O candidato a
governador do Distrito Federal que vinha liderando, até com folga, as pesquisas
de intenções de voto decidiu, para o bem dos brasilienses, da moralidade e da democracia, desistir de continuar na disputa ao Buriti. No seu
lugar assume o candidato a vice-governador e a chama se completa com a esposa
do ex-candidato como vice-governadora. Os correligionários avaliaram que a
situação do desistente se tornou insustentável após as sucessivas derrotas dele
no Superior Tribunal de Justiça e Tribunal Superior Eleitoral. Nunca na
história de Brasília, um homem público havia dado tamanha prova de indignidade e
de desmoralização para as pessoas honradas do Distrito Federal, mas, apesar da
má reputação político-administrativa, ele tentava voltar ao Palácio do Buriti, não
importando de ter sido flagrado recebendo pacotes de dinheiro sujo da mão de
outro servidor público, fato esse que constituiu uma das cenas mais degradantes
que um político pode protagonizar diante das câmaras. Por ter se envolvido no
escândalo conhecido como “mensalão do DEM”, ele foi condenado por crime de
improbidade administrativa tanto pelo juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública,
quanto pela 2ª Câmara Criminal do Distrito Federal. Em razão dessas
condenações, o Tribunal Superior Eleitoral indeferiu o pedido de registro da
candidatura dele, com respaldo na regra insculpida na Lei da Ficha Limpa, que
veda o ingresso na vida pública de condenado por colégio de juízes. A
candidatura do ex-governador era insustentável, sob a ótica da ética, da
moralidade e do decoro, porque ele havia sido condenado por crime de
improbidade administrativa, por ter se envolvimento no aludido escândalo, não
tendo conseguido provar, na Justiça, a sua inocência no rumoroso caso. A
situação do ex-candidato era tão complicada que ele tentava anular a condenação
originária pelo crime de improbidade administrativa, mas ele não obteve êxito,
porque o tribunal entendeu que as decisões que o condenaram estavam revestidas
de legitimidade e sedimentadas nos fatos robustamente comprovados. Não
adiantava o ex-governador estrebuchar para conseguir transformar um ato de
indignidade, de sujeira moral, em algo legítimo e capaz de abonar o reprovável e
injustificável desvio de recursos públicos, como se as pessoas de bem fossem um
bando de inúteis, imbecis e alienados, que aceitasse ser governado por pessoa
desqualificada, que teve a capacidade de participar de esquema com outros agentes
públicos para se beneficiar de dinheiro sujo. A situação dele era ainda
representativa da maior gravidade, porque ele era reincidente em irregularidade
no exercício de cargo público eletivo, por ter sido um dos violadores do painel
do Senado Federal, por ocasião da cassação de um senador do Distrito Federal,
fato que o levou a renunciar ao cargo de senador para não ser cassado. Ou seja,
a vida pregressa dele estava completamente suja, não recomendando sequer que
ele tivesse tencionado quanto mais insistido em ser novamente governador do
Distrito Federal, cargo para o qual se exige não somente competência para
administrador como também o preenchimento dos requisitos de honestidade,
dignidade e conduta exemplar, princípios morais que ele já teria dado provas
cabais de que não teria, à vista dos péssimos exemplos da sua atuação à frente
do governo do Distrito Federal, quando, de forma despudorada, encabeçou esquema
composto por seus asseclas, cujos fatos foram devidamente filmados e mostrados de
forma reiterada à sociedade, que ficou atônita e incrédula diante das cenas tão
deprimentes e degradantes envolvendo a apropriação indevida de recursos
públicos. A candidatura do ex-governador foi péssimo exemplo para o país e
clara demonstração de que os homens públicos não dão o mínimo valor ao
princípio da moralidade nas atividades político-administrativas, ao imaginarem
que podem participar de atos de corrupção e continuarem normalmente exercendo
os mesmos cargos onde a praticaram, como se essa indignidade não maculasse a
sua reputação e não tivesse qualquer reflexo na gestão dos recursos dos
contribuintes. Esse câncer da corrupção na administração pública, que corrói as
verbas orçamentárias, precisa ser combatido com as forças da sociedade honrada
e digna, como forma de moralização do país. A sociedade candanga sente-se
honrada com a desistência da candidatura de cidadão que foi capaz de manchar a
dignidade de um povo de índole honesta, que merece ser governado por homem
público com qualificação, competência e conduta ilibada e honrada, sem qualquer
mácula que possa suscitar o mínimo de suspeita quanto a sua decência e
honestidade. Acorda, Brasília!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 13 de setembro de 2014
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