O
fanatismo, a idolatria, o culto, a peregrinação, a louvação, as invocações ao
seu nome, as crenças absolutas nas suas palavras são fortes indicativos de que
o maior político brasileiro já tenha sido conduzido por seus seguidores ao
altar consagrado aos deuses, tendo conseguido com isso a graça da imunidade
celestial de não puder ser atingido por suspeita, acusação ou denúncia
referente à prática de irregularidade, deslize, malfeito ou crime, estando
totalmente acima do bem e do mal, porque a sua áurea tem o condão de blindá-lo
e imunizá-lo contra as acusações e denúncias sobre possíveis malfeitos.
Para
quem foi colocado no pedestal da divindade, não faz o menor sentido para seus
idólatras as denúncias cuja autoria é atribuída a ele, porque seus seguidores
estão condicionados ao entendimento de que naquela condição é impossível que
ele possa incorrer em erros graves e muito menos se envolver com organização
criminosa, a ponto de ser acusado de ter se beneficiado de propina oriunda de
desvio de recursos públicos, como os provenientes ilegalmente da Petrobras.
Trata-se
de fiéis que, por obra e graça da divindade suprema, tornam-se cegos na
veneração de somente reconhecer no seu ídolo a imagem de ser inocente, diante do
sentimento da impossibilidade da prática de deslize, por menor que seja, ante a
sua imaculabilidade adquirido em razão de ser alguém protetor perpétuo dos pobres
e desassistidos, não importando que os programas de assistência social, na
forma de bolsas, sejam mantidos com recursos arrecadados dos contribuintes,
cuja política pública integra atividade própria do Estado, o que vale dizer que
a distribuição de renda faz parte da obrigação constitucional que nenhum
governo pode deixar de assistir às famílias carentes de recursos, sendo vedado
que essa forma de assistencialismo se transforme em projeto de cunho
eleitoreiro.
Diante
dos avanços tecnológico e científico, a falta de credibilidade sobre a verdade
contribui para a involução social, diante da resistência para se enxergar a
realidade à sua volta, além de se alimentar conscientemente os esdrúxulos
princípios da mentira e da inverdade, absolutamente repudiáveis.
O
todo-poderoso não faz por menos e aproveita o momento para se vangloriar do
título divinal de intocável e esse sentimento ele deixou muito claro quando o
expôs em diferenciação das pessoas normais, ao se autodefinir, no último discurso
feito horas da antecipação da sua ida para o calabouço, em Curitiba, apregoando
para seus fiéis que “eu não sou mais um
ser humano, sou uma ideia”, ou seja, nesse momento ele declara já ter se
incorporado em uma divindade, um ser que está acima dos pobres mortais.
Não
faz muito tempo, ele simplesmente disse que “as pessoas deveriam ler mais a bíblia para não usar tanto meu nome em
vão”, dando a entender que ele já encarnava a áurea divinal, para ser
venerado, em nome da santificação incorporada por ele, evidentemente admitida
por seus seguidores e idólatras, que tudo fazem para que ele pense exatamente dessa
forma.
No
auge das investigações, quando surgiu seu nome entre os suspeitos dos envolvidos
nas falcatruas engendradas em conluio com Odebrecht junto à Petrobras, ele
simplesmente cuidou de dizer essa memorável e divinal pérola, verbis: “não existe uma viva alma mais honesta do que eu”, expondo a
verdadeira mística do “Salvador da Pátria” em pessoa, sendo o suficiente para
dá o tom inicial que faltava para a intensificação do delírio sobre o real
sentido do endeusamento que vem se intensificando em cada ato público, entre
seus adoradores.
Como
consequência natural dessa ascensão de ser mortal ao Olimpo dos deuses é normal
que seus apóstolos procurem cultuar, em sagração, a marca indelével de seu
ídolo, com o acréscimo ao seu nome da menção do principal nome do venerado
político, passando a se chama fulano “Lula” de tal, como forma de cravar o amor
eterno ao seu deus, em mensagem de pura fé e adoração.
Isso
não passa da evidência de que o Partido dos Trabalhadores se apequena diante da
idolatria ao seu cacique-mor, que se transformou em figura idolatrada, com capacidade
para pôr de escanteio os programas, as bandeiras, o cerne da ideologia que era
essência da agremiação para ter no seu seio a figura política que foi elevada à
mística, à seita de maior importância para a militância, que não consegue
reverenciar senão a pessoa divinal de seu líder-maior.
Toda
essa magia da santidade incrustada no seu nome vem de seu indiscutível e
indisfarçável populismo político-ideológico, como forma pessoal de governar com
priorização às políticas públicas direcionadas aos segmentos sociais, que
realmente tiveram valorização no seu governo e isso precisa merecer o devido
destaque, em que pese sua gestão ter sido paupérrima em investimentos em obras
públicas de impacto, capazes de promover setores econômicos, conquanto ainda teve
a iniciativa de ter dado o pontapé às obras de transposição das águas do Rio
São Francisco, tão faraônicas que quanto mais se investe menos se tem esperança
da sua conclusão, da sua efetividade e ainda sobre os reais benefícios senão à
parcela limitadíssima de nordestinos, que vão continuar na amargura do
sofrimento causado pelas inclementes e impiedosas secas, em que pese os
montantes faraônicos de recursos já investidos.
Ademais,
o endeusamento contrasta com as denúncias de irregularidades possivelmente
atribuídas à sua liderança como governante, conquanto as falcatruas perpetradas
na Petrobras, segundo os procuradores públicos da Operação Lava-Jato, teriam
sido comandadas pelo principal líder político, que já foi condenado à prisão,
em razão da acusação de ter recebido, indevidamente, propinas na forma de um
apartamento, embora ele a negue veementemente.
Não
obstante, ele não conseguiu provar a sua inocência com relação aos fatos cuja
materialidade a Justiça garante que existe, com robusteza, nos autos próprios e
tanto isso pode ser verdadeiro que ele não atentou que ninguém pode ser julgado
e condenado sem prova e simplesmente permanecer quietinho aceitando o
veredicto, quando se sabe que a primeira, imediata e urgente medida e procurar
contestar a sentença e tentar anular o processo, justamente por falta de
provas, mas isso não foi feito e o principal interessado se encontra preso,
confirmando, quer queira ou não, o acerto das decisões proferidas pelos magistrados,
que conseguiram enxergar, com lucidez, a culpa do político mais santo do Brasil.
É
preciso que os fanatizados politicamente percebam que existe enorme
distanciamento entre o homem público populista, que governa com o pensamento direcionado
para o interesse da pobreza, embora em muitos casos tal iniciativa não passa de
formação de conduta voltada para fins muito mais pessoais e eleitoreiros do que
propriamente com vistas à execução de políticas públicas, eis que os programas
governamentais são custeados exclusivamente com recursos públicos.
O
governante responsável e consciente deve ter o real entendimento político de
que a sua gestão precisa ser eficiente, em todos os sentidos, porque ela apenas
se insere no exato cumprimento do seu dever de exercer com responsabilidade e
competência o cargo para o qual foi eleito, da melhor maneira possível, e que
seus resultados não podem corresponder senão ao atendimento do bem comum e do
interesse público, sem qualquer forma de recompensa por parte da população, que
apenas foi representada por quem priorizou determinada política pública em
benefício social.
Por
sua vez, a população precisa se conscientizar de que o homem público tem o
dever constitucional de prestar contas à sociedade sobre seus atos na vida
pública, principalmente quando ele é acusado ou denunciado acerca de possíveis
práticas delituosas, quando então tem a obrigação de provar, pessoalmente e por
meio de elementos probantes, a sua inocência, a sua inculpabilidade com relação
aos fatos apontados, e jamais tentar transferir para o povo a atribuição ou a
responsabilidade da sua defesa, como vem sendo feito pelo principal político do
país, que não se cansa de dizer que é inocente e injustiçado, quando se sabe
que a Justiça do país tem os remédios jurídicos para não se permitir que alguém
seja impunemente prejudicado nos seus direitos cívicos, em razão de condenação
sem provas, por meios ilícitos.
Não
passa de brutal balela alguém reclamar de injustiça, de ter sido condenado sem
provas, quando a Justiça tem o antídoto para isso, salvo se a condenação tem
por base elementos de provas como tal que a própria Justiça reconhece como
suficientemente capaz de se confirmar a materialidade da autoria dos crimes
denunciados, caso em que a invocação de divindade somente complica o deslinde
da demanda, porque os julgamentos são realizados com base em provas
juridicamente válidas e não em meras afirmações de inocência ou inculpabilidade.
Por
seu turno, o político e seus seguidores precisam entender que o papel da imprensa
é o de cumprir o seu inarredável dever de informar os fatos, em estrita consonância
com os importantes princípios de liberdade de expressão, em país como o Brasil,
onde felizmente prevalecem os consagrados sentimentos próprios do Estado Democrático
de Direito, extremamente prestigiados nos países civilizados, sérios e
evoluídos, em termos políticos e democráticos.
Embora
seja alvo de ásperas críticas por parte de quem tenha se envolvido em denúncias
de irregularidades, a força-tarefa da Operação Lava-Jato se encontra no alto da
sua respeitabilidade, no âmbito das pessoas honradas, em razão de ter cumprido
com competência e pleno êxito o seu dever institucional de apurar e investigar casos
nebulosos envolvendo político da maior importância do país, cujos resultados
contribuíram para a condenação à prisão de quem não conseguiu contestar os
fatos por ela apontados e comprovados, deixando muito evidente a força dos elementos
probatórios, base sólida das sentenças condenatórias nas primeira e segunda
instâncias.
Há
que se convir que os atos de solidariedade protagonizados por seguidores fanatizados
não passam de atitudes absolutamente ineptas e inconsequentes, na tentativa de mera
pressão pela liberdade do político, tendo em conta que a Justiça julga com base
nos elementos e nas provas, consistindo em contestações sobre os fatos
investigados e juntados aos autos, ressalvada a declaração dele de que o apoio
da militância serve de alimento para ajudar na tranquilidade mantida por ele,
no cárcere.
Essa
história de se incutir na cabeça dos idólatras de que houve julgamento sem provas,
em processo forjado de injustiças, com o propósito de se impedir a candidatura
do principal político do país ao seu cargo máximo, não tem o menor cabimento senão
por absoluta conveniência pessoal e ideológica, conquanto é sabido que inexiste
julgamento sem provas, pelo menos sob à luz da racionalidade e do bom senso.
É
preciso ficar muito claro que, mesmo em país mais involuído, nenhum julgamento
será proclamado sem a devida observância às provas dos autos, porque, ao contrário
disso, haverá necessariamente consequência sancionatória para o juiz, em face
da prática do crime de prevaricação, cuja punição vai variar diante da
intensidade e da gravidade da sua falha, que pode corresponder desde a advertência
até o afastamento dele de suas funções, como forma de se mostrar que o
magistrado não fica impune depois de ter contribuído para prejudicar a reputação
da dignidade da cidadania.
Convém
que o principal político brasileiro da atualidade tenha a humildade de deixar
de lado, por algum tempo, a sua imaginação de divindade, como tal compreendida
por seus idólatras, conforme mostram os atos de sublime devoção, para
compreender sobre a real necessidade da prestação de contas sobre seus ato na
vida pública, de modo que sejam aceitas as denúncias em tramitação na Justiça,
de modo que cada fato acusado seja devidamente contestado com argumentos e
provas capazes de infirmá-lo, em harmonia com o mandamento constitucional e
legal, que assegura a ampla defesa e o contraditório, nos estritos termos compreendidos
nos princípios de civilidade e seriedade, na melhor compreensão de que a
Justiça, no âmbito da sua incumbência institucional, jamais compactuaria com
forma senão da justiça e da dignidade dos conceitos consagrados do julgamento
com imparcialidade e juridicidade, como se procede nos países sérios,
civilizados e evoluídos, em termos jurídicos, administrativos e democráticos,
compreensão essa que a sociedade precisa avalizar, como forma de se contribuir
para o aprimoramento das relações sociais. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 6 de maio de 2018
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