Diante
da revelação do pagamento de propina a políticos da base governista, a
presidente petista candidata à reeleição, totalmente acuada e sem atitude em
razão das duras críticas ao seu governo, esboçou reação dizendo que seus
adversários estão fazendo uso eleitoreiro das denúncias de corrupção na
Petrobras. Segundo ela, as investigações sobre os fatos partiram do próprio
governo. Em tom irônico, próprio dos petistas, a presidente mandou recados para
os candidatos tucano e pessebista, com a insinuação de que escândalos
relacionados a eles não chegaram a ser investigados. Ela disse que “Hoje há (exploração eleitoreira). Até porque os dois candidatos não podem
esquecer os seus telhados. Eu não vou ficar aqui falando do telhando do
ninguém. Mas eles devem olhar os seus telhados. O meu telhado tem a firme
determinação na investigação. Ele é um telhado cobertinho pela PF investigando,
por um Ministério Público com autonomia e pela lei anticorrupção que nós
aprovamos”. A presidente disse que, nos últimos três governos, houve
investigação, ao contrário do que ocorria antes: "Quem não investiga não descobre. Não engavetamos. Nós investigamos,
fizemos o dever de casa. Não deixamos escondido debaixo do tapete. O que
aumentou foi a investigação da corrupção". A presidente se vangloria
do aumento das investigações e da existência dos instrumentos apropriados,
criados por ela. Não há dúvida de que houve significativo crescimento das
investigações por consequência do surpreendente aumento das roubalheiras e dos
seguidos e frequentes casos de irregularidades e de corrupção nos últimos três
governos. Trata-se de fatos extremamente deprimentes e lamentáveis, porque isso
reflete a decadência dos princípios da honorabilidade e da moralidade na
administração pública, em razão dos danos causados ao patrimônio dos
brasileiros. O aumento das investigações, ao contrário, não pode significar
motivo para o gestor público se orgulhar, porque isso demonstra depauperação
dos princípios da honestidade e da dignidade com relação à gestão dos recursos
públicos e patente fragilidade do governo, ante a incompetência para se evitar o
câncer da corrupção. A normalidade administrativa pressupõe que o governo não precise
de aparato para combatê-la, caso a gestão pública se fundasse nos conceitos da prudência,
correção, eficiência e competência, como forma de serem evitados os constantes
ataques aos cofres públicos. Na realidade, o governo nem precisaria da proteção
de telhado caso houvesse lisura, decoro e probidade na aplicação dos recursos
dos brasileiros. Nos países desenvolvidos político e democraticamente, existe
policiamento apenas para a finalidade própria de combate à criminalidade e não
para investigação de casos de corrupção, tão comuns no país tupiniquim, que é
obrigado a comprometer parte de seu orçamento com despesas que poderiam ser
evitadas, caso não houvesse a banalização da corrupção. Por sua vez, impende
sublinhar que a presidente e seus correligionários têm o péssimo hábito de se
apropriar de situações pretéritas, ocorridas em administrações remotas, para tentar
justificar irregularidades na atual gestão, como se erros de outrem tivessem o
condão de abonar ou respaldar falhas e irregularidades que o governo tem o dever
de evitá-las. De forma absolutamente sem plausibilidade, a petista lembrou ao candidato
do PSDB que, em 2001, último ano do governo tucano na Presidência da República,
houve afundamento da plataforma P36, cujo fato, segundo ela, não chegou a ser
investigado. Ou seja, a presidente perde excelente oportunidade para mostrar
competência, não somente para assumir as irregularidades no seu governo, mas
para apresentar efetivas medidas para solucioná-las, sem necessidade de apontar
falhas de outras gestões, que não contribuem em absoluto para coisa alguma. O
certo é que, na administração petista, as irregularidades vêm ocorrendo como
nunca vistas na história deste país, o que evidencia cristalina incapacidade de
controle no gerenciamento dos recursos dos brasileiros, cujos corruptos à
sombra da impunidade, salvo o clamoroso caso do mensalão, que foi julgado pelo
Supremo Tribunal Federal, diga-se, com base nas robustas provas constantes dos
autos e pela caracterização dos crimes de lavagem de dinheiro, peculato,
corrupção ativa e corrupção passiva, em clara mostra da degeneração dos
princípios da administração pública, em especial da moralidade e da honestidade
que são inseparáveis dos homens públicos. Causa perplexidade ao cidadão honesto
a negação do maligno mensalão, que não existido para os petistas, em clara
afirmação de desprezo aos princípios da moralidade e da dignidade. Na
realidade, a disseminação da desmoralização na administração pública reforça o
entendimento segundo o qual o país está precisando, com urgência, de estadista
com visão, capacidade e qualificação gerenciais capazes de administrar o país
com a eficiência que não permita reiterados casos de corrupção e de
irregularidades com recursos públicos, cuja banalização de suas ocorrências vem
obrigando o governo a aparelhar, de forma sistemática, com desvio de finalidade
e gastos desnecessários, policiamento especializado, com o objetivo de promover
permanentes e infindáveis investigações, porquanto isso demonstra ineficiência
e incompetência do administrador público, que tem se tornado cada vez mais refém
das assoberbadas justificativas sem plausibilidade sobre irregularidades insanáveis.
O povo tem a obrigação de exigir dos governantes profundas investigações sobre os
casos de corrupção, à luz da imperiosa observância aos princípios da legalidade
e da dignidade, que devem imperar na gestão dos recursos públicos, a par de se tratar
da sua incumbência constitucional quanto ao zelo pela integridade do patrimônio
da sociedade e ao dever de impedir que os culpados por irregulares fiquem impunes
e continuem transgredindo o regramento jurídico país. Compete à sociedade, no
âmbito do seu dever cívico, conscientizar-se sobre a urgente necessidade de se evitar
que os desmandos, a malignidade e a incompetência predominem sobre a esperança
que ainda resta para parcela de brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de setembro de 2014
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