A mulher que se
destacou, por sua competência e saber jurídico, no exercício do cargo de
ministra do Superior Tribunal de Justiça decidiu concorrer a uma vaga no Senado
Federal, pelo estado da Bahia, como candidata pelo Partido Socialista
Brasileiro (PSB), a mesma agremiação que tem como candidata a Presidência da
República a ex-senadora ambientalista. Há enorme expectativa de que ela seja
vitoriosa, ante a demonstração de se tratar de pessoa forte, destemida,
experiente e capacitada, conforme a sua atuação como magistrada. A ex-ministra
teve a bravura de tentar revolucionar os padrões de moralidade no Poder
Judiciário, ao denunciar, com veemência e destemor, a precariedade e a degeneração
predominante no âmbito da magistratura. A ex-ministra mereceu, por algum tempo,
os holofotes da mídia, por ter provocado polêmica no seio dos juízes, quando
teve a corajosa iniciativa de afirmar que havia "bandidos escondidos atrás da toga"
no Judiciário. Em razão da sua denúncia, ela foi ameaçada pelos magistrados e
até mesmo pelos ministros do Supremo Tribunal Federal, que acharam muito
pesadas as afirmações da então corregedora do Conselho Nacional da Justiça,
cujo cargo fora ocupado por ela com destacada e reconhecida competência,
principalmente pela demonstração de enfrentamento com a classe de servidores
mais poderosa da República, que se considerava, até então, acima da lei e quiçá
do próprio Poder Judiciário. Os objetivos de moralização pretendidos pela ex-ministra
não prosperaram porque ela visava à punição dos corruptos do Judiciário, inclusive
defendendo a eliminação dos privilégios, das mordomias, dos apadrinhamentos e
de outros absurdos apontados nas investigações comandadas por ela. É evidente
que a sua bravura não tinha como prosperar e foi sucumbida pelo poder da união construída
contra a firme e decisiva atuação dessa valiosa e competente mulher, que teve
sua voz diluída no vácuo, sem eco no âmbito da carreira que sabe se organizar
com eficiência como o mais poderoso corporativismo do serviço público, que o torna
hermético e de difícil alcance pela própria Justiça. Não obstante as denúncias
não terem resultado mudança significativa no âmbito do Poder Judiciário, porque
não se tem notícia que nenhum caso de ilegalidade foi apurado e, de
consequência, ninguém foi importunado nem alcançado pelo enquadramento de crime
de bandidagem, objeto da denúncia da magistrada, mas agora a brava ex-ministra
tem excelente oportunidade para, no caso de ser eleita senadora, prestar
efetiva contribuição ao Brasil, na defesa de seus ideais de justiça e de
moralização das práticas político-administrativas, que teriam sido semeadas por
ela com essa finalidade por ocasião da sua proficiente e brilhante passagem
pelo Poder Judiciário. É extremamente desanimador
que país tão grande, quase continental, como o Brasil tenha tão poucas mulheres
com a fibra de brasilidade como essa cidadã, que teve a dignidade de apontar o
câncer da corrupção existente no Poder Judiciário, embora não tenha encontrado
respaldo suficiente para o aprofundamento de suas denúncias, mas a sua
disposição teve o aplauso de significativa parcela da população, que anseia por
que a bandidagem seja extirpada da face da Terra. É induvidoso que existem muitas
mulheres guerreiras no país, do quilate dessa senhora, que teve a oportunidade
de mostrar a sua valentia e disposição para enfrentar desafio de enorme magnitude,
como esse da magistratura, cujo fato serve de modelo para outras cidadãs
denunciarem os malfeitos perpetrados contra o interesse da nação. A sociedade
anseia, com muita expectativa, por que a ex-ministra seja vitoriosa no seu intento
político-eleitoral, à vista da sua consagração no exercício de importante cargo
no Poder Judiciário, de modo que o Parlamento possa ser fortalecido e
moralizado com o seu ingresso como senadora, para benefício dos brasileiros,
que esperam por medidas legislativas capazes de justificar a atuação dos
representantes do povo. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 04 de setembro de 2014
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