sábado, 27 de setembro de 2014

O apoio que denigre

Na mídia estatal (não há privada) da Venezuela, a campanha presidencial brasileira é analisada como verdadeira luta entre o bem e o mal, representados, respectivamente, pela candidata à reeleição e pela ex-senadora, que é considerada direitista. Por se tratar de candidata alinhada com a política bolivariana do presidente venezuelano, a petista mereceu tempo especial na televisão, com reportagens impressas e na televisão mostrando matérias editadas com títulos favoráveis à petista, pondo em destaque expressões como "melhoras sociais" e "criação de empregos.". A reportagem na TV Telesur, canal de notícias internacionais, lançado pelo então presidente venezuelano e bancado com apoio de Cuba, Bolívia e Argentina. O site da emissora frisou que "Dilma reforçará avanços na educação.". Já a pessebista é apresentada como defensora da "implementação de políticas neoliberais", que ameaçam empurrar milhões de brasileiros de volta à pobreza. A TV Telesur promove campanha mais virulenta contra a ambientalista, que merece o título de candidata da "extrema direita" que busca criar laços de "submissão, vassalagem e alta dependência" com os EUA, a exemplo do que supostamente fizeram o regime militar e os ex-presidentes anteriores ao governo petista. Noutra reportagem, a televisão venezuelana fez severas críticas à ex-senadora, ao afirmar que "É claro que dona Marina conspiraria, até aniquilá-lo, com o exitoso programa brasileiro de combate à fome para substitui-lo, obviamente, com algum programa de ajuste pautado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional)... para que os mais pobres se rasguem com suas próprias unhas.". Em contraposição, foi atribuída ao governo petista a "redução de 75% da pobreza no Brasil" e alertou para o risco de “retrocessos internos, em caso de vitória de Marina, qualificada como próxima do capitalismo.”. Na Telesur, foi dito que mudança de governo no Brasil poderia causar "impacto negativo" no processo de integração regional. A candidata petista não poderia merecer presente melhor vindo da Venezuela, com afirmações que se encaixam exatamente ao seu perfil de grande estadista, que teria conseguido transformar uma republiqueta em grande nação, com destaque para os gigantescos avanços na transferência de renda, com enormes melhoras no campo social, ou seja, era tudo o que a petista gostaria de ouvir, para afagar o seu ego, principalmente porque aqui no Brasil, as qualidades dela são exatamente contrárias às enaltecidas pelo ditador venezuelano, que certamente paga com elogios exagerados e inverossímeis as ajudas econômicas e em apoio recebidos do país amigo: o Brasil. Ocorre que, à toda evidência, um país destroçado e arruinado como a Venezuela, totalmente destruído pelas perdas das virtudes inerentes aos direitos humanos, às liberdades de pensamento e de expressão e à democracia, que foram jogados para o espaço abraçados com o regime bolivariano, que se caracteriza pela truculência da repressão sobre o povo, que foi submetido aos rigores da alta inflação e da escassez de produtos de primeira necessidade, em franco processo de racionamento, ante às enormes dificuldades econômicas que afetam o país. Na verdade, para o bom entendedor, os elogios vindos do governo venezuelano para a candidata petista funcionam muito mais como verdadeira contribuição depreciativa e negativa, justamente por se tratar de pessoa que menospreza os valores humanos e os princípios democráticos, não oferecendo a menor credibilidade quanto ao seu posicionamento sobre qualquer assunto de interesse político e administrativo, não tendo a menor influência senão depreciativa e sem o menor valor como mérito de estadista, haja vista que é notório o desastroso desempenho da gestão do presidente da Venezuela, em cujo país faltam bens essenciais, inclusive papel higiênico, que é vendido sob rigoroso controle, dando a entender que o povo não pode se exceder nos hábitos costumeiros. O certo é que a generosa propaganda política do ditador do país amigo do Brasil apenas confirma o velho provérbio segundo o qual Diga-me com quem andas e eu te direi quem és”, expressão essa que indica que se conhecem as reais qualidades de uma pessoa pela companhia que ela mantém. No caso sob exame, fica muito evidente a péssima qualidade dos governantes que estão sendo apoiados pelo governo tupiniquim, que faz questão de menosprezar a pareria com as nações desenvolvidas, em cristalinos prejuízos aos interesses nacionais. Em se tratando do presidente venezuelano, não precisa acrescentar mais nada, porque conviria até que seus apegos sequer existissem, eis que suas qualidades têm os predicados meléficos que não se encaixam num país que almeja se desenvolver sob os princípios maiores da democracia e do saudável respeito aos direitos humanos e às liberdades individuais. A sociedade precisa se conscientizar, atenta à soberania nacional, sobre as companhias e as amizades indesejáveis e nefastas nutridas pelo governante brasileiro, como forma de se avaliar acerca dos malefícios que elas podem causar aos interesses nacionais. Acorda, Brasil!    
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 26 de setembro de 2014

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