segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Cadê a dignidade humana?

                                                A melhor parte da vida de uma pessoa está nas suas amizades.”. Abraham Lincoln
A candidata pelo PSB tem reclamado que vem sendo alvo de uma série de ataques desde a sua entrada na corrida à Presidência da República, quando virou forte ameaça à reeleição da petista. Depois de emocionado desabafo, ela chorou diante da imprensa pelo fato de ter sido criticada duramente pelo ex-presidente da República petista, de quem foi aliada por 24 anos. Na ocasião, ela disse que "Eu não posso controlar o que Lula pode fazer contra mim, mas posso controlar que não quero fazer nada contra ele". Emocionada, ela disse ser quase impossível acreditar que o petista esteja fazendo isso, mas demonstrou que ainda nutre admiração por ele. A ex-senadora afirmou que "Quero fazer coisas em favor do que lá atrás aprendi, inclusive com ele (Lula), que a gente não deveria se render à mentira, ao preconceito, e que a esperança iria vencer o medo. Continuo acreditando nessas mesmas coisas". Ela declarou que tem sido "injustiçada", com frequência, pelos ataques do PT e lembrou que, nas eleições de 1989, quando o ex-presidente disputou a Presidência da República e perdeu, teria sofrido com as mentiras do candidato vencedor. A ex-senadora disse que "Aquilo me dava um sofrimento tão profundo e a gente fazia de tudo para explicar que não era assim. Vejo-me fazendo a mesma coisa agora. Mas não tenho raiva de ninguém não, nem da Dilma. Vou continuar lutando". O certo é que, depois de a candidata petista ter sido efetivamente ameaçada de perder o mais importante trono do país, a trupe do PT reuniu munição pesadíssima para torpedear a candidatura que apareceu como verdadeiro fenômeno, a ponto de corroer a estrutura petista, que não teve alternativa senão tentar, a qualquer custo, desconstruir a meteórica ascensão da pessebista, preferencialmente com afirmações, entre tantas, de que ela não iria priorizar a exploração do petróleo do pré-sal e que a candidatura dela estava sendo sustentada por banqueiros, numa referência à herdeira do banco Itaú, que é coordenadora do programa de governo da candidata. Nessa linha de acusações, o PT aponta possíveis problemas de governabilidade, com a associação dela com os ex-presidentes da República que não terminaram os mandatos, por falta de apoio no Parlamento. A pessebista entende que é vítima da "indústria de boatos e mentiras", que objetiva "fazer terrorismo" junto aos eleitores. O petista disse, em ataque à ex-senadora, que "tem gente querendo acabar com o pré-sal. Se for necessário, Dilma, me fale que vou mergulhar e buscar lá no fundo (do mar) o petróleo", fato esse que demonstra o quanto a disputa eleitoral se torna bastante cruel, quando há real ameaça à perda do trono (do poder), que ele é capaz de propiciar múltiplas e imensas benesses para o deleite da casta de políticos dominantes, entre outras classes de sindicalistas, metalúrgicos, cabos eleitorais, acrescidos de apadrinhados, protegidos políticos e assemelhados, que se acostumaram com as facilidades decorrentes das coalizões de “governabilidades”, tudo para garantir a tranquilidade do círculo muito bem estruturado para a proteção do grupo do poder, em flagrante desprezo ao princípio republicano, que não admite, em hipótese alguma, diferenciação entre brasileiros. É de se estranhar que somente agora a ex-senadora, depois de décadas de convívio amistoso com seus ex-correligionários, quando também se beneficiava do poder, descobre que eles têm métodos próprios e especiais para ser empregados segundo suas conveniências políticas, sabendo agir e pensar movidos sob o sentimento e a consciência focados na conquista e na manutenção do poder, com a utilização do lema preferido de que os fins justificam os meios, em completo desrespeito aos consagrados princípios da ética, da moralidade, da legalidade, do decoro e da dignidade ínsitos nas práticas políticas, em harmonia com a evolução e a modernidade da civilização. É inacreditável que, em pleno século XXI, ainda seja possível existir elite política, segundo a denúncia, com capacidade para cultuar princípios de baixos valores ético e moral, cuja constatação tem o condão de contribuir para a degeneração dos valores humanos, em nítida contramão da evolução democrática. Não há dúvida de que há partido que sente tremor, pavor e desespero nas suas bases somente em ser ameaçado de destronamento do poder, por ter a certeza de que será desastrosa e gigantesca a perda dos privilégios, tendo ainda o dissabor de ser submetido às mais abrangentes devassas, investigações e auditorias, nunca vistas na história deste país, que terão a tentativa de levantar as sujeiras, os podres e as malignidades causados aos brasileiros, diante das enormes suspeitas de desmandos e de desgovernos que beneficiaram indevidamente muita gente, com o aparelhamento da administração pública e a incompetência gerencial, que foi capaz de submeter o país ao atraso e ao subdesenvolvimento social, político, econômico, cultural e democrático, com suas políticas ultrapassadas e incompatíveis com as grandezas do país. O resultado dos levantamentos levarão certamente à plena desmoralização daqueles que se julgam os donos da verdade e possuidores da competência e da dignidade. É inacreditável que ainda haja quem ache que a administração pública do país é maravilhosa e se assenta sob gestão com eficiência e sem o defeitos, em que pesem as notórias falhas, irregularidades e corrupções, que não condizem com os princípios da moralidade, honestidade e dignidade. As agressões nas campanhas eleitorais tupiniquins demonstram apenas o nivelamento por baixo da qualidade dos candidatos e dos homens públicos, que não possuem programas de governo para apresentar e discutir nos seus horários eleitorais de rádio e televisão, pagos com recursos dos bestas dos contribuintes. Os desfiles de ataques baixos e destrutivos, sem qualquer proveito para o eleitor, não condizem com o desiderato desses programas, sendo preferível a sua extinção. Nos países civilizados e com pouco de seriedade, os candidatos são respeitados e as campanhas transcorrem em clima de civilidade, urbanidade e educação entre os candidatos, em harmonia com os princípios democrático e republicano. A pessebista perde ponto ao insistir em se igualar àqueles que praticam, sabidamente, políticas não construtivas, tendo por finalidade apenas a defesa de interesses pessoais e partidários, em evidente detrimento das causas nacionais. O estadista de qualidade não pode medir forças sob cenário que não contribua para o aprimoramento e o aperfeiçoamento da democracia. A pessebista, ao invés de se igualar aos maus políticos, poderia apenas explicar, de forma didática, o que pretende alcançar com o seu programa de governo, por exemplo, qual a vantagem da autonomia ao Banco Central e o que pretende com ela. Aliás, a campanha eleitoral não é exatamente para isso, ou seja, apresentação e explicação sobre o programa de governo, ou não? É lamentável que a coitada da candidata pessebista somente agora, depois do convívio por mais de vinte anos bajulando e idolatrando seu grande líder, inclusive o ajudando a conquistar o poder, mas também se beneficiou dele, percebe muito tardiamente a forma peçonhenta e maldosa como ele faz política, tendo, se necessária, a capacidade de atropelar os sentimentos de quem já foi dileto e fiel escudeiro, com o uso de métodos apenas aperfeiçoados, modernizados e adaptados às circunstâncias e às conveniências políticas, pessoais e partidárias, que nem precisa ser candidato para aplicá-los. É mais do que evidente que o petista vem se esfalfando e se empenhando muito mais do que a própria candidata à reeleição, sendo que é sua prática preferida o atropelamento de quem ousar atravessar o seu precioso caminho, com o objetivo de se aproximar do majestoso trono do poder. A propósito do caso sob exame, impende trazer à baila a expressão que se tornou bastante célebre e famosa, por ser imutável, por ter sido pronunciada pelo festejado presidente norte-americano Abraham Lincoln, com essa sentença: “Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos por todo tempo.”. É bem provável que alguém tenha percebido, com muito retardo, que o tempo passa, evolui e se moderniza, mas o homem continua, com o seu fascínio, enganando seu semelhante exatamente no lapso temporal em que este se deixa enganar até quando essa maldade não mais contribui para a satisfação de interesses mútuos. Os brasileiros precisam ser despertados, com urgência, da maléfica letargia com o auxílio da qual vêm sendo enganado, por tanto tempo e por homens púbicos com questionáveis virtudes e qualidades visivelmente contrárias e prejudiciais às causas da sociedade e ao interesse da nacionalidade. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de setembro de 2014

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