Em
entrevista à Folha de S.
Paulo, uma ex-deputada opositora do regime ditatorial venezuelano, que se
encontra impedida de sair do país, desde 2014, afirmou que a população do
interior do país vive uma emergência humanitária, mas não tem como ser ouvida,
porque "Há um apagão informativo em
grande parte do país, porque não há mais cobertura da imprensa nacional ou
internacional, as estradas são interditadas por horas, impedindo a população de
ir comprar comida ou remédios em outra cidade. E falta eletricidade, portanto
não se pode divulgar nada pelas redes sociais.".
Com
relação às eleições presidenciais, a venezuelana afirmou que "Não é que estou pregando a abstenção, e sim
afirmando que isso não será uma eleição, e sim uma nova fraude, não podemos ir
às urnas, pois não adiantará nada e seremos cúmplices da ditadura".
Ela
contou que teria voltado da fronteira com a Colômbia, sem esperanças, ao ver e
constatar o esquema de contrabandistas de mercadorias e pessoas, ao qual chamou
de máfia, e conversar com refugiados, tendo concluído que "Ninguém vai embora feliz, é muita tristeza
ver pessoas deixando para trás os pais idosos, ou as crianças pequenas, que
ficam com os avós.".
A
venezuelana entende que o êxodo atual é apenas o começo de situação que irá se
agravar ainda mais com a hiperinflação projetada para este ano, que deverá
atingir, pasmem, à casa estarrecedora de 13.800%, segundo o FMI, porque, a
partir disso, "Aí sim teremos a
tragédia completa. Haverá campos de refugiados com milhares de venezuelanos nos
países vizinhos.".
A
ex-deputada disse que não acredita na saída da crise por meio das urnas, porque
"Não se trata só de uma ditadura, e
sim do crime organizado no poder, um narcoestado que entregou seu território
para que aqui encontrassem refúgio as dissidências das Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia) e do ELN (Exército de Libertação Nacional),
cartéis mexicanos e células de grupos terroristas islâmicos.".
No
entendimento da líder da oposição, a solução para as graves crises somente no
seu país será possível pela continuidade da pressão, dentro e fora do país,
como a força dos universitários, que "estão
de pé, e com muita valentia para enfrentar essa situação", embora as
manifestações de rua tenham se reduzido, a ponto de inexistir, justamente "porque existe também o medo generalizado da
repressão".
Ela
defende as sanções aplicadas contra integrantes do governo bolivariano pela
Suíça, pelo Panamá, pelos Estados Unidos da América e pela União Europeia, tendo
dito que "Gostaria muito de ver o
Brasil e a Argentina colocando sanções também, assim como o Chile e o Peru.".
A
opositora entende que as posições firmes de presidentes da região sul-americana
e as sanções existentes provocaram divisões no regime, citando que, "Nas Forças Armadas já há camadas,
principalmente as que não se beneficiam tanto do sistema, que estão contra o
governo, na Justiça, na PDVSA (petrolífera estatal), há muita divisão. É uma questão de persistência".
A
venezuelana disse que "O Brasil vem
respaldando nossa posição e nos ajudado muito, espero que atue assim também no
dia 20 de maio. Pedimos ao Brasil e à comunidade internacional um não
reconhecimento da eleição.".
Ela
concluiu a entrevista, afirmando que "A
única maneira de fazer Maduro sair é que o barulho internacional e as
dificuldades para ele sejam maiores que o que está ganhando ao ficar.".
À
toda evidência, em regime socialista, é mais que correto se afirmar que não se
pode confiar minimamente em eleições legítimas e seguras, porque não se trata
de escolha livre, principalmente porque o Conselho Nacional Eleitoral, manobrado
pelo presidente, não é digno de confiança, sendo mais correto se assegurar que haverá
fraude, manipulação e tudo o mais que que possa viabilizar a vitória do
presidente ditador, em que pesem as intenções de voto tenham a liderança de
opositor a ele, mas tudo se resolve mesmo é na “democracia” socialista, onde o
vencedor será aquele indicado pelos critérios da ditadura, como forma de
privilegiar exclusivamente a classe dominante.
Como
se vê a ditadura venezuelana deixa às claras as chagas das crises que abalam
intensamente a administração do país, com destaque para a humanitária, que foi
transformada em verdadeiro estado de "emergência", diante da escassez
de 90% de remédios, evidenciando, por levantamento recente que crianças e
muitos adultos estão morrendo de fome e desnutrição, sendo comum a população ir
dormir com o estômago vazio, por não haver o que comer, exatamente diante da
falta de alimentos e a situação somente se complica, em razão da falta de
recursos para a importação de alimentos, remédios e gêneros de primeira
necessidade, eis que o governo até já deixou de honrar o pagamento de suas
dívidas, justamente por falta de recursos.
Causa
estarrecimento se perceber presidente extremamente perverso, cruel,
sanguinário, truculento, desumano, entre outros predicativos nefastos e
deprimentes, ainda se candidatar à reeleição do país em indiscutível ruína,
onde, em harmonia com as horrorosas ideologias do regime socialista, as
estruturas e conjunturas da nação foram destruídas e destroçadas, levando seu
povo ao martírio, à miséria, ao sofrimento, à dor, enfim, à morte,
principalmente quem não tiver condições de fugir do país para não ser tragado
pelas maldades das armadilhas traiçoeiras do regime totalitário.
O
sistema socialista bolivariano tem como princípio a usurpação, entre outros,
dos consagrados direitos humanos e dos conceitos de democracia, com a imposição
de total perda das liberdades individuais, do patrimônio e, em especial, da
dignidade do ser humano, por passar a não ter mais direito à sua identidade
como pessoa dona da sua consciência, da sua autonomia, do seu patrimônio e até
mesmo da própria vida, diante do horror representado pela total repressão à
população.
Convém
que os brasileiros tenham a necessária sensibilidade para perceberem o tamanho
da maldade e da perversidade que a tirania venezuelana, calcada no famigerado
regime socialista, vem causando ao seu povo que não pertence à classe
dominante, porque esta certamente tem tratamento especial próprio do
imperialismo, enquanto a população está sendo dizimada pela fome e por outras
graves privações, por força da falta de alimentos e assistência
médico-hospitalar, além da falta de remédios, em evidente demonstração de
truculência e desprezo aos princípios humanitários. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 8 de maio de 2018
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