Nunca houve tanta celeuma em torno da validade ou não da acachapante vitória de um palhaço nas urnas, mas com certeza o caso parece se encerrar com o surgimento de um novo verbete denominado tiririticagem, que significa trapalhada da Justiça Eleitoral, ao permitir que um analfabeto conseguisse driblar a exigência legal e se consagrar na última eleição. Legalmente, competia a ela evitar que candidato que não preenchesse os requisitos exigidos participasse do pleito eleitoral, quanto mais fosse eleito, evidenciando, com isso, incompetência e repúdio de boa parte da sociedade. Até o momento, a plateia, ainda atônita, pelo nocaute no picadeiro das urnas, está compelida a assistir espetáculo com classificação indicativa imprópria para todas as idades. De qualquer modo, o respeitável público anseia por que, ao serem encerradas as cortinas desse lamentável episódio, o circo político possa ganhar qualidade em todos os atos, desde a inscrição dos candidatos à posse dos eleitos e que os verdadeiros palhaços continuem representando com dignidade e graça as artes cênicas, sem que as suas encenações prejudiquem a seriedade da política brasileira.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 23 de outubro de 2010
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