Durante
a celebração da Eucaristia, na Catedral Santuário Nossa Senhora
Aparecida, um clérigo
pediu, certamente para satisfazer parte da plateia composta por manifestante
defensores do petista, que estavam vestidos com camisas vermelhas da CUT e
enrolados em bandeiras do PT, que “Nossa Senhora Aparecida abençoe (o petista) e lhe dê muitas forças para que
se faça a verdadeira justiça, para que o quanto antes ele possa estar
entre nós, construindo com o nosso povo um projeto de país que semeie a
justiça e a fraternidade".
De
imediato, esse episódio teve grande repercussão negativa, formada nas redes
sociais, o que forçou o arrependimento do religioso, que decidiu se manifestar,
por meio de "nota de reparação",
vazada nos seguintes termos: "Manifesto meu
pesar e peço perdão a todos que se sentiram ofendidos pela maneira como conduzi
a celebração da missa das 14h".
Ele
disse que a igreja não é lugar de tomar "posição político-partidária, que é contrária ao Evangelho", afirma
o texto, que começa pedindo "perdão pela dor que geramos à Mãe
Igreja, aos fiéis e às pessoas de boa vontade".
O
padre percebeu que havia um mundo de críticas na internet caindo na sua cabeça,
como a que sugeriu a sua “excomunhão",
que seria "o melhor que a igreja
pode fazer para se livrar dessa mácula comunista".
Outro
internauta lembrou que um então bispo-auxiliar de Aparecida "criticou Lula no Santuário e foi imediatamente transferido para
Diamantina (MG)", em 2016.
O
referido bispo-auxiliar teria se manifestado da seguinte forma: "Peça, meu irmão e minha irmã, a graça de
pisar a cabeça da serpente, de todas as víboras que insistem e persistem em
nossa vida, daqueles que se autodenominam jararacas. Pisar a cabeça da
serpente. Vencer o mal pelo bem, por Cristo nosso Senhor".
O
bispo fez esse sermão após o petista ter insinuado perante militantes e
jornalistas que a Lava Jato havia falhado em destruir sua reputação,
quando foi conduzido à Política Federal, de forma coercitiva, que é o mesmo de
privação de liberdade, sendo, que, na ocasião, ele disse que "Se tentaram matar a jararaca, não bateram na
cabeça, bateram no rabo. A jararaca tá viva, como sempre esteve.".
Um
internauta indagou o seguinte: "O
que será feito com o padre João Batista de Almeida, que rezou pela libertação
do corrupto no último domingo? NADA!".
À
Folha, o ativista católico que vem
enervando a cúpula da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), por ele
ser acusado de ser "esquerdizado",
afirmou que o Santuário fez "exatamente
o que disse que não faria, não tô vendo comunista debaixo da cama, não",
em referência à nota que o templo divulgou, no começo do mês, após a presidente
do PT ter convocado romaria "por LulaLivre e
pela paz democrática". justamente para o dia em que o mencionado padre
acabara dando seu sermão com apelo simpático e favorável ao
ex-presidente.
O
comunicado daquela semana dizia que o templo é "uma casa que se coloca contra toda
e qualquer utilização do seu espaço para fins políticos ou ideológicos".
Não
há a menor dúvida de quem frequenta a igreja imagina que vai lá pra assistir à
Santa Missa ou buscar a harmonia espiritual, em estreita comunhão com Deus e os
santos da sua devoção, sem jamais pensar que teria o surpreendente contato com
sermão político propugnando pela liberdade de político condenado à prisão, que
se encontra encarcerado, justamente pela prática de atos contrários aos
princípios cristãos.
Na
verdade, a única ideologia que pode ser disseminação no âmbito daquele templo sagrado
tem a marca indelével e impregnada do cristianismo, que deve ter por princípio a
exclusiva pregação do evangelho do mestre Jesus Cristo, que foi absolutamente
apolítico e o maior humanista a ter mostrado o verdadeiro amor às causas do ser
humano, sem tomar partido por qualquer ideologia senão a de fazer o bem ao seu
semelhante.
É
bastante estranho que legião de comunistas se reúna em templo católico para implorar
que Nossa Senhora Aparecida dê forças para a liberdade de líder político e
ainda por que seja feita justiça, dando a entender que ele é injustiçado, que não
cometeu crime algum e seja realmente o inocente que apregoa, de forma
reiterada, embora não tivesse tido conseguido demover as provas sobre a
materialidade da autoria dos crimes pelos quais tenho sido condenado por mais
de doze anos de prisão.
É
inaceitável que padres, no âmbito da sua missão religiosa, possam tomar
qualquer forma de partido nem mesmo professar posição política durante o ofício
da Santa Missa, embora ele seja livre e desimpedido para se manifestar fora
dela sobre o que bem entender, inclusive sobre política, mas jamais dentro da
igreja, que tem como princípio apenas a doutrinação católica e a evangelização
cristã.
Urge
rogar a Deus que fortaleça a vocação espiritual-cristã dos padres, para que eles
percebam, com muita clareza e as devidas graças divinas, que as atividades evangélicas
e religiosas têm como exclusivo propósito a disseminação e a pregação dos
ensinamentos dos princípios inspirados nas lições de Jesus Cristo, de amor ao
próximo e em benefício da humanidade, no seu conjunto, jamais podendo ser
confundidas com outras práticas, muito menos político-partidárias, em causa
pessoal e ideológica, porque elas são distintas e inconfundíveis. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 31 de maio de 2018
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