Diante
da prisão do maior político brasileiro, com ele fora do cenário político, as
principais lideranças do seu partido começaram a se digladiar, expondo, cada
qual, suas ideias sobre o futuro da agremiação, em debate em busca do que fazer
nas próximas eleições, uma vez que é absolutamente indefinida a situação de seu
cacique-mor.
A
discussão foi deflagrada com a bombástica declaração de um ex-governador da
Bahia, acerca da possibilidade de o PT dar apoio ao candidato do PDT, por ele
considerar que o todo-poderoso condenado em segunda instância, deve ser mesmo
impedido pela Justiça Eleitoral de se candidatar.
Ele
teve a coragem de peitar a cúpula do partido, para dizer que “Pode (apoiar o candidato do PDT). Sempre defendi que, após 16 anos, estava na
hora de ceder a precedência. Sempre achei isso”.
O
referido comentário foi contestado imediatamente, por figuras proeminentes do
partido, como o deputado federal líder do PT na Câmara dos Deputado, o
candidato do partido ao governo de São Paulo e a senadora presidente do PT, que
teria dito, em tom de ironia, segundo o jornal a Folha de S.Paulo: “Mas ele
não sabe que o Ciro não passa no PT nem com reza brava?”.
O
atual governador da Bahia ainda tentou apaziguar os ânimos, ao afirmar que somente
o político preso pode decidir o que fazer, como que desprezando a condição da
presidente do partido, ao afirmar: “Acho
que nenhum de nós, nem governador nem presidente do PT tem, nesse momento,
legitimidade nem autoridade para discutir qualquer alternativa”.
No
meio do torvelinho que se envolveu o partido, o candidato do PDT se expressou
para tentar sentar a poeira, dizendo que “É
preciso esperar o tempo do PT”.
Ao
que se percebe, a estratégia central do partido é não arredar do discurso de
que o político preso é alvo de processo meramente político e que, diante disso,
há possibilidade de ele ser candidato.
A
verdade é que ele poderá ser inscrito no pleito, mas também é certo que a
Justiça Eleitoral vai interromper seus planos de candidato, com base na Lei da
Ficha Limpa, lá pelo meado de setembro, respeitados os prazos legais da
eleição, pouco antes do primeiro turno, e isso é exatamente o “tempo do PT”.
O
partido alimenta a esperança da candidatura do político preso, por questão da
fidelidade a ele e ainda pela cresça de que ele é o principal cabo eleitoral de
seus candidatos, principalmente os que disputam os cargos de deputados
estaduais e federais.
Os
petistas acreditam que, quanto mais tempo eles puderem atrelar suas candidaturas
à de seu líder, maior a chance de sucesso no pleito, porquanto ser candidato ao
lado de outros candidatos teria peso quase insignificante e, a depender da
situação, poderia ser até prejudicial.
Muitos
petistas entendem que o abandono do principal político poderia evidenciar
desprezo ao líder e retirar do partido seu principal trunfo junto ao
eleitorado.
O
governador do Maranhão afirmou que a estratégia de apostar no poder agregador
do político preso até o limite dos prazos legais é “derrotista” e compromete todo o campo progressista, tendo defendido
que o PT decida logo abrir mão da candidatura própria e apoiar o candidato do
PDT.
O
aludido governador disse que “O ponto de
interrogação que está dirigido sobretudo ao PT é se nós queremos uma eleição
apenas de resistência, de marcar posição, eleger deputados, ou ganhar a eleição
presidencial. Temos chance de ganhar a eleição porque o pós-impeachment deu
errado”.
Ele
disse ainda que esperar até às vésperas da eleição pode inviabilizar apoios a
uma candidatura liderada pelo campo progressista e que “Se não oferecermos uma alternativa viável, você pode perder a
capacidade de atrair outros setores do centro que se guiam também pela
viabilidade”.
A
realidade mostra, às claras, que nenhum partido tem projeto ou programa
estruturado para a nação, mas todos possuem planos para a conquista do poder,
com as estratégias próprias para o fortalecimento de suas bancadas e, o mais
grave, ainda contando com a influência de quem se encontra preso, que é, por
certo, a pior condição para se atingir o poder, porque dificilmente santo é
condenado à prisão, mas seus fiéis acreditam no seu poder, quando estes
deveriam ter a consciência de que a principal condição para ser representante
do povo e ter a dignidade para acreditar apenas na sua capacidade de trabalho
em defesa do interesse público, mas, infelizmente, os brasileiros certamente merecem
os políticos que elegem, porque todos fazem parte desse círculo sem caráter e sem responsabilidade cívica.
Na
forma como as lideranças procuram analisar a situação política do líder-mor,
que em outros países não passaria de simples preso, que precisa se acertar com
a Justiça, porque a condenação à prisão se refere à pessoa dele e não ao
partido, não há a menor dúvida de que, na atualidade, o PT não é mais partido
político, mas sim verdadeira seita, onde reina o “deus” vivo de carne e osso,
com direito ao fervor e à adoração de seus idólatras, que cumprem
religiosamente os dogmas por ele institucionalizados.
É
extremamente lamentável a preocupação dos políticos de ideologia progressista,
em se agarrar ao prestígio de político que se encontra preso, naturalmente por
ter se envolvido em algo indevido, porque a Justiça dificilmente condena quem
tenha agido com correção, dando a entender que a influência dele tem o condão
de ajudar alguém a se eleger, quando o próprio candidato a deputado federal ou
estadual devia ter a dignidade, não importando qual partido, de mostrar ao
eleitor a sua capacidade, a sua competência para representar o povo no
parlamento.
Causa
enorme estarrecimento as extremas pobreza e fragilidade demonstradas por homens
públicos que esperam e acreditam que poder político de quem se encontra preso,
cumprindo pena pela prática de crimes contra a dignidade política, conforme os
supracitados relatos dos progressistas,
O
certo é que, nos países sérios, civilizados e evoluídos, em termos políticos e
democráticos, ou até mesmo nas republiquetas, os homens públicos condenados à
prisão são considerados como tal indignos de quaisquer cogitações para o
exercício de cargos públicos eletivos, diante do caráter de extrema fidelidade
aos princípios republicano e democrático, que são incompatíveis com a quebra dos
conceitos de idoneidade e conduta ilibada, na compreensão de que os políticos
têm o dever moral de representar o povo em condições absolutamente imaculadas, observados
os princípios da liberdade e da individualidade de pensamento e com caras e
almas limpas.
O
político presidiário já mostrou, na última eleição para prefeito, que ele não tem
poder nem carisma coisa nenhum, quando seu partido foi verdadeiro fiasco de
votos, tendo perdido mais de dois terços das prefeituras, em clara demonstração
de que o povo com melhor grau de informação e consciência políticas já percebeu
que o Brasil não pode ficar nas mãos de homens públicos que defendem as
políticas de distribuição de renda não somente para o bem da população, mas com
o pensamento direcionado para a conquista do poder e a absoluta dominação das
classes política e social e isso já ficou bastante patente nos governos tidos
progressistas.
Aliás,
é muito importante que os brasileiros se conscientizem sobre o fato de que os governos
progressistas somente se interessam na priorização das políticas sociais, que
são extremamente importantes, mas os governos de verdade, com a
responsabilidade cívica e patriótica, precisam ter preocupação com as políticas
prioritárias de Estado, principalmente com a modernização das estrutura e
conjuntura do país, no sentido de cuidar da eficiência dos princípios
administrativos.
Os
governos responsáveis precisam pôr em destaque os ajustes da economia, demandando
atenção e cuidados para rigoroso controle das contas públicas, não permitindo
os famosos rombos e déficits acontecidos no governo que foi defenestrado do
cargo, justamente por ter promovido a maior farra nas contas públicas, cujo
rombo de milhões de reais foi contabilizado nas contas dos contribuintes, que
receberam a obrigação de assumir e quitar dívidas praticamente impagáveis.
É
preciso que os brasileiros tenham responsabilidade cívica o suficiente para
entender que os homens públicos que foram capazes de quase quebrar as
estruturas econômico-financeiras da empresa do porte da Petrobras, na forma
mais vil que se poderia imaginar, por meio de ardilosos esquemas engendrados em
organizações criminosas extremamente qualificadas e especializadas, conforme
revelados pelas investigações pertinentes, jamais podem merecer a confiança da
população, diante da dúvida quanto ao destino do patrimônio público, que já foi
dilapidado sem a menor piedade, à vista do desvio fabuloso de bilhões de reais
dos cofres da estatal.
Os
brasileiros têm o dever patriótico de condenar, em definitivo, os homens
públicos que não tiveram o menor zelo nem senso de responsabilidade com o
patrimônio público e ainda tentam passar a imagem de inocência, perseguição e
vitimização, quando a Justiça, em estrita observância aos princípios jurídicos,
constitucionais e legais, vem condenando seus atos enquadrados como crimes de
corrupção e lavagem de dinheiro, com base nas provas constantes dos autos,
depois de devidamente apuradas mediante investigações competentes e
inquestionáveis, não deixando a menor dúvida de que a materialidade comprova a
autoria dos fatos denunciados à Justiça.
Convém
que os brasileiros acreditem realmente nos homens públicos progressistas que
tenham a dignidade de mostram o seu histórico absolutamente imaculado, sem
qualquer mancha no seu passado político e tenham por ideologia não somente a
distribuição de renda, mas sim o progresso integrado da nação, tendo como
princípio a defesa do desenvolvimento de todos os segmentos das políticas
públicas, com destaque para a reformulação das estrutura e conjuntura do país,
de modo que a modernidade tenha por fundamento a necessidade das políticas
desenvolvidas com foco nos investimentos em obras públicas e no fomento à
industrialização em todas as regiões do Brasil, a fim de propiciar emprego em
todos os rincões do país, sem desprezo às ações assistenciais, que precisam ser
cuidadas, mas em concomitância com as atenções às políticas macroeconômicas. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 21 de maio de 2018
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