O
maior político brasileiro, que se encontra preso, cumprindo condenação de doze
anos e um mês de cadeia, pela confirmação da prática dos crimes de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro, recentemente completou um mês na solitária,
tendo aproveitado a data para anunciar que é “candidatíssimo” à disputa à corrida rumo ao Palácio do
Planalto.
O
líder petista está encarcerado na Superintendência da Polícia Federal, em
Curitiba, Paraná, desde o último dia 7 de abril, após ordem de prisão emitida
pelo juiz responsável pela Operação Lava-Jato, à vista de terem se esgotados os
recursos na segunda instância.
Na
ocasião, antes de se entregar, o político protagonizou espéculo ridículo e
circense, ao se refugiar, para se proteger, quando soube da ordem judicial da
sua prisão, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo
(SP), onde ficou cercado por militantes de esquerda, que fizeram tudo possível
para tentar impedir a prisão que havia sido decretada e precisava ser executada,
na forma da lei.
Dias
atrás, ele recebeu a visita de um teólogo amigo, ligado ao PT, sob a alegação
de “assistência espiritual”, tendo
aproveitado o ensejo para enviar mensagem aos militantes que estão acampados
nas proximidades daquela superintendência, cujo teor foi lido pelo religioso,
nestes termos: “Ele até mandou recado
dizendo que é candidatíssimo. Ele só vai renunciar à candidatura no dia em que
o Moro trouxer uma única prova de que ele é dono do triplex”.
O
ex-presidente foi condenado sob a acusação de ocultar a propriedade de um
triplex no Guarujá (SP), supostamente recebido por ele como propina para
favorecer a empreiteira OAS, em contratos com a Petrobras, embora o político
tenha negado, de forma veemente, que seja dono do imóvel, que também foi
reformado sob a orientação da ex-esposa dele, conforme mostram os registros a
esse respeito de documentos e testemunhas.
Acontece
que, nos termos da Lei da Ficha Limpa, o político se encontra inelegível,
justamente por ter sido condenado à prisão por órgão colegiado da Justiça, cuja
insistência na sua candidatura representa o cúmulo do desrespeito e da afronta
ao arcabouço jurídico do país, pelo fato de ele se colocar acima de tudo e
todos, como ele fosse o suprassumo e o todo-poderoso que se acha com poder supremo
de não aceitar a decisão judicial, tomada que foi com base nas provas
constantes dos autos, validadas por magistrados das primeira e segunda
instâncias, sendo que o órgão colegiado se manifestou por unanimidade, ou seja,
reconhecendo a plausibilidade da materialidade sobre a autoria dos crimes
imputados a ele.
Como
o político sabe perfeitamente que o imóvel não foi registrado no nome dele,
porque crime perfeito nem precisaria de ocultação de patrimônio, quando se
trata de caso em que o principal acusado não tem a dignidade de assumir seus
erros, tudo sendo implementado, por óbvio, à sorrelfa, para não ficarem as
marcas dos rastros do crime, o que vale dizer que ele vai mofar na solitária, à
espera do registro inexistente, mas ele até pode se apoderar de outras e fartas
provas constantes dos autos, por meio das quais os magistrados das primeira e
segunda instâncias se basearam para a elaboração de suas sentenças, às quais
seus advogados já tiveram acesso e estão disponíveis não somente para ele, mas
também para a sociedade ávida para o conhecimento da verdade sobre os fatos que
constituem a materialidade dos crimes de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro.
Causa
estranheza que, em que pese o horror da sentença condenatória à prisão,
justamente pela prática de atos contrários aos princípios da ética, moralidade,
legalidade, idoneidade, entre outros que precisam ser rigorosamente observados
nas atividades públicas, ou seja, ele foi reprovado, com a condenação, quanto à
licitude e à honorabilidade ínsitas dos homens públicos, mas mesmo assim ele continua
liderando as pesquisas de intenção de voto para as próximas eleições e ainda
mais com ampla vantagem sobre o segundo colocado, dando ensejo a que o seu
partido insista na sua candidatura, mesmo havendo nítido impedimento legal, nos
termos da Lei da Ficha Limpa, que somente permite que brasileiros honrados e
dignos possam exercer cargo público eletivo, como acontece normalmente nos
países sérios, civilizados e evoluídos, em termos políticos e democráticos.
Não
sopesando a desgraça e a tragédia que isso representa para a dignidade do país
e do seu povo, um homem público sem a mínima condição ética e moral é empurrado,
sem o mínimo escrúpulo civilizatório, de goela abaixo na tentativa de representar
politicamente uma nação, fato este que certamente será motivo de verdadeiro
assombro para o mundo civilizado, sério e evoluído, diante do absurdo que isso
representa para seus parâmetros de modernidade e pureza dos princípios
políticos e democráticos.
Como
somente isso não bastasse, o político é também réu em mais seis processos, com
grandes possibilidades de ser condenado por outras sentenças, em razão da
prática dos mesmos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, além dos
de tráfego de influência, obstrução de Justiça e organização criminosa, tudo
extremamente incompatível com as relevantes funções do principal cargo da
República, que exige que o seu titular comprove absoluta imaculabilidade como
homem público.
Os
brasileiros precisam se conscientizar de que a candidatura de político condenado
à prisão, como tal por ter sido considerado corrupto pelo Poder Judiciário, à
luz da legislação de regência, por força da consistência da materialidade da
autoria dos fatos denunciados, não pode, sob o prisma dos princípios do bom
sendo e da razoabilidade, contribuir com algo positivo e construtivo para a
satisfação do interesse público nem muito menos para o progresso de coisa alguma
que diga respeito à grandeza e ao desenvolvimento da nação, em termos socioeconômicos,
porquanto são visíveis e cristalinas as intenções e manobras realizadas com o
exclusivo objetivo de se alcançar a vitória consagradora de político
completamente desmoralizado por seus deprimentes atos de dilapidação do
patrimônio da Petrobras, conforme os resultados das amplas investigações nesse
sentido, como forma de se resgatar, não por via da Justiça, como deve, mas por
meio do voto, a sua imagem completamente enlameada pela podridão da corrupção,
cujo procedimento, à toda evidência, contraria os comezinhos princípios republicano
e democrático. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 16 de maio de 2018
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