A presidente do Instituto Brasil disse à revista Veja que a ONG que dirige “... sempre serviu como um banco para o partido.
Com os recursos de convênios para a construção de casas populares, a gente
empregava as pessoas do PT, dava apoio aos militantes que estivessem passando
por dificuldades e alimentava as campanhas. Fizemos um convênio de 17 milhões
de reais para a construção de moradias populares. Boa parte dessa verba, uns 6
milhões, foi desviada para o caixa eleitoral do PT e justificada com notas fiscais
frias. Conseguimos eleger doze prefeitos do PT com o programa.”. Ela revelou como o aludido instituto
desviou mais de R$ 6 milhões do Fundo de Combate à Pobreza para as campanhas
eleitorais do PT. Na verdade, a ONG recebia os recursos para a construção de
casas populares, mas os imóveis, na sua maioria, nunca saiam do papel, tendo em
vista que houve desvio do dinheiro para as campanhas de políticos, em harmonia com
a degradante tradição de rapinagem que predomina de Norte a Sul do país, eis que
somente algumas casas foram efetivamente construídas, mas os envolvidos permaneceram
impunes, evidenciando a força da bandidagem incrustada no seio de políticos
inescrupulosos e impudicos. Agora, foram revelados os nomes de alguns maus
políticos, que se locupletaram da verba que seria para a construção de casas da
população carente, objeto do programa que tanto o PT se vangloria de manter com
essa finalidade. A presidente da ONG disse que os beneficiários dos recursos surrupiados
são políticos baianos do PT, tendo nominado o atual candidato ao governo da
Bahia, um ex-ministro, o presidente de uma empresa pública, um deputado federal
e um senador. Trata-se de mais uma ONG criada por petistas, com a importante finalidade
de serem construídas 1.120 casas populares, que seriam destinadas às famílias
de baixa renda, cujo aporte de recursos foi previsto em cerca de R$ 18 milhões,
provenientes do Fundo de Combate à Pobreza, que, ao invés atender os fins
preconizados, eles serviram mesmo para alimentar e financiar o caixa eleitoral
do PT baiano, esquema que teve funcionamento por uma década com verbas desviadas
de projetos sociais das administrações petistas, que movimentaram R$ 50 milhões
desde 2004. Segundo a presidente da ONG, o golpe era realizado mediante a
destinação do dinheiro para o instituto, que simulava a prestação do serviço,
mas o repassava para os candidatos do partido, cuja aplicação era fiscalizada
pelos próprios petistas, que atestavam a entrega de 1.000 casas populares, mas
somente eram construídas efetivamente 100 casas, sendo rateado entre os
políticos do partido o valor referente ao saldo das 900 casas não construídas.
A aludida presidente, ao se referir a ex-ministro, afirmou que “Eu
levei dinheiro para ele na secretaria (de Desenvolvimento Urbano do governo
federal). Levava num envelope normal
quantias que variavam de 20.000 e 50.000 reais. Fui várias vezes. Entregava nas
mãos de um assessor do Afonso, o Adriano”. Ela disse que, no processo do desvio
da verba, havia a participação de uma diretora da citada secretaria: “Era ela que fornecia as notas fiscais frias
para justificar a saída do dinheiro” e “A
gente sacava dinheiro no banco diariamente para a campanha”. A presidente
da ONG afirmou que ainda tem guardados os recibos referentes às transferências
dos recursos feitas à campanha de candidato petista à prefeitura de Salvador.
Os petistas negam as acusações, a exemplo de ex-ministro, que disse: “É mentira. Nunca peguei nada da mão dessa
mulher. Não tenho conhecimento desses pagamentos.”. Já o governador da
Bahia afirmou que desconhecia os fatos denunciados e prometeu investigar e
punir qualquer irregularidade envolvendo servidores do governo. A presidente da
ONG desabafou dizendo que “Vou levar
todos esses fatos ao conhecimento do Ministério Público. Quero encerrar esse
assunto, parar de ser perseguida. O ônus ficou todo comigo”. A procuradora
responsável pelas investigações ressaltou que havia localizado testemunhas que
acusavam políticos de se beneficiar do dinheiro desviado dos “projetos sociais”, mas “Faltavam-nos provas
para investigar essas suspeitas”, que agora são robustecidas com as novas e
fartas pistas. Não há a menor dúvida de que é mais um caso escabroso envolvendo
a participação de ONG, que no passado recente mostrou o seu maléfico poder de
lesão aos cofres públicos, justamente pela facilidade com que entes desse
gênero conseguem se beneficiar, ante a injustificável falta de controle e
fiscalização, sobre os pomposos e generosos recursos repassados por meio de convênios
manipulados por verdadeiras quadrilhas, que são constituídas por políticos em
conluio com familiares e amigos, tendo por finalidade desviar verbas, de forma
fraudulenta, para os bolsos da classe política dominante e de outras pessoas
desonestas. Causa enorme perplexidade se verificar que, ainda em pleno século
XXI, os órgãos de controle, externo e interno, e de fiscalização dos recursos
públicos demonstrem extrema fraqueza e completa incapacidade para controlar e
acompanhar a execução das despesas públicas, em especial por conta das ONGs,
que sabidamente foram instituídas por lei com a finalidade de facilitar as
fraudes reiteradamente denunciadas pela imprensa, porquanto, na quase
totalidade, elas não realizam os objetos dos convênios firmados com o Estado,
que já demonstrou total incapacidade de confirmar a efetividade dos serviços
pretendidos. Caso o Brasil fosse um país sério, os envolvidos seriam
imediatamente punidos com o rigor que o caso exige, inclusive com o
ressarcimento dos valores desviados, ante a constatação, no caso em comento, da
falta das casas previstas nos convênios, que existiram por, pelo menos, dez
anos, de muita roubalheira do dinheiro dos bestas dos contribuintes, que ainda
demonstram enorme felicidade de manter nos cargos os administradores lenientes
com as reiteradas irregularidades e corrupções no seio da administração
pública. Urge que a sociedade se desperte dessa terrível letargia que a impede
de vislumbrar os malefícios que a incompetência da administração do país vem
causando à população, como no caso em referência, onde os sem tetos continuaram
sem suas moradias, justamente pela ganância, desonestidade e falta de pudor de políticos
governistas, que desviaram para suas campanhas, à luz solar, recursos que
seriam para a construção de casas populares, em evidente desvio de finalidade
caracterizado como crime de improbidade administrativa. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 24 de setembro de 2014
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