segunda-feira, 18 de maio de 2020

O desastre do Brasil


No momento, nem precisa muito esforço para se perceber o amontoado de graves crises que grassam no Brasil, contribuindo para tensionar as relações, principalmente, entre os poderes da República, que é obrigada a enfrentar as maiores dificuldades da sua história.
Há cristalina evidência de que inexiste, na história contemporânea, época de dificuldade comparável ao terrível desastre que tem sido mostrado pelo atual governo.
O problema sanitário, consistente com a pandemia do coronavírus, com suas perversas nuances, se agiganta dia após dia e tudo indica que as suas consequências são verdadeiramente arrasadoras, cuja desgraça tende a permanecer por tempo indeterminado e longo, diante das enormes divergências implantadas no seio das autoridades incumbidas da condução das medidas de combate à pandemia.
Percebe-se a preocupante falta de sintonia de racionalidade e competência entre as autoridades para a necessária coordenação e condução das políticas consentâneas com as enormes dificuldades causadas pela pandemia, principalmente em relação à imposição,  com as indispensáveis eficiência e eficácia, do isolamento social, que, a bem da verdade, ocorreu com base em experiência alienígena, sem se levar em conta as peculiaridades brasileiras e as reais necessidades, de maneira horizontal, quando há situações que a sua obrigatoriedade não passa de verdadeiro abuso de autoridade.
Ressalte-se, a figura do presidente da República, que tem demonstrado, de maneira mais atabalhoada possível, ser o maior aliado ao coronavírus, por promover sucessivas ações e declarações que desmoralizam o protocolo estabelecido pelo próprio Ministério da Saúde, ou seja, o próprio governo, sem que ele tenha por base nada que comprove a sustentabilidade de suas atitudes de extrema rebeldia, o que ajudaria a respaldar, em cada ato ou atitude insensato dele, a plausibilidade das suas intenções, nitidamente em defesa das questões econômicas de seu governo, que são sensivelmente verdadeiras e preocupantes.
Não obstante, nessa questão específica da pandemia, é preciso sim se preocupar com a solução de todas as dificuldades, inclusive econômicas, que são a mola mestra de sustentabilidade das atividades da nação, mas nada ascende em importância vital do que a preservação da vida humana, que, depois de perdida, não tem mais como reconstituí-la, trazê-la de volta, enquanto a economia tem total possibilidade de recuperação, do seu restabelecimento às situações do passado e até mesmo superá-las, com o poder da capacidade humana, que tem sido exemplo de altruísmo e heroísmo, já vistos em prática em várias nações e até em continentes.
Já não seria marcante, preocupante e alarmante a ampliação da quantidade de infectados e de óbitos, além da extensão no tempo da epidemia, para a sensibilização dos corações desses governantes que estão muito mais interessados em resolver problemas econômicos, porque eles têm vinculação exclusiva com seus projetos políticos de reeleição, sem levar em conta o terrível  rastro de destruição que vai perdurar por mais alguns anos, principalmente nas comunidades mais pobres e carentes, justamente da proteção dessas autoridades extremamente egoístas e insensatas?
Não há qualquer margem de dúvida de que a indiscutível crise sanitária da pandemia deve ter  gigantesco reflexo na econômica e seus efeitos deverão se alongar por alguns anos, mas mesmo que eles possam ser e hão de ser devastadores, levando à drástica redução das atividades produtivas, ao fechamento de milhares de empresas e à espantosa taxa de desemprego, nada disso se compara à preciosidade da vida, cujo valor ultrapassa extraordinariamente à mediocridade das mentes de muitos governantes que não conseguem enxergar senão os interesses pessoais, em termos políticos, que são sim importantíssimos, mas eles se reduzem a pó em relação à vida humana.
Sinto que meu grito estridente e veemente de protesto não passa de comparável grão minúsculo de areia do deserto e isso pouco importa, mas me realizo em lançá-lo como sinal de alerta e pedido de socorro para a racionalidade e a sensibilização por parte das autoridades públicas,
Apelo para que os governantes se interessem pela busca de mecanismos de solução dos grave problemas nacionais, de maneira inteligente, humana, sensata, responsável e democrática, de modo a se eleger a vida das pessoas e a sua preservação como política estritamente prioritária, evidentemente vindo em sequência as demais metas de gestão pública, inclusive as econômicas, com embargo de seus projetos políticos, com vistas a ficar bem claro o reconhecimento ao direito essencial à vida humana, independentemente que tudo o mais também possa ser defendido como bem necessário, mas em escala compatível com os interesses da razoabilidade e das possibilidades, por sorte depois do sentido da vida.
Brasília, em 17 de maio de 2020

Nenhum comentário:

Postar um comentário