Na
mais comentada reunião da história republicana, houve momento extremamente
delicado, quando o ministro da Economia defendeu, aos palavrões, demonstrando irritação
fora da curva, a privatização logo do Banco do Brasil.
O
ministro disse que, embora o banco seja comandado por um liberal, o governo “não
consegue fazer nada lá. Tem que vender essa p... logo”.
O
famoso economista entende que o Banco do Brasil “não é tatu nem cobra,
porque ele não é privado, nem público. Se for apertar o Rubem (presidente
do BB), coitado. Ele é super liberal, mas se apertar ele e falar: ‘Bota o
juro baixo’, ele: ‘Não posso, senão a turma, os privados, meus minoritários, me
apertam’. Aí se falar assim: “bota o juro alto”, ele: ‘não posso, porque senão
o governo me aperta’. O Banco do Brasil é um caso pronto de privatização”.
No
ano passado, o ministro fez ataque às atividades dos bancos públicos, ao afirmar
que “a função de um banco público era passar seu excesso de receita para
taxas de juros menores e não dar lucro como uma instituição privada. “Se é pra
dar lucro, privatiza logo. Pra que eu vou ter um banco com 21 mil agências no
Brasil todo para dar lucro máximo? Se for pra isso, privatiza, vende, funde com
o Banco do Brasil”, em referência à Caixa Econômica Federal.
Todos sabemos que o Banco do Brasil é instituição respeitadíssima
brasileira e mundial, que tem a participação do seu capital composto com 50% do
governo federal, ou seja, dos brasileiros e o restante de acionistas que acreditam
na sua performance operacional.
A
sua missão institucional, segundo sua filosofia corporativa, é "Ser um
banco de mercado, competitivo e rentável, atuando com espírito público em cada
uma de suas ações junto à sociedade".
O Banco do Brasil foi a primeira instituição criada no país, cuja
fundação data de 1808, tendo sido também o primeiro banco da história de
Portugal e do Império português.
Em 1829, o Banco do Brasil faliu depois que a Família Real
confiscou os fundos e voltou para Portugal, vindo a ser refundado, em 1951, por
obra e graça do nacionalista Barão de Mauá, tendo por objetivo exercer atividades
bancárias, quando começou a formação do que é considerado importante patrimônio
nacional, no momento.
De
acordo com o Banco do Brasil, a empresa possui mais de 15 mil pontos de
atendimento distribuídos pelo país afora, contando com agências e postos, com
mais de 40 mil terminais, que funcionam permanentemente, além de estar presente
em mais de 20 países fora do Brasil.
Ressalte-se,
como fato maravilhoso, que o Banco do Brasil possui mais de 5.500 agências distribuídas
em todo território nacional, estando presente na maioria dos municípios
brasileiros, com a estrutura operacional de mais de 110 mil funcionários e mais
de 4 mil estagiários, que são contratados temporariamente, ente adolescentes
trabalhadores, normalmente estudantes carentes.
É preciso que se diga que esse sentimento pessoal do ministro da
economia foge rudimentarmente do princípio clássico de privatização, que tem prioritariamente
como fundamento o descarte de entidades e instituições que sejam consideradas,
por critérios técnicos, desnecessárias, antieconômicas, deficitárias, improdutivas,
que só dão prejuízos aos cofres públicos e oneram pesada e substancialmente os
contribuintes.
Há sim urgência na privatização das instituições públicas que
são sinônimos de ineficiência e antieconomicidade, que normalmente são criadas
para servir de cabide de emprego, como costumam fazer os governos populistas e
socialistas, a exemplo dos últimos que passaram pela Presidência da República,
a partir do início deste século, quando a administração contava com somente 39
empresas públicas, mas, em pouco mais de quinze anos, esse número ascendeu,
pasmem, a mais de 140 estatais, que
certamente não deve haver uma única que atendesse aos requisitos de eficiência,
competência e necessidade de satisfação do interesse público.
Na
verdade, o que se viu foi verdadeira esculhambação com o minguado dinheiro dos
contribuintes, que foi jogado pelo ralo da incompetência, com a criação de empresas
com a exclusiva finalidade de satisfazer interesses das espúrias alianças
firmadas com partidos políticos, sob a justificativa de governabilidade de
coalizão, que tinha por princípio o loteamento de ministérios e empresas estatais
entre os aproveitadores, em troca do apoio ao governo no Congresso Nacional,
fato que foi conhecido como o seboso sistema do “toma lá, dá cá”, que aliás, acaba
de ser adotado, sem o menor escrúpulo, pelo governo atual, que não se envergonhou
de passar óleo de peroba na cara, para formalizar acordo para o Centrão o
apoiar, naquele órgão, em blindagem contra possível processo de impeachment do
presidente.
Enfim, é preciso que o ministro da economia aprenda e se
conscientize de que o governo tem o dever gerencial de privatizar, com urgência
e de maneira prioritária, as empresas que foram criadas com a exclusiva
finalidade de contribuir ao aparelhamento do Estado e agradar aos apoiadores de
governantes, as quais não passam de peso morto para os orçamentos públicos, que
precisam ser aliviados o mias rapidamente possível, eis que a administração pública
tem obrigação primacial de se modernizar e se aperfeiçoar nas suas estrutura e
conjuntura orgânicas, principalmente em termos de gestão dos recursos públicos,
que devem ser vinculados rigorosamente às políticas de Estado, em direta e inafastável
satisfação do interesse público.
A instituição mais do que secular do Banco do Brasil, sempre servindo
aos interesses nacionais, com a eficiência do seu desempenho, nunca poderá ser
privatizada, a despeito de possíveis dificuldades operacionais, que apenas merecem
ser ajustados às regras do mercado, mas sem essa de descarte da instituição que
sempre foi modelo de funcionalidade operacional, aos padrões de
aperfeiçoamento na sua área de atuação, que somente aconselha, sobretudo, a sua
permanência sob o comando e o controle do Estado, por meio do qual ainda é
possível a facilitação de muitas operações políticas que se tornarão
impossíveis com a privatização dele.
Ademais, a privatização do Banco do Brasil terá como efeito,
mais do que imediato, o fechamento de agências e postos de atendimento em
milhares de municípios, principalmente aqueles menores, que logo serão
classificados como improdutivos e deficitários, além da dispensa de enorme
quantidade de funcionários que perderiam seus empregos.
A medida aventada acima é pura realidade tupiniquim, porque isso
já aconteceu com os grandes bancos brasileiros, que fecharam muitas agências em cidades do interior, sem a menor atratividade
para o banco, por ocasião da compra de outros bancos.
Vejam-se
que ideia mais absurda, se concluir pela privatização certamente da instituição
mais respeitada e eficiente controlada pelo governo, que somente contribui com
lucro e tem sido demonstração de eficiência em toda a sua história, fatos que
ajudam a compreender a sua importância como instituição pública.
Essa
mentalidade absurda e absolutamente desfocada da realidade precisa, mais que urgentemente,
ser demovida do pensamento do ministro da economia, que não pode pensar em suicídio
somente porque tem dificuldade em interferir no banco, para impor a sua
vontade, que até pode ser importante, mas mais relevante do que ela e o
interesse público, que diz que o Banco do Brasil é patrimônio nacional imprivatizável,
mas mesmo assim, se a for, que seja a última instituição, diante da sua
importância estratégica para o atendimento do interesse público.
Diante dessa riquíssima e impressionante história do Banco do
Brasil, que não poderia ser mais nacionalista do que ele é, por vir, de longa
data, contribuindo para o permanente desenvolvimento do Brasil e isso é motivo mais
do que suficiente para nem se pensar na sua privatização, porque só isso já caracteriza
gravíssimo crime de lesa-pátria, quanto mais em se pretender desfazer logo de instituição
que é exemplo, modelo de competência, eficiência e desenvolvimento, que pode
ter enfrentado crises, mas o seu impoluta desempenho mostra que a defesa do seu
patrimônio jamais poderá sair das mãos dos brasileiros que amam verdadeiramente
a sua pátria.
Brasília,
em 24 de maio de 2020
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