domingo, 14 de setembro de 2014

Premência de moralidade

O candidato a governador do Distrito Federal que vinha liderando, até com folga, as pesquisas de intenções de voto decidiu, para o bem dos brasilienses, da moralidade e da democracia, desistir de continuar na disputa ao Buriti. No seu lugar assume o candidato a vice-governador e a chama se completa com a esposa do ex-candidato como vice-governadora. Os correligionários avaliaram que a situação do desistente se tornou insustentável após as sucessivas derrotas dele no Superior Tribunal de Justiça e Tribunal Superior Eleitoral. Nunca na história de Brasília, um homem público havia dado tamanha prova de indignidade e de desmoralização para as pessoas honradas do Distrito Federal, mas, apesar da má reputação político-administrativa, ele tentava voltar ao Palácio do Buriti, não importando de ter sido flagrado recebendo pacotes de dinheiro sujo da mão de outro servidor público, fato esse que constituiu uma das cenas mais degradantes que um político pode protagonizar diante das câmaras. Por ter se envolvido no escândalo conhecido como “mensalão do DEM”, ele foi condenado por crime de improbidade administrativa tanto pelo juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública, quanto pela 2ª Câmara Criminal do Distrito Federal. Em razão dessas condenações, o Tribunal Superior Eleitoral indeferiu o pedido de registro da candidatura dele, com respaldo na regra insculpida na Lei da Ficha Limpa, que veda o ingresso na vida pública de condenado por colégio de juízes. A candidatura do ex-governador era insustentável, sob a ótica da ética, da moralidade e do decoro, porque ele havia sido condenado por crime de improbidade administrativa, por ter se envolvimento no aludido escândalo, não tendo conseguido provar, na Justiça, a sua inocência no rumoroso caso. A situação do ex-candidato era tão complicada que ele tentava anular a condenação originária pelo crime de improbidade administrativa, mas ele não obteve êxito, porque o tribunal entendeu que as decisões que o condenaram estavam revestidas de legitimidade e sedimentadas nos fatos robustamente comprovados. Não adiantava o ex-governador estrebuchar para conseguir transformar um ato de indignidade, de sujeira moral, em algo legítimo e capaz de abonar o reprovável e injustificável desvio de recursos públicos, como se as pessoas de bem fossem um bando de inúteis, imbecis e alienados, que aceitasse ser governado por pessoa desqualificada, que teve a capacidade de participar de esquema com outros agentes públicos para se beneficiar de dinheiro sujo. A situação dele era ainda representativa da maior gravidade, porque ele era reincidente em irregularidade no exercício de cargo público eletivo, por ter sido um dos violadores do painel do Senado Federal, por ocasião da cassação de um senador do Distrito Federal, fato que o levou a renunciar ao cargo de senador para não ser cassado. Ou seja, a vida pregressa dele estava completamente suja, não recomendando sequer que ele tivesse tencionado quanto mais insistido em ser novamente governador do Distrito Federal, cargo para o qual se exige não somente competência para administrador como também o preenchimento dos requisitos de honestidade, dignidade e conduta exemplar, princípios morais que ele já teria dado provas cabais de que não teria, à vista dos péssimos exemplos da sua atuação à frente do governo do Distrito Federal, quando, de forma despudorada, encabeçou esquema composto por seus asseclas, cujos fatos foram devidamente filmados e mostrados de forma reiterada à sociedade, que ficou atônita e incrédula diante das cenas tão deprimentes e degradantes envolvendo a apropriação indevida de recursos públicos. A candidatura do ex-governador foi péssimo exemplo para o país e clara demonstração de que os homens públicos não dão o mínimo valor ao princípio da moralidade nas atividades político-administrativas, ao imaginarem que podem participar de atos de corrupção e continuarem normalmente exercendo os mesmos cargos onde a praticaram, como se essa indignidade não maculasse a sua reputação e não tivesse qualquer reflexo na gestão dos recursos dos contribuintes. Esse câncer da corrupção na administração pública, que corrói as verbas orçamentárias, precisa ser combatido com as forças da sociedade honrada e digna, como forma de moralização do país. A sociedade candanga sente-se honrada com a desistência da candidatura de cidadão que foi capaz de manchar a dignidade de um povo de índole honesta, que merece ser governado por homem público com qualificação, competência e conduta ilibada e honrada, sem qualquer mácula que possa suscitar o mínimo de suspeita quanto a sua decência e honestidade. Acorda, Brasília!   
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 13 de setembro de 2014

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