segunda-feira, 21 de maio de 2018

O sentido do verdadeiro progressismo


Diante da prisão do maior político brasileiro, com ele fora do cenário político, as principais lideranças do seu partido começaram a se digladiar, expondo, cada qual, suas ideias sobre o futuro da agremiação, em debate em busca do que fazer nas próximas eleições, uma vez que é absolutamente indefinida a situação de seu cacique-mor.
A discussão foi deflagrada com a bombástica declaração de um ex-governador da Bahia, acerca da possibilidade de o PT dar apoio ao candidato do PDT, por ele considerar que o todo-poderoso condenado em segunda instância, deve ser mesmo impedido pela Justiça Eleitoral de se candidatar.
Ele teve a coragem de peitar a cúpula do partido, para dizer que “Pode (apoiar o candidato do PDT). Sempre defendi que, após 16 anos, estava na hora de ceder a precedência. Sempre achei isso”.
O referido comentário foi contestado imediatamente, por figuras proeminentes do partido, como o deputado federal líder do PT na Câmara dos Deputado, o candidato do partido ao governo de São Paulo e a senadora presidente do PT, que teria dito, em tom de ironia, segundo o jornal a Folha de S.Paulo: “Mas ele não sabe que o Ciro não passa no PT nem com reza brava?”.
O atual governador da Bahia ainda tentou apaziguar os ânimos, ao afirmar que somente o político preso pode decidir o que fazer, como que desprezando a condição da presidente do partido, ao afirmar: “Acho que nenhum de nós, nem governador nem presidente do PT tem, nesse momento, legitimidade nem autoridade para discutir qualquer alternativa”.
No meio do torvelinho que se envolveu o partido, o candidato do PDT se expressou para tentar sentar a poeira, dizendo que “É preciso esperar o tempo do PT”.
Ao que se percebe, a estratégia central do partido é não arredar do discurso de que o político preso é alvo de processo meramente político e que, diante disso, há possibilidade de ele ser candidato.
A verdade é que ele poderá ser inscrito no pleito, mas também é certo que a Justiça Eleitoral vai interromper seus planos de candidato, com base na Lei da Ficha Limpa, lá pelo meado de setembro, respeitados os prazos legais da eleição, pouco antes do primeiro turno, e isso é exatamente o “tempo do PT”.
O partido alimenta a esperança da candidatura do político preso, por questão da fidelidade a ele e ainda pela cresça de que ele é o principal cabo eleitoral de seus candidatos, principalmente os que disputam os cargos de deputados estaduais e federais.
Os petistas acreditam que, quanto mais tempo eles puderem atrelar suas candidaturas à de seu líder, maior a chance de sucesso no pleito, porquanto ser candidato ao lado de outros candidatos teria peso quase insignificante e, a depender da situação, poderia ser até prejudicial.
Muitos petistas entendem que o abandono do principal político poderia evidenciar desprezo ao líder e retirar do partido seu principal trunfo junto ao eleitorado.
O governador do Maranhão afirmou que a estratégia de apostar no poder agregador do político preso até o limite dos prazos legais é “derrotista” e compromete todo o campo progressista, tendo defendido que o PT decida logo abrir mão da candidatura própria e apoiar o candidato do PDT.
O aludido governador disse que “O ponto de interrogação que está dirigido sobretudo ao PT é se nós queremos uma eleição apenas de resistência, de marcar posição, eleger deputados, ou ganhar a eleição presidencial. Temos chance de ganhar a eleição porque o pós-impeachment deu errado”.
Ele disse ainda que esperar até às vésperas da eleição pode inviabilizar apoios a uma candidatura liderada pelo campo progressista e que “Se não oferecermos uma alternativa viável, você pode perder a capacidade de atrair outros setores do centro que se guiam também pela viabilidade”.
A realidade mostra, às claras, que nenhum partido tem projeto ou programa estruturado para a nação, mas todos possuem planos para a conquista do poder, com as estratégias próprias para o fortalecimento de suas bancadas e, o mais grave, ainda contando com a influência de quem se encontra preso, que é, por certo, a pior condição para se atingir o poder, porque dificilmente santo é condenado à prisão, mas seus fiéis acreditam no seu poder, quando estes deveriam ter a consciência de que a principal condição para ser representante do povo e ter a dignidade para acreditar apenas na sua capacidade de trabalho em defesa do interesse público, mas, infelizmente, os brasileiros certamente merecem os políticos que elegem, porque todos fazem parte desse círculo sem  caráter e sem responsabilidade cívica.
Na forma como as lideranças procuram analisar a situação política do líder-mor, que em outros países não passaria de simples preso, que precisa se acertar com a Justiça, porque a condenação à prisão se refere à pessoa dele e não ao partido, não há a menor dúvida de que, na atualidade, o PT não é mais partido político, mas sim verdadeira seita, onde reina o “deus” vivo de carne e osso, com direito ao fervor e à adoração de seus idólatras, que cumprem religiosamente os dogmas por ele institucionalizados.
É extremamente lamentável a preocupação dos políticos de ideologia progressista, em se agarrar ao prestígio de político que se encontra preso, naturalmente por ter se envolvido em algo indevido, porque a Justiça dificilmente condena quem tenha agido com correção, dando a entender que a influência dele tem o condão de ajudar alguém a se eleger, quando o próprio candidato a deputado federal ou estadual devia ter a dignidade, não importando qual partido, de mostrar ao eleitor a sua capacidade, a sua competência para representar o povo no parlamento.
Causa enorme estarrecimento as extremas pobreza e fragilidade demonstradas por homens públicos que esperam e acreditam que poder político de quem se encontra preso, cumprindo pena pela prática de crimes contra a dignidade política, conforme os supracitados relatos dos progressistas,
O certo é que, nos países sérios, civilizados e evoluídos, em termos políticos e democráticos, ou até mesmo nas republiquetas, os homens públicos condenados à prisão são considerados como tal indignos de quaisquer cogitações para o exercício de cargos públicos eletivos, diante do caráter de extrema fidelidade aos princípios republicano e democrático, que são incompatíveis com a quebra dos conceitos de idoneidade e conduta ilibada, na compreensão de que os políticos têm o dever moral de representar o povo em condições absolutamente imaculadas, observados os princípios da liberdade e da individualidade de pensamento e com caras e almas limpas.
O político presidiário já mostrou, na última eleição para prefeito, que ele não tem poder nem carisma coisa nenhum, quando seu partido foi verdadeiro fiasco de votos, tendo perdido mais de dois terços das prefeituras, em clara demonstração de que o povo com melhor grau de informação e consciência políticas já percebeu que o Brasil não pode ficar nas mãos de homens públicos que defendem as políticas de distribuição de renda não somente para o bem da população, mas com o pensamento direcionado para a conquista do poder e a absoluta dominação das classes política e social e isso já ficou bastante patente nos governos tidos progressistas.
Aliás, é muito importante que os brasileiros se conscientizem sobre o fato de que os governos progressistas somente se interessam na priorização das políticas sociais, que são extremamente importantes, mas os governos de verdade, com a responsabilidade cívica e patriótica, precisam ter preocupação com as políticas prioritárias de Estado, principalmente com a modernização das estrutura e conjuntura do país, no sentido de cuidar da eficiência dos princípios administrativos.
Os governos responsáveis precisam pôr em destaque os ajustes da economia, demandando atenção e cuidados para rigoroso controle das contas públicas, não permitindo os famosos rombos e déficits acontecidos no governo que foi defenestrado do cargo, justamente por ter promovido a maior farra nas contas públicas, cujo rombo de milhões de reais foi contabilizado nas contas dos contribuintes, que receberam a obrigação de assumir e quitar dívidas praticamente impagáveis.  
É preciso que os brasileiros tenham responsabilidade cívica o suficiente para entender que os homens públicos que foram capazes de quase quebrar as estruturas econômico-financeiras da empresa do porte da Petrobras, na forma mais vil que se poderia imaginar, por meio de ardilosos esquemas engendrados em organizações criminosas extremamente qualificadas e especializadas, conforme revelados pelas investigações pertinentes, jamais podem merecer a confiança da população, diante da dúvida quanto ao destino do patrimônio público, que já foi dilapidado sem a menor piedade, à vista do desvio fabuloso de bilhões de reais dos cofres da estatal.
Os brasileiros têm o dever patriótico de condenar, em definitivo, os homens públicos que não tiveram o menor zelo nem senso de responsabilidade com o patrimônio público e ainda tentam passar a imagem de inocência, perseguição e vitimização, quando a Justiça, em estrita observância aos princípios jurídicos, constitucionais e legais, vem condenando seus atos enquadrados como crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, com base nas provas constantes dos autos, depois de devidamente apuradas mediante investigações competentes e inquestionáveis, não deixando a menor dúvida de que a materialidade comprova a autoria dos fatos denunciados à Justiça.
Convém que os brasileiros acreditem realmente nos homens públicos progressistas que tenham a dignidade de mostram o seu histórico absolutamente imaculado, sem qualquer mancha no seu passado político e tenham por ideologia não somente a distribuição de renda, mas sim o progresso integrado da nação, tendo como princípio a defesa do desenvolvimento de todos os segmentos das políticas públicas, com destaque para a reformulação das estrutura e conjuntura do país, de modo que a modernidade tenha por fundamento a necessidade das políticas desenvolvidas com foco nos investimentos em obras públicas e no fomento à industrialização em todas as regiões do Brasil, a fim de propiciar emprego em todos os rincões do país, sem desprezo às ações assistenciais, que precisam ser cuidadas, mas em concomitância com as atenções às políticas macroeconômicas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 21 de maio de 2018

Nenhum comentário:

Postar um comentário