sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Exploração eleitoreira ou incompetência?

Diante da revelação do pagamento de propina a políticos da base governista, a presidente petista candidata à reeleição, totalmente acuada e sem atitude em razão das duras críticas ao seu governo, esboçou reação dizendo que seus adversários estão fazendo uso eleitoreiro das denúncias de corrupção na Petrobras. Segundo ela, as investigações sobre os fatos partiram do próprio governo. Em tom irônico, próprio dos petistas, a presidente mandou recados para os candidatos tucano e pessebista, com a insinuação de que escândalos relacionados a eles não chegaram a ser investigados. Ela disse que “Hoje há (exploração eleitoreira). Até porque os dois candidatos não podem esquecer os seus telhados. Eu não vou ficar aqui falando do telhando do ninguém. Mas eles devem olhar os seus telhados. O meu telhado tem a firme determinação na investigação. Ele é um telhado cobertinho pela PF investigando, por um Ministério Público com autonomia e pela lei anticorrupção que nós aprovamos”. A presidente disse que, nos últimos três governos, houve investigação, ao contrário do que ocorria antes: "Quem não investiga não descobre. Não engavetamos. Nós investigamos, fizemos o dever de casa. Não deixamos escondido debaixo do tapete. O que aumentou foi a investigação da corrupção". A presidente se vangloria do aumento das investigações e da existência dos instrumentos apropriados, criados por ela. Não há dúvida de que houve significativo crescimento das investigações por consequência do surpreendente aumento das roubalheiras e dos seguidos e frequentes casos de irregularidades e de corrupção nos últimos três governos. Trata-se de fatos extremamente deprimentes e lamentáveis, porque isso reflete a decadência dos princípios da honorabilidade e da moralidade na administração pública, em razão dos danos causados ao patrimônio dos brasileiros. O aumento das investigações, ao contrário, não pode significar motivo para o gestor público se orgulhar, porque isso demonstra depauperação dos princípios da honestidade e da dignidade com relação à gestão dos recursos públicos e patente fragilidade do governo, ante a incompetência para se evitar o câncer da corrupção. A normalidade administrativa pressupõe que o governo não precise de aparato para combatê-la, caso a gestão pública se fundasse nos conceitos da prudência, correção, eficiência e competência, como forma de serem evitados os constantes ataques aos cofres públicos. Na realidade, o governo nem precisaria da proteção de telhado caso houvesse lisura, decoro e probidade na aplicação dos recursos dos brasileiros. Nos países desenvolvidos político e democraticamente, existe policiamento apenas para a finalidade própria de combate à criminalidade e não para investigação de casos de corrupção, tão comuns no país tupiniquim, que é obrigado a comprometer parte de seu orçamento com despesas que poderiam ser evitadas, caso não houvesse a banalização da corrupção. Por sua vez, impende sublinhar que a presidente e seus correligionários têm o péssimo hábito de se apropriar de situações pretéritas, ocorridas em administrações remotas, para tentar justificar irregularidades na atual gestão, como se erros de outrem tivessem o condão de abonar ou respaldar falhas e irregularidades que o governo tem o dever de evitá-las. De forma absolutamente sem plausibilidade, a petista lembrou ao candidato do PSDB que, em 2001, último ano do governo tucano na Presidência da República, houve afundamento da plataforma P36, cujo fato, segundo ela, não chegou a ser investigado. Ou seja, a presidente perde excelente oportunidade para mostrar competência, não somente para assumir as irregularidades no seu governo, mas para apresentar efetivas medidas para solucioná-las, sem necessidade de apontar falhas de outras gestões, que não contribuem em absoluto para coisa alguma. O certo é que, na administração petista, as irregularidades vêm ocorrendo como nunca vistas na história deste país, o que evidencia cristalina incapacidade de controle no gerenciamento dos recursos dos brasileiros, cujos corruptos à sombra da impunidade, salvo o clamoroso caso do mensalão, que foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal, diga-se, com base nas robustas provas constantes dos autos e pela caracterização dos crimes de lavagem de dinheiro, peculato, corrupção ativa e corrupção passiva, em clara mostra da degeneração dos princípios da administração pública, em especial da moralidade e da honestidade que são inseparáveis dos homens públicos. Causa perplexidade ao cidadão honesto a negação do maligno mensalão, que não existido para os petistas, em clara afirmação de desprezo aos princípios da moralidade e da dignidade. Na realidade, a disseminação da desmoralização na administração pública reforça o entendimento segundo o qual o país está precisando, com urgência, de estadista com visão, capacidade e qualificação gerenciais capazes de administrar o país com a eficiência que não permita reiterados casos de corrupção e de irregularidades com recursos públicos, cuja banalização de suas ocorrências vem obrigando o governo a aparelhar, de forma sistemática, com desvio de finalidade e gastos desnecessários, policiamento especializado, com o objetivo de promover permanentes e infindáveis investigações, porquanto isso demonstra ineficiência e incompetência do administrador público, que tem se tornado cada vez mais refém das assoberbadas justificativas sem plausibilidade sobre irregularidades insanáveis. O povo tem a obrigação de exigir dos governantes profundas investigações sobre os casos de corrupção, à luz da imperiosa observância aos princípios da legalidade e da dignidade, que devem imperar na gestão dos recursos públicos, a par de se tratar da sua incumbência constitucional quanto ao zelo pela integridade do patrimônio da sociedade e ao dever de impedir que os culpados por irregulares fiquem impunes e continuem transgredindo o regramento jurídico país. Compete à sociedade, no âmbito do seu dever cívico, conscientizar-se sobre a urgente necessidade de se evitar que os desmandos, a malignidade e a incompetência predominem sobre a esperança que ainda resta para parcela de brasileiros. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de setembro de 2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário