segunda-feira, 14 de maio de 2018

A articulação de fatos


Em recado à militância que o acompanha em frente à Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR), o líder-mor dos petistas mandou dizer para as pessoas que estão ali que valerá a pena morrer por seus apoiadores, em visível forma de demagogia, nestes termos: "Por vocês valeu a pena nascer e por vocês valerá a pena morrer", que, por certo, há quem acredite piamente em algo que não tem o mínimo de seriedade nem de plausibilidade.
O aludido recado foi repassado por seus advogados e lido aos manifestantes pelo vice-presidente do PT.
O cacique petista disse exatamente isso: "Queridos e queridas, companheiras e companheiros, vocês são o meu grito de liberdade todo dia. Se eu não tivesse feito nada na vida e construído com vocês essa amizade, já me faria um homem realizado. Por vocês valeu a pena nascer e por vocês valerá a pena morrer.".
Nesta fase tumultuada do partido, com o encarceramento do político, tudo é motivo para ato político, como nesse caso, em que a leitura da referida mensagem foi realizada em encontro que contou com a presença de ex-ministro das Relações Exteriores do governo do político-mor e possível candidato ao governo do Rio de Janeiro.
O referido recado é o segundo mandado por ele para os manifestantes, desde o dia 7 de abril, quando ele se entregou à Superintendência da Polícia Federal, onde se encontra preso.
No primeiro recado, o político disse que está tranquilo, mas indignado, porque "Continuo acreditando na Justiça e por isso estou tranquilo, mas indignado como todo inocente fica indignado quando é injustiçado".  
Dias antes, senadores petistas e admiradores do político, integrantes da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, fizeram visita a ele, em diligência na cela do petista, que concluíram que ele está forte, mas preocupado com o futuro do país e da democracia, embora os parlamentares aproveitaram o ensejo para criticar, mais uma vez, o isolamento do político. Com informações da Folhapress.
Quem conhece o gênio explosivo do político, sabe perfeitamente que ele mente extraordinariamente ao dizer que está tranquilo, porque ele não se contém em serenidade pelo fato de ter sido presidente do país, com múltiplas liberdades e as amplidões dos palácios confortáveis e espaçosos de Brasília e agora, em contrastes, ele se encontra em limitada solitária absolutamente desconfortável e desoladora, mas ele deve agradecer de não estar na masmorra - assim reconhecidas as cadeias do país por ministro da Justiça do governo dele -,  na companhia de presos comuns, em ambiente infectocontagioso e bastante perigoso, completamente impróprio para a vida humana.
Também representa verdadeira falsidade a afirmação de que a tranquilidade demonstrada pelo político decorre do fato de ele continuar “acreditando na Justiça”, quando seu normal comportamento a contradiz, por alegar, com frequência, que os procuradores e seus julgadores mentem no processo e isso contraria o sentido de crença.
Mesmo se referindo a algo seríssimo, que é a vida humana, não é difícil se interpretar que o estilo de expressão do petista traduz, de forma clara, como tiradas de puras hipocrisia e demagogia, certamente tendo a finalidade de sensibilizar a militância que acredita em tudo o que ele diz, faz e professa, inclusive nessa loucura despropositada e deslavada de se dizer que “... Por vocês valeu a pena nascer e por vocês valerá a pena morrer.".
Por certo, o político não tem coragem de morrer em nome de causa que, para muitos, parece até plausível, diante da gigantesca dificuldade que ele tem de se explicar sobre tantos casos de denúncias de irregularidades que estão sendo investigadas e julgadas na Justiça, mesmo se dizendo inocente, mas, por enquanto, ele não conseguiu prová-la por meio dos cânones normais do regramento jurídico.
Chega a ser impressionante como ainda tem gente iludida, que acredita piamente no que ele prega, por mais absurdo e inverossímil que seja, como essa lorota de morrer pelo povo, que não passa de retórica e artifício de puro marketing próprio de conveniência, que é o que ele mais tem feito na sua vida política, sempre cercada de frases de efeito, sem o mínimo de conteúdo ideológico, apenas na tentativa de se manter o elevado padrão de aleivosidade para iludir a militância inebriada pelo fanatismo, que tem dificuldade para enxergar a verdade sobre os fatos, diuturnamente manipulados em seu benefício político.
Diante dos fatos recheados de distorções, visivelmente articulados por conveniência e interesses escusos, os brasileiros de bem precisam se conscientizar de que o populismo e o caudilhismo precisam ser desmascarados, com a devida urgência, de modo que as atividades políticas funcionem e voltem a ser praticadas sob o prisma da seriedade que melhor convém aos princípios democrático e republicano, em estrito parâmetro que possa atender, de forma digna, eficiente e satisfatória, ao interesse público, em termos de correção, moralidade, integridade e competência, tendo como primado as regras e os princípios capazes de contribuir favoravelmente para a retomada do caminho do desenvolvimento socioeconômico. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de maio de 2018

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