A
Venezuela, que já havia deixado de pagar, em agosto, não honrou seu compromisso
com relação à dívida vencida em janeiro, cujo montante tem as garantias dadas
pelo Tesouro Nacional a empresas brasileiras que fizeram obras de
infraestrutura naquele país, nos termos do Convênio de Pagamentos e Créditos
Recíprocos (CCR).
Na
prática, as empreiteiras receberam de bancos no Brasil o dinheiro necessário
para custear as obras no país vizinho e o governo venezuelano, o importador dos
serviços, passou a ter dívida (em dólares) com os bancos brasileiros.
Como
a Venezuela deixou de honrar o pagamento, o Fundo de Garantia à Exportação (FGE)
precisa indenizar os bancos, salvo se houver a negociação da dívida.
O
Ministério da Fazenda explicou que “A
parcela vencida em janeiro de 2018 e ainda não paga pela Venezuela (US$ 274,96
milhões) poderá ser honrada pelo FGE a partir de 8 de maio. Os garantidos devem
notificar o não pagamento e o FGE terá 30 dias para honrar a indenização. Há
tratativas em curso para a renegociação da dívida”.
Segundo
o citado ministério, as garantias do fundo para financiamentos à exportação
para a Venezuela envolvem várias operações cursadas no CCR e cobrem operações
feitas pelo BNDES,
No
ano passado, a Venezuela deixou de pagar a sua dívida dentro do Convênio de
Pagamentos e Créditos Recíprocos, mas a dívida foi renegociada e o governo
brasileiro não precisou indenizar os credores.
O
Congresso Nacional aprovou, neste mês, a liberação, do Orçamento da União, o
valor de R$ 1,1 bilhão, com a finalidade de capitalizar o FGE e possibilitar a cobertura
das garantias atrasadas da Venezuela.
O
dinheiro virá do cancelamento de despesas previstas pelo Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT), ou seja, recursos que já estavam alocados para situação
específica, que naturalmente será recomposta, quando também houver necessidade,
em evidente demonstração de que o governo descobre um santo para cobrir outro,
em caráter emergencial e o mais simplista possível.
Trata-se
de dinheiro dos brasileiros que foi mandado, sob empréstimo, para a Venezuela,
para o financiamento de obras importantes para a população daquele país, em
condições mais do que especiais de juros e forma de pagamento, que, mesmo assim,
ele vem sendo honrado, ficando evidenciado o calote protagonizado por aquele
país.
Somente
governos que se dizem populares, sem compromisso com a nação e a segurança nas
contas públicas, conseguem abonar o desvio recursos públicos arrecadados dos
contribuintes, para emprestar ao estrangeiro, para a execução de obras importantíssimas
para os brasileiros, que ressentem e muitíssimo dessas mesmas melhorias
urbanas, mas infelizmente foram realizadas naquele país socialista, que se
beneficiou do usufruto delas e ainda deixou de pagar as parcelas devidas, nos
prazos estipulados, fazendo com que os otários dos contribuintes tupiniquins paguem
duas vezes pelo mesmo dinheiro: quando liberou os recursos para a Venezuela e
agora, com a transferência de verba orçamentária do Fundo de Amparo ao
Trabalhador, para socorrer o rombo de mais de um bilhão de reais.
Não
há a menor dúvida de que esse caso precisa ser devidamente investigado, para se
verificar as reais motivações desse estranho e injustificável empréstimo,
quando o Brasil vive na maior penúria e escassez de recursos para a
implementação de obras públicas em regiões paupérrimas que os governos somente
desprezam, mas se lembram da necessidade de obras em país comandado por ditador,
como a Venezuela, que menospreza os direitos humanos e os princípios
democráticos.
Convém
que seja investigada a regularidade desse financiamento questionável, com
vistas a se aquilatar, sobretudo, se, na ocasião, não haveria de ser dada
prioridade às obras urgentes e necessárias no Brasil, que tem prevalência sobre
os demais países, e, se for o caso, se apurar a responsabilidade das
autoridades públicas que autorizaram empréstimo de vultosos recursos, que
jamais seriam feitos se, na transação, fossem observados os princípios da
prioridade, da necessidade de obras no Brasil e principalmente da
responsabilidade quanto ao cuidado e ao zelo do patrimônio dos brasileiros, com
vistas ao seu bom e regular emprego, na forma da lei.
Um
país com tantas e gritantes carências, notadamente com relação às políticas
públicas inerentes à infraestrutura, jamais poderia permitir que os minguados
recursos dos brasileiros fossem, de forma leviana, emprestados para outros países,
quanto mais para aqueles de regime socialista, como o da Venezuela, diante da
clara demonstração de incompetência administrativa, à vista da tragédia quanto
aos princípios econômicos, com a confirmação de não ter condições de honrar o pagamento
da dívida, conforme se verifica no caso em comento.
É
bastante estranho que governos brasileiros consigam autorizar empréstimo a
outras nações, notadamente comandadas por ditadores que ignoram os princípios
democráticos e os direitos humanos, que são capazes de impor enormes
sacrifícios de privações de toda natureza ao seu povo, em especial em
decorrência do desabastecimento de alimentos, remédios e outros gêneros de
primeira necessidade, obrigando que a população viva em extrema dificuldade, em
razão da incompetência administrativa e gerencial e da insensibilidade da
tirania para as questões cruciais da sociedade.
O
caso em exame, diante dos cristalinos prejuízos causados à nação e à sociedade
e da responsabilidade cívica e patriótica, é daqueles em que as autoridades
públicas envolvidas precisam ser impelidas a apresentar circunstanciados esclarecimentos
e justificativas, com a devida minudência de detalhes, sobre as motivações
pelas quais houve tanta magnanimidade com recursos dos brasileiros e, por pior,
sem a garantia e a segurança do seu pagamento, com vistas à devida imputação de
responsabilidades que se impõe, nas circunstâncias, se constatado o desvio de
recursos públicos para finalidade visivelmente estranha às atividades ou aos projetos
voltados à satisfação do interesse público, cuja medida é de suma importância
para o fim de se prevenir, de forma disciplinar e pedagógica, outros
injustificáveis casos análogos de desvio de recursos públicos para
empreendimentos incompatíveis com os interesses dos brasileiros. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 10 de maio de 2018
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