sábado, 5 de maio de 2018

À luz da civilidade e da racionalidade


O ex-presidente da República petista mandou novo recado à militância que se encontra em vigília na proximidade da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, Paraná, tendo dito que está tranquilo e sereno, mas frisou que "Não sei se os acusadores dormem com a consciência tranquila que eu durmo".
O recado foi lido pelo Levante Popular da Juventude na vigília Lula Livre, em frente àquela superintendência, onde o político se encontra preso desde o dia 7 do mês passado.
O político fez questão de ressaltar, certamente em tom de prepotência e onipotência, que "Amanhã completam-se 30 dias que estou aqui aguardando que o Moro e o TRF-4 digam qual crime eu cometi".  
No recado, repassado por seus advogados, o petista afirmou que é vítima de um conluio entre a imprensa e a força-tarefa da Lava Jato, "que não sabem como sair da emboscada que se meteram com tantas mentiras".
O político também disse que tem acompanhado os atos de solidariedade que a militância faz de manhã e de noite, quando, todos os dias, os manifestantes se reúnem para dar bom dia e boa noite ao ex-presidente.
Ele disse que "Não há nada no mundo que possa pagar o carinho que vocês têm demonstrado todo dia (...) A minha tranquilidade é porque eu tenho vocês.". Com informações da Folhapress.
Como o político se recusa a aceitar o resultado das investigações coligidas pela força-tarefa da Operação Lava-Jato, dando conta da robusteza das provas comprovando a materialidade dos crimes cuja autoria é atribuída a ele, é muito bem provável que ele vai cumprir a pena que lhe foi aplicada e jamais será ouvido dos juízes da Lava-Jato de Curitiba e Porto Alegre os crimes por ele cometidos, tendo em vista que, nas sentenças, já estão discriminados, com a devida minudência e nos mínimos detalhes, os motivos pelos quais os julgadores tiveram a serenidade para a aplicação da pena de doze anos e um mês de prisão, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, justamente tendo por suporte a comprovação dos fatos denunciados à Justiça.
Agora, o político tem todo direito de continuar pensando que foi injustiçado e tem sido alvo de vitimização, porque isso satisfaz seus objetivos políticos de negar o quanto for possível a sua participação delituosa, para se passar exatamente como pessoa perseguida e impedida de se candidatar ao cargo máximo do país, talvez pelo simples fato de não haver provas sobre o registro do imóvel em questão em seu nome, como se isso fosse o principal motivo de se descartar a vinculação dele com o apartamento, uma vez que a lavagem de dinheiro, um dos crimes a ele imputado, repugna exatamente a titularidade dos bens envolvidos como sendo pertencente ao acusado, fato que se pode caracterizar como crime de ocultação de patrimônio, muito usual por quem evita a transparência de seus atos perante a Justiça e a sociedade.   
Certamente que não somente os acusadores, mas também os investigadores e os julgadores estão com a consciência plenamente sossegada e recompensada de terem conseguido comprovar as suspeitas de atos irregulares, cuja autoria é atribuída ao principal político brasileiro, na forma da materialidade das provas constantes dos autos, as quais serviram de base para as sentenças prolatadas pelos juízes das primeira e segunda instâncias, sendo que elas mostram o liame entre os fatos referentes às denúncias e os crimes praticados pelo político, que se recusa a aceitá-los, diante da dificuldade de enxergar a realidade dos acontecimentos, fartamente comprovados, a exemplo dos contatos devidamente registrados entre a sua ex-esposa e pessoas responsáveis pela reforma do tríplex, como no caso dos armários da cozinha, onde os registros fazem menção a pedidos dela, a fotografia dele no apartamento, a declaração de que o imóvel foi destinado a ele, entre outras fortes evidências que o ligam ao imóvel.
O político precisa se conscientizar de que a imprensa apenas cumpre seu importante papel de informar os fatos, em estrita harmonia com os princípios de liberdade de expressão, em país onde prevalecem e imperam os sentimentos saudáveis próprios do Estado Democrático de Direito, enquanto a força-tarefa se encontra no alto da sua respeitabilidade, depois de ter cumprido com competência e pleno êxito o seu dever institucional de apurar e investigar fatos nebulosos envolvendo político da maior relevância do país, cujos resultados levaram à sua condenação à prisão, deixando muito evidente que a emboscada foi constatada exatamente por parte de quem acusa da prática dessa leviandade.  
Na verdade, os atos de solidariedade protagonizados por militantes não passam de atitude absolutamente inócua e sem a menor consequência, por apenas privar a militância de cuidar de seus afazeres, se é que ela tem alguma coisa para se ocupar senão ficar dando, de forma reiterada e inútil, bom dia e boa noite ao político preso, que, por sua vez, declara se satisfazer do alimento vindo da idolatria da horda de fanáticos, que também fazem questão de ignorar os elementos probatórios constantes dos autos referentes ao apartamento, certamente por absoluta conveniência pessoal e ideológica, conquanto é sabido que inexiste julgamento sem provas, pelo menos sob à luz da racionalidade e do bom senso.
É preciso se ater ao fato de que, mesmo no pior dos mundos, qualquer julgamento sem provas implica necessariamente condenação ao juiz, pela prática do crime de prevaricação, cuja sanção vai variar na conformidade da gravidade da sua falha, que pode ocorrer desde a advertência até o afastamento dele de suas funções, como forma de responsabilização pela desídia no cumprimento do dever funcional.
Enquanto não houver a aceitação sobre a realidade constante dos autos de que trata o julgamento referente ao caso do tríplex, em que, sob o prisma da racionalidade, seria absolutamente impossível haver condenação sem a presença das provas materializadas no processo, que, por mera conveniência política, são desprezadas tanto pelo principal denunciado como por seus fiéis seguidores, em evidente demonstração de cega resistência à realidade sobre os fatos, para o fim dos recursos pertinentes, nas vias judiciais apropriadas, a questão em apreço, por certo, não há de se definir no grito e muito menos com base em agressão e acusação, conquanto os fatos precisam ser discutidos à luz da civilidade e da racionalidade, com vistas a se encontrar a verdade real, que certamente existe e precisa ser mostrada à saciedade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 5 de maio de 2018

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