quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A incoerência das pesquisas

Conforme pesquisa Vox Populi divulgada no último dia 15, a candidata petista mantém a dianteira à corrida ao Palácio do Planalto, com 36% das intenções de voto, mantendo-se na mesma posição da última pesquisa, com vantagem expressiva de 9 pontos à frente da ex-senadora, que vem em seguida com 27% dos eleitores pesquisados, perdendo 1 ponto em relação à pesquisa anterior. O candidato tucano manteve os 15% e a terceira colocação entre os primeiros. Os votos brancos e nulos ficaram em 8% e os indecisos atingiram 12%.  Na disputa do segundo turno, as duas candidatas do PSB e do PT teriam, respectivamente, 42% e 41%, representando o que se convencionou dizer empate técnico entre ambas. Agora, não deixa de ser engraçada, para não dizer ridícula, a diminuta quantidade de eleitores consultados, que totalizou exatamente 2.000 eleitores, distribuídos em 147 municípios, quando existem aproximadamente 140 milhões de eleitores e quase 5.800 municípios, demonstrando o quanto pesquisas desse quilate não merecem o mínimo de confiabilidade nem credibilidade, ante a constatação de que o universo dos eleitores pesquisados ser pouco representativo para se formar juízo sobre possível tendência do eleitorado, sendo incapaz de se afirmar, com precisão, embora o fazem, de forma leviana e irresponsável, os institutos de pesquisas, como se o número de eleitor fosse capaz de encaminhar o resultado do pleito, quando se sabe que isso não é verdade. Não há dúvida de que essas pesquisas podem ser facilmente manipuladas para beneficiar candidato A ou B, conforme a parte interessada pelo seu resultado, basta promovê-las nas localidades onde há predominância da simpatia pelo candidato que precisa de “estímulo” junto à opinião pública com os elementos arranjados e preparados com essa finalidade. Não obstante, impende ressaltar que, no geral, as pesquisas podem estar refletindo total incoerência dos eleitores, uma vez que a economia passando por séria crise e descendo de galope ladeira abaixo, conforme as desastrosas projeções dos economistas especializados, com indicação de que o crescimento do Produto Interno Bruto, deste ano, deve se situar no inacreditável patamar, em evidente contraposição às potencialidades econômicas brasileiras, de tão somente 0,33%, a inflação em franco aumento, a falta de controle das contas públicas e das dívidas públicas, a elevadíssima taxa de juros, a falta de prioridade das políticas públicas, o estímulo à prática do fisiologismo na administração pública, o inchaço e a deficiência da máquina pública, a expansividade da corrupção na administração pública - a exemplo dos rombos na Petrobras -, a omissão quanto às prementes reformas das estruturas do Estado, a pesada carga tributária e tantas precariedades na prestação dos serviços públicos, o povo ainda se dispõe em dar preferência de voto a quem já demonstrou incapacidade para administrar com eficiência o Brasil, que se encontra em crise por falta de investimentos em obras de impacto e também por falta de confiança dos investidores estrangeiros, que estão levando de retirada seu capital, justamente por não acreditarem na recuperação, em curto prazo, da economia nacional. O povo precisa avaliar com critério mais racional os candidatos não apenas pelos programas assistencialistas em execução, porque isso faz parte das políticas de qualquer governante que tem responsabilidade com a real situação das famílias desprovidas de recursos financeiros, mas, sobretudo, tendo em conta a capacidade para vislumbrar as questões macroeconômicas e encontrar as medidas capazes para solucioná-las, não permitindo que o país ingresse e permaneça em permanente crise, como é o caso da dificuldade pela qual ele se encontra mergulhado no presente momento, sem perspectivas de superação, tão cedo, graças às políticas anacrônicas e ineficientes empregadas pelo governo. Por seu turno, é muito estranho que pesquisas recentes tenham mostrado que o povo, em absoluta maioria, com representação de mais de 70%, acenou para a necessidade de urgentes mudanças, mas, no momento ideal para confirmar o seu desejo, mediante a intenção de votos, se manifeste, de forma inexplicável, pela permanência da administração que já foi considerada como verdadeiro desgoverno, quando das manifestações de protestos das ruas do ano passado, pela péssima prestação dos serviços públicos e pela falta de realizações nos últimos quatro anos. Será enorme retrocesso político-administrativo o povo admitir a necessidade de mudanças, ante a comprovação das deficiências e precariedades político-administrativas, e ainda ter a indignidade de optar pela continuidade daquilo que nada acrescentou de benefício para a sociedade e o país. Acorda, Brasil?
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de setembro de 2014

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