quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O arcaísmo administrativo

Na proximidade do dia fatal da eleição, a pouco menos de um mês, a campanha eleitoral somente agora começa a esquentar um pouquinho, depois das revelações sobre as propinas pagas a alguns impudicos políticos, quando os candidatos atiraram farpas para todos os lados, em patente prejuízo da apresentação dos seus programas de governo, com as propostas sobre as realizações para o país e a sociedade. Nas aparições nos programas transmitidos pelo rádio e pela televisão, os candidatos ainda estão falando “abobrinhas”, meras histórias da Carochinha, perdendo tempo e enchendo “linguiça”, esperando pacientemente o tempo correr e tudo ficar na mesmice de sempre, sem novidade para atrair a atenção do eleitor e mostrar competência para enfrentar o desafio que os espera, ante a terrível crise que abate o país, notadamente quanto ao desempenho das políticas econômicas. Até agora, os candidatos estão falando obviedades e discutindo matérias sem objetividade, mas recheadas de superficialidades, sem nenhum interesse para o eleitor, por não mostrarem, como era de se esperar, casos concretos e factíveis sobre seus programas de governo, no que se refere aos adversários à candidata petista. É de se lamentar que nação continental como o Brasil tenha que passar por tamanha crise de qualidade e de preparo dos homens públicos, em condições confiáveis para administrá-lo com a competência à altura das suas grandezas e potencialidades. No caso da atual gestão, já está mais do que provado que não adianta persistir com o único projeto como marca de seu governo, por ter sido privilegiado, em atendimento às conveniências partidárias e eleitoreiras, a distribuição de renda à população carente como sendo o principal feito, que é considerado majestoso legado não do país, que é o depositário dos recursos dos brasileiros, mas, pasmem, do partido governista, como se ele fosse o próprio erário. Não obstante, apesar do encantamento atribuído ao programa Bolsa Família, não há a menor preocupação sobre a eficiência do cadastramento dos beneficiários, que são aceitos, segundo levantamentos realizados pela Corregedoria Geral da União, familiares de políticos, servidores públicos, comerciantes e outras pessoas com renda incompatível com o mínimo exigido para ingresso nele, que são famílias carentes da ajuda financeira do Estado. Verifica-se ainda grave ausência de controle, acompanhamento e fiscalização quanto à efetividade da execução dos recursos destinados a esse programa. Enquanto isso acontece, as políticas e ações essenciais ao desenvolvimento do país mergulham no mar do ostracismo das prioridades governamentais, permitindo, como no caso da política econômica, que o seu desempenho sofra terríveis dificuldades, a ponto de prejudicarem os resultados econômicos da nação, com a demonstração de continuada regressão do Produto Interno Bruto, descontrole das dívidas e das contas públicas, crescimento das taxas de juros, debandada do capital estrangeiro, arrocho do bolso dos cidadãos com a pesada carga tributária, fechamento das empresas e das indústrias, em razão do famigerado custo Brasil, cujos componentes passam ao largo das indispensáveis reformas para debelar os gargalos que estão contribuindo para a desindustrialização nunca vista neste país, a par das costumeiras precariedades na prestação dos serviços públicos, a exemplo da falta de qualidade da educação, da saúde, da segurança pública, do saneamento básico, da infraestrutura etc., decorrentes da ausência de priorização das políticas públicas, do fisiologismo imperante no serviço público, notadamente com o loteamento dos ministérios e das empresas estatais aos aliados políticos, em troca de apoio ao esdrúxulo projeto de perenidade no poder, da falta de investimentos em obras de impacto e, enfim, da demonstração da falta de capacidade para transformar as matérias primas das riquezas e das potencialidades brasileiras em bens valiosos de desenvolvimento. No caso dos demais candidatos, ainda há verdadeira incógnita quanto às suas reais capacidades para administrar o país, ante a falta de comprovação sobre seus projetos e programas de governo, que ainda nem se concretizaram como promessas de candidatos, a exemplo da manifestação sobre o enxugamento da máquina pública, sem, no entanto, haver indicação objetiva acerca da maneira como isso será processado, como, por exemplo, quais os órgãos que serão extintos e as funções dos que vão permanecer, e assim por diante. Convém que os candidatos sejam claros e objetivos quanto às suas intenções e propostas de governo, para que a sociedade tenha efetivas condições de discuti-las e decidir quem realmente tem capacidade e qualificação para administrar o país com a eficiência que a população vem almejando, conquanto já ficou demonstrado que a nação não pode continuar sob o comando de homens públicos com ideias obsoletas e ultrapassadas, limitadas tão somente à visão assistencialista, com viés nitidamente eleitoreiro, sem qualquer vislumbre do horizonte do desenvolvimento, que somente será perseguido com capacidade e competência para a realização de reformas capazes de aperfeiçoar e modernizar os mecanismos que estão efetivamente contribuindo para a estagnação do crescimento social, econômico, político e democraticamente do país. Não há a menor dúvida de que a terrível máxima segundo a qual o povo tem o governo que merece se aplica como uma luva ao caso brasileiro, por se verificar que a população ainda aprova a continuidade de gestor público que vem demonstrando experiência da pior qualidade e rentabilidade negativa na administração do país, à vista dos frequentes casos de corrupção; da incompetência generalizada na gestão dos recursos públicos, a exemplo das desastrosas políticas econômicas; da péssima qualidade da prestação dos serviços públicos; da falta de investimentos em obras de impacto; da leniência com a impunidade; do inchamento da máquina pública e do seu aparelhamento para serventias partidárias; dos elevados investimentos em países comandados por ditadores socialistas; da falta de prioridade de politicas desenvolvimentistas; e, enfim, da notória incapacidade para reverter esse aterrorizante quadro de precariedades nas realizações subdesenvolvimentistas do Estado, que têm sido capazes de contribuir apenas para a estagnação do crescimento da nação. Urge que a sociedade mais conscientizada sobre as causas nacionais não permita que o país continue sendo administrado sob a predominância da incompetência, do arcaísmo, do obsoletismo e do comodismo quanto à falta das reformas política, econômica, tributária, previdenciária, trabalhista, administrativa, de infraestrutura etc., que são indispensáveis ao desenvolvimento do país. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 09 de setembro de 2014

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