domingo, 19 de fevereiro de 2023

Insensibilidade?

         Em vídeo que circula nas redes sociais, uma mensagem anuncia que 250 mil vidas teriam sido salvas, no Brasil, caso tivesse havido o uso regular do medicamento conhecido por Ivermectina, segundo estudo realizado pela Universidade de Oxford, que prova a eficácia dele contra a Covid-19.

No mesmo vídeo, a mensagem lamenta que a finalidade da imprensa e da oposição ao governo era derrubar o presidente do país, como se ele tivesse a favor do uso do aludido remédio, quando não há notícia sequer sobre a existência dele, na época da pandemia do coronavírus.   

Salvo engano, não foi a ivermectina defendida pelo então presidente negacionista contra o coronavírus, mas sim a hidrocloroquina, mesmo diante da polêmica sobre a ineficácia desse remédio.

Na verdade, a tragédia do coronavírus não poderia ter acontecida em pior momento do Brasil, quando ele era governado por pessoa extremamente insensível aos princípios humanitários e absolutamente ignorante sobre as questões relacionadas com a saúde pública e o sanitarismo, conforme mostra a alarmante quantidade de vítimas letais, no total de quase 700 mil mortes.

Em razão disso, o então presidente do país foi cognominado de negacionista e até mesmo chamado de genocida, por muitas pessoas, por conta das suas reiteradas atitudes negando a existência da doença, na tentativa de minimizar a sua gravidade sobre a população, em que pese a inadmissível quantidade de mortes, em números alarmantes, ante a dificuldade para o controle da incidência do vírus, que só contribuía para aumentar o temor da sociedade, que se apavorava diante da inexistência de medicamentos eficazes contra os avanços do coronavírus.

No auge da pandemia, o então presidente do país, em demonstração de absurda insensatez, chegou a chamar o povo de maricas e medrosos, por ter ficado em caso, se protegendo do vírus, cujo comportamento foi caracterizado como impróprio para o presidente da República, que, ao contrário, por força do dever funcional ele deveria pregar tolerância e compreensão, no sentido melhor se relacionar com a população sobre os problemas relacionados com a gravidade da doença.

O ex-presidente brasileiro ainda teve a insensibilidade quando decidiu nomear general especialista em estratégia de suprimentos dos quartéis do Exército, sem nenhum conhecimento de medicina, saúde pública ou sanitarismo, para comandar logo o principal órgão que tinha a incumbência legal para a administração das políticas referentes à saúde pública dos brasileiros, dando a entender a pouco relevância da gravidade da doença, que poderia ser gerenciada por qualquer pessoa, desde que fosse atenciosa às suas ordens, como assim procedeu o então ministro da Saúde, conforme mostram os fatos.

Tal desarmonia administrativa ocorreu exatamente em momento que a pandemia do coronavírus se encontrava no auge de maior incidência, que somente exigia extremos cuidados em forma de gestão competente e eficiente, sob o comando de pessoa com reconhecida experiência naquelas áreas especializadas.

Na verdade, esse fato denotou verdadeiro ato de insensatez e irresponsabilidade, ante a demonstração da menor preocupação com a saúde dos brasileiros, porque, do contrário, ele teria nomeado o melhor especialista, com conhecimentos compatíveis com a gravidade da pandemia, que exigia medidas revolucionárias contra a calamidade de saúde pública, conquanto nada, absolutamente nada de excepcional foi feito senão o mínimo necessário para o combate à pandemia, cujo resultado não poderia ter sido o pior possível, à vista de tantas mortes, que poderiam ter sido evitadas caso melhores cuidados tivesses sido adotados.

O que se dizer da imunização dos brasileiros, que somente começou quase um mês depois que muitos países já tinham iniciado, tudo por causa do indevido envolvimento do então presidente do país nas negociações referentes às compras das vacinas, cujo imbróglio, causador de enorme demora, pode ter contribuído para milhares de mortes, em razão do atraso por conta da incompetência do governo, que ficou preocupado com questões burocráticas, em detrimento da saúde dos brasileiros?

Enfim, a participação do próprio presidente do país nos assuntos relacionados com o coronavírus não poderia ter sido o pior desastre protagonizado por quem deveria ter se distanciado dele o máximo possível, por ele nada entender das questões relacionadas com a saúde pública nem sanitarismo, que precisariam ser cuidadas exclusivamente por especialistas na área, com conhecimentos de causa sobre as questões sensíveis da pandemia do coronavírus.

Acredita-se que se o combate à pandemia do coronavírus tivesse sido realizado em estrita observância aos princípios da competência, da racionalidade, do bom senso, da sensibilidade e da sensatez, certamente que não teria havido quantidade tão elástica de mortes, além de ter se evitada a terrível ideia de estadista extremamente insensível às causas humanitárias, como assim restou sendo compreendido o comportamento funcional demonstrado por ele, que estava sempre preocupado em ser o centro das atenções e dos holofotes da mídia.

É evidente que toda desgraça resultante da pandemia do coronavírus não tem como não ser atribuída a quem era o presidente da República, que teve o cuidado de chamar para si a responsabilidade para decidir sobre todos os assuntos estranhos aos seus conhecimentos, que poderiam ter sido desempenhados e resolvidos com absoluto sucesso caso tivesse havido o emprego dos princípios da racionalidade e do bom senso no combate ao gravíssimo mal do século.

O resumo da ópera é que a falta de coordenação, sistematização e orientação centralizada, com a participação conjunta da união, dos estados e municípios, contribuiu de forma decisiva para o desastre que foi o chamado combate da pandemia do coronavírus, quando reinava o desentendimento sobre as medidas a serem seguidas e todos agiam por conta e risco próprios, cujo resultado foi o pior possível, à vista do saldo alarmante de óbitos, que é a prova inconteste da incompetência e da irresponsabilidade.   

Infelizmente, diante da condução ineficiente, ineficaz e irresponsável no combate à gravíssima doença que superou as iniciativas de combate do governo, fica a certeza de que a população pagou preço muito caro pelas insensibilidade, incompetência e irresponsabilidade de quem não só demonstrou incompetência e despreparo para cuidar da saúde dos brasileiros.

          Brasília, em 19 de fevereiro de 2023

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