quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

É mentida, Terta?

Em determinada ocasião, numa audiência, o juiz, incrédulo, indagou ao réu o motivo pelo qual ele estava desacompanhado do advogado. Prontamente, o acusado respondeu que estava disposto a confessar exclusivamente a verdade. Nem sempre as estórias têm final semelhante, mas às vezes elas podem se tornar verdadeiras, a exemplo da barbárie da 113 Sul, em que o criminoso, friamente e sem a presença de advogado, já declarou, passo a passo, seu desatinado ato de crueldade, assumindo espontaneamente a autoria de tudo. Não será novidade alguma se, de repente, aparecer algum rábula, sem qualquer pretensão de notoriedade na mídia, apenas encorajado de intransigente defensor do réu, declarando, como de costume, que o seu cliente foi severamente espancado, com maus tratos, para assumir a culpa pelo horribilíssimo crime; que ele não tem domínio de suas faculdades mentais, sendo, por isso, incapaz de ofender sequer uma mosca; que as jóias e os valores por ele negociados foram objeto de merecido presente, em gratidão pelos bons serviços prestados no prédio; que, nos autos, não há qualquer prova material que o incrimine; e que, ao final, será operada justiça, depois de mostrada cabal inocência do seu representado, que é um homem de bem. Se isso vier a acontecer, é sempre lamentável que somente reste à sociedade, estarrecida e impotente, assistir tudo com indignação e revolta, por mais uma tentativa de ludibriagem e distorção, com requinte de retocagem nua e crua dos fatos. A sociedade espera que todo profissional, não importando a circunstância ou o ramo da atividade, atue sob o pálio da ética e dignidade, acima de qualquer vaidade ou interesse de grandeza pessoal.

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 19 de novembro de 2010

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