segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Ultrage à moralidade

De norte a sul do país, há frenética busca dos ex-governadores por aposentadorias indevidas, porquanto o Supremo Tribunal Federal já a considerou inconstitucional, mas esse veredicto não foi capaz de evitar a farra dos políticos na consecução dos seus intentos, ainda que resultem em sangria dos cofres públicos, pelo pagamento de despesas sem amparo legal.  A cultura dos políticos brasileiros não permite enxergar senão aquilo que lhe beneficie, não importando quanto à legitimidade do ato. Veja-se o caso de um importante político, beneficiário dessa vergonhosa imoralidade, que, na vã tentativa de justificar o injustificável, alegou que o valor da sua aposentadoria estava sendo doado a uma instituição de caridade, dando a entender, com seu “gesto benévolo”, que o produto do benefício provém de origem ilícita, não sendo, certamente para ele, confortável ficar com o dinheiro, talvez por temer que isso pudesse denegrir a sua imagem política. Na verdade, trata-se de típica pseudocaridade com chapéu alheio, porque, sendo ilegítima a fonte dos recursos, a doação também se torna viciada juridicamente. É imperdoável e inconcebível que essa investida insidiosa e perversa ao erário, que mais caracteriza subtração pacífica do dinheiro público, não tenha sido ainda terminantemente extirpada, com a apuração das responsabilidades, com vistas ao ressarcimento dos valores pagos indevidamente, como forma desejável do restabelecimento do princípio da moralidade pública.

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 30 de janeiro de 2011
   

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