terça-feira, 8 de maio de 2018

Horror humanitário


Em entrevista à Folha de S. Paulo, uma ex-deputada opositora do regime ditatorial venezuelano, que se encontra impedida de sair do país, desde 2014, afirmou que a população do interior do país vive uma emergência humanitária, mas não tem como ser ouvida, porque "Há um apagão informativo em grande parte do país, porque não há mais cobertura da imprensa nacional ou internacional, as estradas são interditadas por horas, impedindo a população de ir comprar comida ou remédios em outra cidade. E falta eletricidade, portanto não se pode divulgar nada pelas redes sociais.".
Com relação às eleições presidenciais, a venezuelana afirmou que "Não é que estou pregando a abstenção, e sim afirmando que isso não será uma eleição, e sim uma nova fraude, não podemos ir às urnas, pois não adiantará nada e seremos cúmplices da ditadura".
Ela contou que teria voltado da fronteira com a Colômbia, sem esperanças, ao ver e constatar o esquema de contrabandistas de mercadorias e pessoas, ao qual chamou de máfia, e conversar com refugiados, tendo concluído que "Ninguém vai embora feliz, é muita tristeza ver pessoas deixando para trás os pais idosos, ou as crianças pequenas, que ficam com os avós.".
A venezuelana entende que o êxodo atual é apenas o começo de situação que irá se agravar ainda mais com a hiperinflação projetada para este ano, que deverá atingir, pasmem, à casa estarrecedora de 13.800%, segundo o FMI, porque, a partir disso, "Aí sim teremos a tragédia completa. Haverá campos de refugiados com milhares de venezuelanos nos países vizinhos.".
A ex-deputada disse que não acredita na saída da crise por meio das urnas, porque "Não se trata só de uma ditadura, e sim do crime organizado no poder, um narcoestado que entregou seu território para que aqui encontrassem refúgio as dissidências das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e do ELN (Exército de Libertação Nacional), cartéis mexicanos e células de grupos terroristas islâmicos.".
No entendimento da líder da oposição, a solução para as graves crises somente no seu país será possível pela continuidade da pressão, dentro e fora do país, como a força dos universitários, que "estão de pé, e com muita valentia para enfrentar essa situação", embora as manifestações de rua tenham se reduzido, a ponto de inexistir, justamente "porque existe também o medo generalizado da repressão".
Ela defende as sanções aplicadas contra integrantes do governo bolivariano pela Suíça, pelo Panamá, pelos Estados Unidos da América e pela União Europeia, tendo dito que "Gostaria muito de ver o Brasil e a Argentina colocando sanções também, assim como o Chile e o Peru.".
A opositora entende que as posições firmes de presidentes da região sul-americana e as sanções existentes provocaram divisões no regime, citando que, "Nas Forças Armadas já há camadas, principalmente as que não se beneficiam tanto do sistema, que estão contra o governo, na Justiça, na PDVSA (petrolífera estatal), há muita divisão. É uma questão de persistência".
A venezuelana disse que "O Brasil vem respaldando nossa posição e nos ajudado muito, espero que atue assim também no dia 20 de maio. Pedimos ao Brasil e à comunidade internacional um não reconhecimento da eleição.".
Ela concluiu a entrevista, afirmando que "A única maneira de fazer Maduro sair é que o barulho internacional e as dificuldades para ele sejam maiores que o que está ganhando ao ficar.".
À toda evidência, em regime socialista, é mais que correto se afirmar que não se pode confiar minimamente em eleições legítimas e seguras, porque não se trata de escolha livre, principalmente porque o Conselho Nacional Eleitoral, manobrado pelo presidente, não é digno de confiança, sendo mais correto se assegurar que haverá fraude, manipulação e tudo o mais que que possa viabilizar a vitória do presidente ditador, em que pesem as intenções de voto tenham a liderança de opositor a ele, mas tudo se resolve mesmo é na “democracia” socialista, onde o vencedor será aquele indicado pelos critérios da ditadura, como forma de privilegiar exclusivamente a classe dominante.
Como se vê a ditadura venezuelana deixa às claras as chagas das crises que abalam intensamente a administração do país, com destaque para a humanitária, que foi transformada em verdadeiro estado de "emergência", diante da escassez de 90% de remédios, evidenciando, por levantamento recente que crianças e muitos adultos estão morrendo de fome e desnutrição, sendo comum a população ir dormir com o estômago vazio, por não haver o que comer, exatamente diante da falta de alimentos e a situação somente se complica, em razão da falta de recursos para a importação de alimentos, remédios e gêneros de primeira necessidade, eis que o governo até já deixou de honrar o pagamento de suas dívidas, justamente por falta de recursos.
Causa estarrecimento se perceber presidente extremamente perverso, cruel, sanguinário, truculento, desumano, entre outros predicativos nefastos e deprimentes, ainda se candidatar à reeleição do país em indiscutível ruína, onde, em harmonia com as horrorosas ideologias do regime socialista, as estruturas e conjunturas da nação foram destruídas e destroçadas, levando seu povo ao martírio, à miséria, ao sofrimento, à dor, enfim, à morte, principalmente quem não tiver condições de fugir do país para não ser tragado pelas maldades das armadilhas traiçoeiras do regime totalitário.
O sistema socialista bolivariano tem como princípio a usurpação, entre outros, dos consagrados direitos humanos e dos conceitos de democracia, com a imposição de total perda das liberdades individuais, do patrimônio e, em especial, da dignidade do ser humano, por passar a não ter mais direito à sua identidade como pessoa dona da sua consciência, da sua autonomia, do seu patrimônio e até mesmo da própria vida, diante do horror representado pela total repressão à população.
Convém que os brasileiros tenham a necessária sensibilidade para perceberem o tamanho da maldade e da perversidade que a tirania venezuelana, calcada no famigerado regime socialista, vem causando ao seu povo que não pertence à classe dominante, porque esta certamente tem tratamento especial próprio do imperialismo, enquanto a população está sendo dizimada pela fome e por outras graves privações, por força da falta de alimentos e assistência médico-hospitalar, além da falta de remédios, em evidente demonstração de truculência e desprezo aos princípios humanitários. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 8 de maio de 2018

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