As revelações
bombásticas do ex-diretor da Petrobras tiveram o efeito aterrorizador no âmbito
dos partidos governistas, em especial por evidenciar fatos que todo mundo já
sabia, menos, obviamente, os incrédulos, apaixonados e amantes dos heróis
petistas, os verdadeiros “salvadores” da pátria, que conseguem passam para seus
admiradores, como sendo modelo de eficiência, as “maravilhas” da administração arruinada,
puída, poluída e infectada por irregularidades, materializadas pelos frequentes
casos de desvios de recursos públicos para as contas de políticos
inescrupulosos, contumazes praticantes de fraudes contra os cofres públicos, a
exemplo do resultado da delação concedida ao aludido ex-diretor, que não deixa
dúvida quanto aos podres reinantes nos bastidores da República. Não obstante os
fatos tenham ocorrido nos dois primeiros anos do atual governo e nos dois
últimos do seu antecessor, a candidata petista manifestou temor sobre a
possibilidade de as revelações pertinentes poderem contaminar as intenções de
voto da presidente, que vinha se recuperando nas recentes pesquisas, ante a revelação
de enorme lista de políticos governistas supostamente envolvidos em esquema de
corrupção na estatal. Não há dúvida de que a preocupação se justifica,
porquanto, por ocasião da deflagração da Operação Lava Jato, as pesquisas
qualitativas mostraram que as suspeitas de corrupção na estatal contribuíram
para prejudicar a imagem da presidente, que já vinha sendo desgastada em
virtude dos desastrosos resultados das políticas econômicas, ou seja, numa
sociedade séria e evoluída, nenhum governo com índole cravejada por corrupção e
inépcia de gerenciamento, não há como evitar que a sua avaliação seja
efetivamente compatível com os resultados da sua gestão. Diante dessa
preocupante situação, a petista resolveu orientar que ninguém da campanha ou do
governo faça prejulgamentos ainda na fase que somente há citações a nomes e não
às supostas irregularidades pertinentes aos casos denunciados pelo ex-diretor. No
entanto, desde logo, há o entendimento de que os nomes mais expressivos do
governo terão que se afastar, de forma cautelar, a partir do surgimento dos
detalhes sobre as investigações. Há fortes motivos para a candidata petista se
exasperar, ante a eventual acusação de suspeitas sobre a compra da refinaria de
Pasadena, nos EUA, que vem sendo o principal foco de desgaste sobre ela,
embora, por enquanto, não haja nenhuma citação direta à presidente, que foi uma
das responsáveis pela aprovação do negócio, por ter participado, à época, do
Conselho de Administração da estatal, na qualidade de presidente dele. Estranha-se
que a cúpula governista apenas decida pelo possível afastamento de duas ou três
pessoas vinculadas ao imbróglio, quando a participação na bandalheira da
estatal envolve verdadeira quadrilha de criminosos, que se irmanaram nas
sujeiras e nas fraudes perpetradas contra os cofres da empresa e, de igual
modo, deveriam ser afastados dos suas funções exercidas na administração
pública, como demonstração de absoluta lisura e de isenção quanto aos fins
imprescindíveis para as investigações sobre as responsabilidades dos envolvidos.
Esse é o correto procedimento adotado nos países desenvolvidos cultural,
político e democraticamente, tendo em conta a premência das apurações e das
medidas corretivas, cujos resultados são, obrigatoriamente, apresentados à
sociedade, diferentemente do que acontece no país tupiniquim, onde o governo
acha normal blindar as investigações que estão sendo realizadas no Congresso Nacional,
exatamente versando sobre as irregularidades levantadas na Petrobras, tendo a
efetiva participação dos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos
Deputados, que foram incluídos no rol dos corruptos denunciados pelo ex-diretor
da empresa, ou seja, somente agora se pode finalmente entender as razões pelas
quais eles tanto resistiram para que sequer houvesse a instalação das CPIs,
porque a sua inexistência evitariam a revelação da podridão nos procedimentos
pertinentes ao recebimento de propinas. A sociedade precisa se conscientizar,
com a máxima urgência, sobre a imprescindível exigência da reformulação, do aperfeiçoamento
e da modernização das leis do país, em especial dos Códigos Penal e Eleitoral,
com vistas a enquadrar com severidade os crimes de improbidade administrativa e
de corrupção, de modo que possam ser imediatamente investigados pelo Congresso
Nacional os fatos irregulares e afastados dos cargos públicos os servidores
envolvidos, sob pena de responsabilização e de punição às autoridades omissas que
deixarem de adotar as medidas cabíveis ao saneamento das impropriedades.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 08 de setembro de 2014
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