segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O sabor do tutano

Tão logo imediatamente à passagem da faixa presidencial, suscitou-se dúvida se houve ou não convite de autoridade competente para o ex-mandatário mor e família usufruírem dos prazeres praianos, com absolutos conforto e privacidade, às custas do tão sacrificado povo brasileiro. Na verdade, o cerne da discussão deveria cingir-se, primordialmente, se foram observados os princípios consagrados na Carta Magna, quanto à legalidade, ética e moralidade, que devem balizar e orientar a conduta dos negócios do Estado, que são mantidos a duras penas com dinheiros arrecadados dos trabalhadores, que, concomitante à notícia,  foram, imerecidamente, recompensados com o tripúdio sarcástico por aqueles que se beneficiam indevidamente das nababescas mordomias oficiais. Urge que as autoridades governamentais sejam conscientizadas de que a gestão dos recursos públicos é coisa muito importante para os interesses da nação e que eles não podem ser distribuídos ao bel-prazer, de forma generosa e graciosa, como forma de benesse para agradar a quem quer que seja, muito menos a quem, por oito anos, degustou do especial filé mignon e agora resiste em não largar sequer o osso, porque sabe que o substancioso tutano oficial também é bastante saboroso e nutritivo. Aliás, casos que tais, num país um pouquinho sério, ensejariam a apuração de responsabilidades e perda do cargo, por uso irregular de dinheiros públicos, mas, como isso ocorreu nas terras Brasis, é como se nada tivesse ocorrido, ou seja, o caso deve ser encarado com naturalidade, porque todos agem dessa mesma forma, conforme respalda a insensata justificativa do ministro da Defesa, que acusou de “absolutamente ridículas” as críticas feitas pela imprensa sobre o lamentável affaire.

ANTONIO ADALMIR FERNANDES 

Brasília, em 05 de janeiro de 2011

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