quarta-feira, 23 de maio de 2018

Demonstração de falta de personalidade


A equipe de comunicação do ex-ministro Fazenda, que já se lançou pré-candidato à Presidência da República pelo MDB, avalia que tem importante trunfo com capacidade para impactar eleitores de diferentes espectros ideológicos.
A ideia possivelmente miraculosa e revolucionária diz respeito ao fato de que o pré-candidato do MDB pretende mostrar ao eleitorado que ele já foi reconhecido tanto pelo ex-presidente da República tucano quanto pelo ex-presidente da República petista.
Com relação ao tucano, conforme o jornal Folha de S. Paulo, o ex-ministro pretende lembrar de momento acontecido em 1996, quando ele assumiu a presidência mundial do antigo Bank Boston e recebeu carta de recomendação do peessedebista.
No que diz respeito ao ex-presidente petista, o ex-ministro já manifestou o desejo de fazer uso de vídeos do período em que foi presidente do Banco Central do Brasil, durante o governo do petista, que, em diversos discursos da época, o então presidente teria direcionado elogios públicos ao agora possível presidenciável pelo MDB.
Certamente que o político ganharia muito mais credibilidade se ele dissesse para os eleitores que é amigo e recomendado por um apolítico, em especial Deus, porque pode ser que haja tiro certeiro no pé, diante do simples fato de ele afirmar que tem fortes ligações com dois políticos altamente contestados por boa parte da opinião pública e por parcelas importantes da sociedade e isso, por certo, somente contribuirá para que a sua credibilidade vá imediatamente para o espaço sideral, diante da antipatia deles por muitas pessoas honradas.
É evidente que afirmação nesse sentido pode demonstrar que ele não tem personalidade para construir o seu próprio projeto político, por precisar se valer da sua vinculação do passado com políticos que, na atualidade, caíram em desgraça no conceito de muitos brasileiros, que não suportam nem ouvir seus nomes.
Por coincidência e, para agravar ainda mais o quadro da atualidade, um dos políticos mencionados até se encontra encarcerado, cumprindo pena de prisão, deixando de merecer integral credibilidade de eleitores, justamente por ter sido condenado pela Justiça, pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o que demonstra a incompatibilidade, em termos de exemplo construtivo de moralidade, entre a vinculação de amizade e o projeto político.
Seria aconselhável, por ser de bom alvitre, que o ex-ministro da Fazenda dissesse, à luz dos princípios da verdade e da dignidade, que já foi realmente reconhecido por fulano ou sicrano, mas agora isso representa relações circunstanciais do passado e o seu projeto político para o Brasil é absolutamente pessoal e não tem vinculação com ninguém do mundo político, já tendo, a propósito, elaborado metas próprias de governo para a reconstrução socioeconômica do país.
É importante que os novos candidatos se apresentem ao eleitorado com cara e projetos também novos, sem qualquer vinculação com as políticas adotadas pelos governos de seus amigos de então, porque os tempos são outros e o Brasil precisa passar por processo modernizante, deixando para trás os políticos que já deram a sua contribuição ou foram capazes de atrasar o seu desenvolvimento e que agora os seus elogios não fazem a menor diferença ou até mesmo possam servir apenas para enodoar a credibilidade de quem pretende usá-los pensando em se promover politicamente, mas certamente que essa ideia não passa de puras ingenuidade e infantilidade políticas, porque os brasileiros estão ávidos por novidade e por mudanças dos hábitos degenerativos do passado.
Na verdade, essa pretensa imaginação de vinculação com políticos decadentes não passa de ideia retrógrada e destrutiva, em termos políticos, podendo ainda contribuir para suscitar a certeza de que ele não tem personalidade, em termos políticos, para se apresentar ao eleitorado com a devida e própria autenticidade de homem público que é genuinamente diferente da atual classe política, que fica permanentemente de alianças em coalizões interesseiras e espúrias, sempre enterrando com maior intensidade as causas essenciais do Brasil, porque elas somente têm o propósito, conforme mostram os fatos, de puxar a melhor e substanciosa “sardinha” para os camarins pessoais e partidários, tendo por essência a absoluta dominação das classes política e social e a conquista ou a permanência no poder, em indiscutível prejuízo do interesse público, que, ao contrário, deveria ter prevalência no trato das atividades políticas modernas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 23 de maio de 2018

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