Os Correios, estatal
comandada pelo PT, distribuíram em São Paulo panfletos da candidata oficial,
sem chancela ou comprovante de que houve postagem oficial, cuja estampa faz
parte de obrigatoriedade prevista em norma da própria estatal, de modo a demonstrar
o pagamento para o envio regular da propaganda eleitoral. A ausência da
chancela dificulta o controle sobre a quantidade do material distribuído pelo
partido que, no caso, teriam sido de 4,8 milhões de panfletos, que foram
distribuídos sem o devido sinete dos Correios. Os petistas obtiveram a aludida exceção
por meio de comunicado interno dos Correios em São Paulo, cujo procedimento teria
sido autorizado em caráter “excepcional”, para a distribuição de postagem dos
folders na modalidade de mala postal domiciliária (MPD), embora seja “requisito
mínimo” para os próprios Correios que cada “santinho” enviado pela mala direta
deve ter a chancela, com a descrição do nome e do CNPJ do candidato, além de
ser obrigatória a menção do ano das eleições e da origem da postagem, entre
outras inscrições. A distribuição dos panfletos regionalizados, sem estampa
oficial, deu origem à rebelião de parte dos carteiros, que ameaçaram não
entregá-los. Esse episódio também deu ensejo à denúncia das entidades
representantes dos carteiros à Justiça Eleitoral, que solicitou explicações aos
Correios. Como se tratava de caso estranho, por fugir da normalidade, os carteiros
questionaram a irregularidade aos seus superiores, mas eles foram orientados
pelos gestores dos centros de distribuição a entregá-los como estavam. A
candidata petista afirmou que o envio de panfletos de sua campanha foi
chancelado "de outra forma"
pelos Correios, sem adentrar nos detalhes e disse que “se a campanha cometeu equívoco, vai prestar conta". Ela
classificou a revelação feita pelo Estado
como “factoide de campanha. É um equívoco monumental. Nós pagamos. Temos
a nota fiscal. Contratamos um serviço que os Correios prestam para qualquer
entidade". Essa outra forma (dita pela candidata) utilizada pela
campanha petista já não é novidade para ninguém, porque seus métodos nem sempre
se compatibilizam com as normas regulamentares e legais, como no caso em
comento, em que a forma correta teria sido o emprego da chancela nos panfletos,
como fazem os demais candidatos. Não há dúvida de que, para o governo,
contrariar o princípio de correção não significa nenhuma mácula quando isso é
feito em benefício de seus interesses, a exemplo do uso indevido dos Correios,
em ferimento às suas normas operacionais, denunciado pelos carteiros. É no
mínimo estranho que os carteiros sejam obrigados a entregar panfletos sem a
devida chancela, porque isso significa o mesmo que a entrega de carta sem o
selo, o que não é possível, nem num caso nem outro, porque se trata de empresa
que tem custo altíssimo com sua manutenção, em que pese ser uma estatal cuja
renda vem da sua prestação de serviços. Trata-se de irregularidade eleitoral
que não pode ficar sem a devida investigação pelos órgãos de controle e
fiscalização, na forma da sua incumbência constitucional. Não é novidade que o
PT utiliza, de forma inescrupulosa, a máquina pública em benefício da sua
candidata, fato que constitui imoralidade reprovável pela sociedade, que precisa
se conscientizar, com urgência, sobre a necessidade de pôr limites a abusos
desse jaez, que somente faz sentido nas republiquetas, onde o povo é
completamente dominado pelo arraigado assistencialismo, com a finalidade de ser
angariada a sua simpatia e a sua concordância com os desmandos e os
desgovernos. No país tupiniquim, o povo
não teria dito que quer mudanças? Como promover mudanças na administração pública
do país, se a candidata governista pratica, às claras, reiteradas
irregularidades, fazendo uso da máquina pública, como as constantes entrevistas
no Palácio da Alvorada, como se tratasse de um bem particular, e agora se
utilizando dos Correios, de maneira muito questionável para a mandatária do
país, que não se rubesce com prática incomum e recriminável, com explícita
demonstração de que os fins justificam os meios? Na realidade, o governo não
está nem aí para os anseios do povo sobre mudanças de atitudes dos gestores
públicos, que envolveriam, necessariamente, a conscientização sobre a
moralização das atividades político-administrativas, com a imperiosa
observância dos princípios da dignidade e da honestidade. Não há dúvida sobre a
premência quanto às mudanças na administração do país, ante a evidente degeneração
predominante na gestão das verbas públicas, a constância dos atos de corrupção
com recursos públicos, o fisiologismo alastrante na máquina pública, a
precariedade da prestação dos serviços públicos e o descrédito da classe política
dominante. As atitudes de indiferenças do governo são de total menosprezo às
aspirações de mudanças, que não passam de devaneio, porque a mentalidade dos
brasileiros não entende o que seja realmente dignidade, honestidade, moralidade
e decoro na aplicação dos recursos públicos. À toda evidência, percebe-se que o
governo é o espelho do povo, que exige mudanças, mas, de forma inexplicável, se
conforma com a patente incompetência da administração do país, enquanto, por
seu turno, o governo não muda nada, mas ainda tem o desplante de afirmar que é
o governo das mudanças. A sociedade precisa se conscientizar, com
urgência, que a máquina pública não pode servir de instrumento de apoio para
beneficiar pessoas ou partidos, em detrimento das causas nacionais e do povo,
em geral. Os brasileiros, atentos ao seu dever cívico, não podem permitir que o
Brasil continue sendo administrado sob a ótica do retrocesso e das práticas
contrárias aos princípios e ideários de modernização, moralização e desenvolvimento,
começando por recriminar e repudiar com veemência tudo de errado e de incorreto
protagonizado pela administração pública. Urge que os brasileiros se mobilizem,
por todos os meios, contra o desgoverno e a má administração do país,
concitando o povo a lutar em prol dos princípios democrático e republicano, no
sentido da viabilização da salutar alternância de poder, do combate à corrupção
nas atividades político-administrativas, da extinção do aparelhamento do Estado,
do fisiologismo na administração pública, e, enfim da modernidade da
administração pública, com a implantação de mecanismos aperfeiçoados e
eficientes de gestão dos recursos dos brasileiros. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 21 de setembro de 2014
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