quinta-feira, 7 de maio de 2020

Lembranças do casarão do Sítio Canadá

O Facebook publicou, na minha página, uma crônica que eu escrevi sobre o casarão do Sitio do Canadá, no ano passado, e, ao vê-la, tive a ideia de elaborar o texto a seguir.
Faz um ano que escrevi a crônica que encabeça e acompanha as lindas fotografias do casarão do saudoso Sítio Canadá, meu carinhoso berço, que Deus teve a generosidade de mim dá o principal e primeiro presente da minha vida, fazendo com que a abençoada "cegonha" resolvesse pousar e me deixar nesse lugar mágico, maravilhoso e cercado das perfeições divinais, onde tudo era fantástico e eu fazia parte desse paraíso terrestre, com o direito de usufruir todo o seu encanto.
É evidente que eu não teria a mínima noção de ter sido superprivilegiado por Deus, para viver na companhia de pessoas excepcionais e encantadoras, como meus saudosos país Vaneir e Dalila (depois eles foram morar na cidade), mas eu ficava sempre com o carinho e o aconchego de meus amáveis avós Juvino e Úrsula, cuja corte se completava com as queridas tias Ritinha, Terezinha, Maria da Conceição, Ana, Lourdes, Maria Francisca e Corrinha.
Ainda tinham os tios Raimundo, Chico e Geraldo, por pouco tempo, mas eu me lembro do convívio com eles também.
Tinha ainda a companhia de madrinha Susete, beata de primeira hora, que levara o tempo com o terço à mão, em linha direta, na sua internet imaginária, com Deus e os santos, sempre a orar.
Se eu me referi ao paraíso terrestre, é porque o casarão era apenas uma parte do importante conjunto dele, sendo que os demais elementos desse impressionante e especial jardim eram compostos pelo belíssimo sítio, de inigualável fertilidade, onde sobressaía a exuberância de frutas variadas e saborosíssimas, as mais deliciosas e autênticas possíveis, como a manga, o caju, a goiaba, a banana, o araçá, a pitomba, o limão (esse é exceção, por óbvio), a jaca, a pinha, o abacate, a graviola, a cana-de-açúcar (essa é planta), entre outras que nem me lembro mais.
O açude era outro ponto alto do éden, com as águas límpidas, doces e abundantes, o qual permanecia sempre com muita água, entrava e saía ano, que nunca secava.
O açude tinha uma das maravilhas que permitia os gostosos e demorados banhos, com o desfrute dos nados e mergulhos sobre saltos, com o auxílio de pedra, ou seja, os saltos se davam de cima de pedra.
As pescarias no açude, com fartura de peixes, eram feitas periodicamente e o resultado do pescado era distribuído em parte para os proprietários.
Lembro-me que eu ficava olhando, do sobrado, para as suas águas, contemplando a imensidão da sua beleza, vendo o reflexo do sol sobre elas, que formavam bonitas ondas com o vento.
Completando essa obra divina, tinha a magia do engenho, que anualmente se movia para a produção da rapadura, da batida, do alfenim, além dos inesquecíveis mel e garapa, com a doçura vinda do sítio, de farturas mil.
Vou parar aqui, porque essa breve descrição fez meus olhos se encherem de lágrimas, que foram interpretadas por mim como o sentimento de muita saudade de maravilhosos tempos da minha rica e bela infância, no aconchego do inesquecível casarão do Sítio Canadá.
Saudades!
          Brasília, em 6 de maio de 2020

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