A candidata petista, em
clara demonstração de desespero com o súbito e fenomenal crescimento da
candidata pessebista, lançou mão de expediente nada recomendado para o bom
nível de campanha, ante a nítida tentativa de se atingir a credibilidade da
adversária, ao compará-la, durante o programa eleitoral gratuito na televisão,
aos ex-presidentes da República que, respectivamente, renunciou ao cargo em
1961 e foi afastado da Presidência, por impeachment, em 1993, pelo fato de que
as possíveis mudanças propostas pela ex-senadora não serem viáveis, em virtude
da falta de apoio político no Congresso Nacional, tornando inépcias as
propostas por ela enviadas ao Parlamento. A guerra de acusação parece que
apenas começou e deve se intensificar ainda mais se a candidata do PSB
continuar crescendo nas pesquisas de intenções de voto, que tanto estão
incomodando os candidatos vindos logo em seguida a ela. Não é novidade para
ninguém de que, segundo as últimas pesquisas eleitorais, a presidenciável
petista, caso haja segundo turno, seria massacrada pela ex-senadora, que
certamente herdará parcela expressiva dos votos do tucano, que não votariam na
petista. No programa da petista, um locutor afirmava, de maneira categórica:
"Duas vezes na nossa história, o
Brasil elegeu salvadores da pátria, chefes do partido do eu sozinho. E a gente
sabe como isso acabou. Sonhar é bom, mas eleição é hora de colocar o pé no chão
e voltar à realidade.". Já no debate entre candidatos à Presidência, a
petista asseverou que, se eleita, a adversária do PSB terá uma pequena base de
apoio no Parlamento e sentenciou: "Sem
o apoio no Congresso, não é possível assegurar um governo estável, sem crise
institucional”. Logo em seguida, foi a vez de um ator afirmar, na TV, que a
presidente do país, quando deveria se referir à candidata do PT, "reúne tudo o que um governante precisa. Tem
conhecimento dos problemas, sabe como construir as soluções e tem força
política para realizar os seus projetos. Porque em uma democracia, ninguém
governa sem partidos. Ninguém governa sozinho". A propaganda do PT ainda
ironizou a diminuta base de apoio à candidata pessebista, na Câmara dos
Deputados, ao apontar que, no momento, ela soma 33 deputados, aproveitando para
alfinetá-la, afirmando: "Sabe de
quantos ela precisaria para aprovar um simples projeto de lei? No mínimo, 129.
E uma emenda constitucional? 308. Como é que você acha que ela vai conseguir
esse apoio sem fazer acordos? E será que ela quer? Será que ela tem jeito para
negociar?". Não há a menor dúvida de que as insinuações da petista
constituem verdadeiras aulas de prepotências e petulâncias, por menosprezar a
capacidade da ex-senadora, que, embora ainda não tenha sido colocada à prova,
não pode, à luz do bom sendo, da sensibilidade e da civilidade, ser previamente
menosprezada e muito menos reduzida comparativamente à insignificância daqueles
que somente teria tido condições de negociar a aprovação de seus projetos
mediante negociatas e conchavos envolvendo a entrega de ministérios e empresas
públicas, que passaram a ser dirigidos por políticos sem qualificação e sem preparo
técnico-profissional, em total prejuízo da eficiência da administração pública quanto
à prestação dos serviços públicos. Além
da compra do apoio político, o governo, que sempre manteve a maioria absoluta
do Parlamento, foi obrigado, por várias vezes, a liberar recursos de emendas parlamentares,
sob pena de não conseguir aprovar matérias de seu interesse, fato esse que
demonstra simplesmente que não basta de ter maioria no Congresso para aprovação
de seus projetos, mas sim competência para conduzir as matérias de interesse da
sociedade e do país, porquanto os parlamentares, na forma prevista na Carta
Magna, são representantes não do Palácio do Planalto, mas do povo, que também
tem a incumbência de custear a manutenção do maior orçamento do mundo para o
funcionamento de Parlamento. Não é crível que governo seja obrigado a negociar,
barganhar e até se humilhar diante do Congresso, para a aprovação de projetos
de interesse da sociedade, repita-se, que paga regiamente aos seus integrantes a
remuneração e os injustificáveis penduricalhos, como verbas disso e daquilo,
mordomias, regalias etc., motivo pelo qual, à luz dos princípios da
razoabilidade e da civilidade, eles não podem se negar ao cumprimento do dever
constitucional para o qual foram eleitos. Impende assinalar que governo
competente, mesmo sem maioria no Parlamento, não pode ficar a reboque das
chantagens e das exigências dos inescrupulosos parlamentares, submetendo-se a
seus caprichos em troca de agrados e de benesses próprios do poder, porque isso
somente evidencia incompetência e fragilidade de quem não capacidade para
governar o país com a grandiosidade do Brasil. É justamente no momento de
dificuldade que o estadista deve mostrar capacidade para negociação e convencimento
sobre suas ações, que devem sempre versar sobre matérias de interesse público,
para a exclusiva satisfação da sociedade, sem nenhuma vinculação com propósitos
eleitoreiros e muito menos com objetivos voltados à perenidade no poder. A
sociedade precisa se conscientizar de que apelos injustificáveis, como os de
comparações infundadas e discriminatórias, devem ser, de pronto, repudiados em
benefício do aperfeiçoamento dos princípios democrático e republicano, tendo em
vista que o seu propósito não passa da tentativa de denegrir a capacidade do semelhante.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 04 de setembro de 2014
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