar a nação.
A revelação das conversas em apreço mostra, com todas as letras, que os políticos tupiniquins são absolutamente incapazes de fazer autocrítica e de concluir que as crises econômica, ética, moral, política e administrativa que se apoderaram do país não dizem respeito às suas ganâncias pelo poder e pela sua perpetuidade, uma vez que os fatos mostram a contundência dos fins espúrios para o atingimento dos meios e que ninguém se houve com decência, honestidade e dignidade, à luz desse mar de sujeira, que vem emergindo, nos últimos dias, com forte mau cheiro. 
Dizer que o ex-presidente teria reconhecido um único erro na sua vida pública já é fenomenal assombro, para quem jamais teve a humildade de admitir qualquer deslize, desde quando ele foi considerado verdadeiro "deus" tupiniquim, tamanha a devoção que os fanatizados atribuíam a ele.
          Tudo isso demonstra que o país precisa ainda avançar muito para que essa equivocada cultura de endeusamento seja transformada no seio da sociedade, que, diante dos fatos, deveria tirar importante lição deste lastimável e triste momento de graves crises ética, política, econômica, administrativa, entre outras que certamente estão contribuindo para o gigantesco retrocesso das instituições brasileiras, tão desacreditadas e menosprezadas, justamente pela péssima qualidade da classe política, que foi absolutamente incapaz de evitar que o país desse às mãos à mediocridade, à incompetência, à corrupção e a tudo de ruim que se poderia imaginar, em que pesem as potencialidades econômicas do Brasil e a inteligência de seu povo.
Infelizmente a culpa pela degradação político-administrativa pode ser atribuída ao povo, que vem demonstrando ingenuidade e imaturidade, ao acreditar piamente em governo incompetente, mentiroso e destruidor dos comezinhos princípios da dignidade e da moralidade, por ter sido patrono, conforme mostram os fatos, dos famigerados casos de corrupção do mensalão e do petrolão, todos com participação maiúscula de lideranças políticas, principalmente do Partido dos Trabalhadores, que ainda patrocinou, em gigantesco contrassenso, a maior descomunal escalada de desemprego que o país jamais tinha experimentado na sua história republicana.
Os brasileiros precisam se conscientizar, com urgência, de que o reconhecimento, pelos homens públicos, de seus erros faz parte do princípio, em especial, da dignidade humana e isso não tem sido fácil na atualidade, porque eles, indistintamente, se dizem os mais honrados do planeta, mas, nos bastidores, as revelações se confundem com o mar de lama pútrida, com clara evidência de que eles seriam completamente incapazes para representar seu semelhante. Acorda, Brasil!
          ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 31 de maio de 2016

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