O ex-presidente da República petista mandou
novo recado à militância que se encontra em vigília na proximidade da Superintendência
da Polícia Federal, em Curitiba, Paraná, tendo dito que está tranquilo e sereno,
mas frisou que "Não sei se os
acusadores dormem com a consciência tranquila que eu durmo".
O
recado foi lido pelo Levante Popular da Juventude na vigília Lula Livre, em
frente àquela superintendência, onde o político se encontra preso desde o dia 7
do mês passado.
O político fez questão de ressaltar, certamente em tom de prepotência e onipotência,
que "Amanhã completam-se 30 dias que
estou aqui aguardando que o Moro e o TRF-4 digam qual crime eu cometi".
No
recado, repassado por seus advogados, o petista afirmou que é vítima de um
conluio entre a imprensa e a força-tarefa da Lava Jato, "que não sabem como sair da emboscada que se
meteram com tantas mentiras".
O
político também disse que tem acompanhado os atos de solidariedade que a
militância faz de manhã e de noite, quando, todos os dias, os manifestantes se
reúnem para dar bom dia e boa noite ao ex-presidente.
Ele
disse que "Não há nada no mundo que
possa pagar o carinho que vocês têm demonstrado todo dia (...) A minha tranquilidade é porque eu tenho
vocês.". Com informações da Folhapress.
Como
o político se recusa a aceitar o resultado das investigações coligidas pela
força-tarefa da Operação Lava-Jato, dando conta da robusteza das provas
comprovando a materialidade dos crimes cuja autoria é atribuída a ele, é muito
bem provável que ele vai cumprir a pena que lhe foi aplicada e jamais será
ouvido dos juízes da Lava-Jato de Curitiba e Porto Alegre os crimes por ele
cometidos, tendo em vista que, nas sentenças, já estão discriminados, com a
devida minudência e nos mínimos detalhes, os motivos pelos quais os julgadores
tiveram a serenidade para a aplicação da pena de doze anos e um mês de prisão,
pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, justamente tendo por
suporte a comprovação dos fatos denunciados à Justiça.
Agora,
o político tem todo direito de continuar pensando que foi injustiçado e tem
sido alvo de vitimização, porque isso satisfaz seus objetivos políticos de
negar o quanto for possível a sua participação delituosa, para se passar exatamente
como pessoa perseguida e impedida de se candidatar ao cargo máximo do país,
talvez pelo simples fato de não haver provas sobre o registro do imóvel em
questão em seu nome, como se isso fosse o principal motivo de se descartar a
vinculação dele com o apartamento, uma vez que a lavagem de dinheiro, um dos
crimes a ele imputado, repugna exatamente a titularidade dos bens envolvidos
como sendo pertencente ao acusado, fato que se pode caracterizar como crime de
ocultação de patrimônio, muito usual por quem evita a transparência de seus
atos perante a Justiça e a sociedade.
Certamente
que não somente os acusadores, mas também os investigadores e os julgadores
estão com a consciência plenamente sossegada e recompensada de terem conseguido
comprovar as suspeitas de atos irregulares, cuja autoria é atribuída ao
principal político brasileiro, na forma da materialidade das provas constantes
dos autos, as quais serviram de base para as sentenças prolatadas pelos juízes
das primeira e segunda instâncias, sendo que elas mostram o liame entre os fatos
referentes às denúncias e os crimes praticados pelo político, que se recusa a aceitá-los,
diante da dificuldade de enxergar a realidade dos acontecimentos, fartamente
comprovados, a exemplo dos contatos devidamente registrados entre a sua
ex-esposa e pessoas responsáveis pela reforma do tríplex, como no caso dos
armários da cozinha, onde os registros fazem menção a pedidos dela, a
fotografia dele no apartamento, a declaração de que o imóvel foi destinado a
ele, entre outras fortes evidências que o ligam ao imóvel.
O
político precisa se conscientizar de que a imprensa apenas cumpre seu
importante papel de informar os fatos, em estrita harmonia com os princípios de
liberdade de expressão, em país onde prevalecem e imperam os sentimentos
saudáveis próprios do Estado Democrático de Direito, enquanto a força-tarefa se
encontra no alto da sua respeitabilidade, depois de ter cumprido com
competência e pleno êxito o seu dever institucional de apurar e investigar
fatos nebulosos envolvendo político da maior relevância do país, cujos
resultados levaram à sua condenação à prisão, deixando muito evidente que a
emboscada foi constatada exatamente por parte de quem acusa da prática dessa leviandade.
Na
verdade, os atos de solidariedade protagonizados por militantes não passam de
atitude absolutamente inócua e sem a menor consequência, por apenas privar a
militância de cuidar de seus afazeres, se é que ela tem alguma coisa para se
ocupar senão ficar dando, de forma reiterada e inútil, bom dia e boa noite ao
político preso, que, por sua vez, declara se satisfazer do alimento vindo da
idolatria da horda de fanáticos, que também fazem questão de ignorar os
elementos probatórios constantes dos autos referentes ao apartamento, certamente
por absoluta conveniência pessoal e ideológica, conquanto é sabido que inexiste
julgamento sem provas, pelo menos sob à luz da racionalidade e do bom senso.
É
preciso se ater ao fato de que, mesmo no pior dos mundos, qualquer julgamento
sem provas implica necessariamente condenação ao juiz, pela prática do crime de
prevaricação, cuja sanção vai variar na conformidade da gravidade da sua falha,
que pode ocorrer desde a advertência até o afastamento dele de suas funções,
como forma de responsabilização pela desídia no cumprimento do dever funcional.
Enquanto
não houver a aceitação sobre a realidade constante dos autos de que trata o
julgamento referente ao caso do tríplex, em que, sob o prisma da racionalidade,
seria absolutamente impossível haver condenação sem a presença das provas materializadas
no processo, que, por mera conveniência política, são desprezadas tanto pelo
principal denunciado como por seus fiéis seguidores, em evidente demonstração
de cega resistência à realidade sobre os fatos, para o fim dos recursos pertinentes,
nas vias judiciais apropriadas, a questão em apreço, por certo, não há de se
definir no grito e muito menos com base em agressão e acusação, conquanto os
fatos precisam ser discutidos à luz da civilidade e da racionalidade, com
vistas a se encontrar a verdade real, que certamente existe e precisa ser
mostrada à saciedade. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 5 de maio de 2018
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