terça-feira, 9 de setembro de 2014

A ruína administrativa

As revelações bombásticas do ex-diretor da Petrobras tiveram o efeito aterrorizador no âmbito dos partidos governistas, em especial por evidenciar fatos que todo mundo já sabia, menos, obviamente, os incrédulos, apaixonados e amantes dos heróis petistas, os verdadeiros “salvadores” da pátria, que conseguem passam para seus admiradores, como sendo modelo de eficiência, as “maravilhas” da administração arruinada, puída, poluída e infectada por irregularidades, materializadas pelos frequentes casos de desvios de recursos públicos para as contas de políticos inescrupulosos, contumazes praticantes de fraudes contra os cofres públicos, a exemplo do resultado da delação concedida ao aludido ex-diretor, que não deixa dúvida quanto aos podres reinantes nos bastidores da República. Não obstante os fatos tenham ocorrido nos dois primeiros anos do atual governo e nos dois últimos do seu antecessor, a candidata petista manifestou temor sobre a possibilidade de as revelações pertinentes poderem contaminar as intenções de voto da presidente, que vinha se recuperando nas recentes pesquisas, ante a revelação de enorme lista de políticos governistas supostamente envolvidos em esquema de corrupção na estatal. Não há dúvida de que a preocupação se justifica, porquanto, por ocasião da deflagração da Operação Lava Jato, as pesquisas qualitativas mostraram que as suspeitas de corrupção na estatal contribuíram para prejudicar a imagem da presidente, que já vinha sendo desgastada em virtude dos desastrosos resultados das políticas econômicas, ou seja, numa sociedade séria e evoluída, nenhum governo com índole cravejada por corrupção e inépcia de gerenciamento, não há como evitar que a sua avaliação seja efetivamente compatível com os resultados da sua gestão. Diante dessa preocupante situação, a petista resolveu orientar que ninguém da campanha ou do governo faça prejulgamentos ainda na fase que somente há citações a nomes e não às supostas irregularidades pertinentes aos casos denunciados pelo ex-diretor. No entanto, desde logo, há o entendimento de que os nomes mais expressivos do governo terão que se afastar, de forma cautelar, a partir do surgimento dos detalhes sobre as investigações. Há fortes motivos para a candidata petista se exasperar, ante a eventual acusação de suspeitas sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, que vem sendo o principal foco de desgaste sobre ela, embora, por enquanto, não haja nenhuma citação direta à presidente, que foi uma das responsáveis pela aprovação do negócio, por ter participado, à época, do Conselho de Administração da estatal, na qualidade de presidente dele. Estranha-se que a cúpula governista apenas decida pelo possível afastamento de duas ou três pessoas vinculadas ao imbróglio, quando a participação na bandalheira da estatal envolve verdadeira quadrilha de criminosos, que se irmanaram nas sujeiras e nas fraudes perpetradas contra os cofres da empresa e, de igual modo, deveriam ser afastados dos suas funções exercidas na administração pública, como demonstração de absoluta lisura e de isenção quanto aos fins imprescindíveis para as investigações sobre as responsabilidades dos envolvidos. Esse é o correto procedimento adotado nos países desenvolvidos cultural, político e democraticamente, tendo em conta a premência das apurações e das medidas corretivas, cujos resultados são, obrigatoriamente, apresentados à sociedade, diferentemente do que acontece no país tupiniquim, onde o governo acha normal blindar as investigações que estão sendo realizadas no Congresso Nacional, exatamente versando sobre as irregularidades levantadas na Petrobras, tendo a efetiva participação dos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, que foram incluídos no rol dos corruptos denunciados pelo ex-diretor da empresa, ou seja, somente agora se pode finalmente entender as razões pelas quais eles tanto resistiram para que sequer houvesse a instalação das CPIs, porque a sua inexistência evitariam a revelação da podridão nos procedimentos pertinentes ao recebimento de propinas. A sociedade precisa se conscientizar, com a máxima urgência, sobre a imprescindível exigência da reformulação, do aperfeiçoamento e da modernização das leis do país, em especial dos Códigos Penal e Eleitoral, com vistas a enquadrar com severidade os crimes de improbidade administrativa e de corrupção, de modo que possam ser imediatamente investigados pelo Congresso Nacional os fatos irregulares e afastados dos cargos públicos os servidores envolvidos, sob pena de responsabilização e de punição às autoridades omissas que deixarem de adotar as medidas cabíveis ao saneamento das impropriedades. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 08 de setembro de 2014

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