terça-feira, 30 de setembro de 2014

Fragilidade diplomática

Em evidente demonstração de imaturidade diplomática, a presidente brasileira, ao discursar na abertura da Assembleia-Geral da ONU, aproveitou o espaço do principal palco do universo para criticar os ataques aéreos liderados pelos Estados Unidos da América, que vêm contando com apoio da quase unanimidade dos países do Oriente Médio, contra posições e áreas de treinamento de terroristas da Síria, conhecidos por Isis, que foi considerada como organização terrorista muito implacável, eficaz, violenta e radical por nada mais nada menos do que a liderança da Al Qaeda, que de santa também não tem nada. A fama daquele grupo terrorista é tão evidente que nenhum país do Oriente Médio o reconhece como interlocutor, mas a mandatária tupiniquim deu uma de boazinha para atropelar as saudáveis regras diplomáticas, ao sugerir, pasmem, diálogo com os terroristas e ainda lamentar os bombardeios a seus campos de treinamento. A presidente brasileira disse: “Eu lamento enormemente isso (os ataques aéreos dos EUA à Síria). O Brasil sempre vai acreditar que a melhor forma é o diálogo, é o acordo e a intermediação da ONU. O uso da força é incapaz de eliminar as causas profundas dos conflitos. (...) A cada intervenção militar, não caminhamos para a paz, mas, sim, assistimos ao acirramento dos conflitos. Vocês acreditam que bombardear a Isis resolve o problema? Porque, se resolvesse, eu acho que estaria resolvido no Iraque.”. A diplomacia tupiniquim está tão fora de sintonia com a realidade mundial que desconhece o fato de que os países como Rússia e China, sérios adversários dos EUA, sequer imaginaram defender conversa com terroristas, certamente por ter a exata compreensão, de forma racional e inteligente, sobre a sua ineficácia. É muito estranho que, com tanta demonstração de dissonância com as atuais realidade e a modernidade mundiais, a mandatária brasileira ainda tenha a ousadia de reivindicar assento permanente do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, mesmo depois de ter apresentado as piores credenciais por ocasião do seu desconectado discurso, não somente com relação à sua absurda sugestão de diálogo com o terrorismo, mas, sobretudo, ante as precariedades de segurança nacional, que ainda se apresenta na era paleolítica, de tanto suas políticas de segurança pública orbitarem distante do contexto mundial. Ainda bem que os países investidos da responsabilidade de barrar a fúria dos sanguinários terroristas que degolam, matam, torturam, escravizam, estupram e infernizam com métodos cruéis e arrasadores, cuidaram de cumprir a sua nobre missão, fazendo-se de ouvidos moucos aos apelos infundados e pueris da mandatária tupiniquim, que se fazia acompanhada no ato por séquito de assessores ainda mais despreparados e destituídos de senso humanitário, por terem permitido declarações tão estapafúrdias, diante de situação de extrema complexidade, que é a busca da verdadeira paz, que não se consegue com mero diálogo quando há irracionalidade numa das partes. A presidente brasileira se encontrava tão longe do foco dos problemas internacionais, não percebendo a sua gravidade, que foi obrigada a conhecer, no mesmo dia do seu discurso, quase como resposta contrária ao seu tresloucado apelo, a decisão do Conselho de Segurança da ONU, aprovada por unanimidade, autorizando os países-membros, entre os quais se inclui o Brasil, a adoção de enérgicas medidas contra a Isis, notadamente prevenindo o recrutamento, a organização, o transporte e a equipagem de indivíduos que viajam para outro país fora da sua residência ou nacionalidade, com a finalidade de perpetrar, planejar ou participar de atos terroristas. Reconhecendo o alto grau de perigo que a Isis representa para a paz mundial, o presidente dos EUA, sentenciou, afirmando que “A única língua que assassinos entendem é a força”. Não há dúvida de que a participação do Brasil, desta vez, na abertura da Assembleia-Geral da ONU pode ser considerada ato fora da curva, por evidenciar que a administração do país se encontra na contramão da história, construída brilhantemente por experientes e renomados diplomatas, que souberam elevar o nome do Brasil ao lugar de destaque internacional, justamente pela sabedoria, pelo equilíbrio e pela sensibilidade humanitária que tanto fazem falta na atualidade, ante a demonstração de despreparo da principal representante do país nas cortes internacionais. É verdade que a presidente brasileira teria prestado enorme contribuição à humanidade se tivesse ficado calada, pois só assim não teria sido tão rude e contundente quanto à sua falta de experiência para tratar das questões de suprema responsabilidade, como nesse caso, em que os terroristas, que não têm, no seu dicionário, o vocábulo “diálogo”, estão potencializando perigosamente suas maldades, ameaçando a paz mundial, mas a insensibilidade da presidente aflorou num momento inoportuno em que seu silencia teria o condão de contribuir, de forma expressiva, para o bem da humanidade. Urge que a diplomacia brasileira se aprimore e se modernize, quanto aos princípios que dizem com o concerto das nações desenvolvidas, com vistas à compreensão sobre os problemas mundiais, não permitindo que o Brasil se distancie das questões que envolvem a perseguida paz e fique isolado do contexto mundial, em razão da ideologia pouco racional da mandatária do país, que não pode se confundir com os interesses nacionais. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 29 de setembro de 2014

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