Quer
queira ou não, a situação político-administrativa do Brasil é indiscutivelmente
periclitante, diante do quadro composto pela classe política, dominantemente
comandada por homens públicos de muito pouca credibilidade. Invariavelmente, as
discussões sobre o futuro do país, sempre bastante acaloradas, gizam em torno
da péssima qualidade da atuação dos políticos, principalmente porque ela normalmente
se pauta e se centra especificamente na realização dos mesmos objetivos visando
à satisfação pessoal e à perenidade do poder, com o aproveitamento de recursos
públicos, em cristalina degeneração dos consagrados conceitos da honestidade e
da dignidade, notadamente em manifesto desprezo às causas da sociedade e do
país, em contraposição ao que ocorre nos países sérios e civilizados, onde os
cidadãos são conscientizados sobre a imperiosa necessidade do estrito respeito
às boas condutas e aos princípios da moralidade, legalidade e honorabilidade,
como forma possível para a consolidação dos pilares da democracia e do
desenvolvimento do país. No caso da disputa à corrida ao Palácio do Planalto, as
duas principais candidatas demonstram padecer do demérito de deficiências pessoais
gravíssimas. A candidata à reeleição já demonstrou, à toda evidência e de forma
cabal, segundo os desastrosos resultados da sua gestão, que não tem a mínima
capacidade para administrar um país com a grandeza e as potencialidades do
Brasil, ante o fracassado desempenho das políticas públicas essenciais, a
exemplo da economia, que contribuiu positivamente para o empobrecimento das
estruturas política, econômica e democrática; das questionáveis relações
estreitadas com os políticos que eram considerados como da pior qualidade e
seladas mediante espúrias coalizões de governabilidade, por meio do loteamento
de ministérios e empresas públicas entre os partidos da aliança de sustentação da
base do governo, com plena inobservância dos princípios da meritocracia e da
eficiência que se impõem na administração pública; entre tantas precariedades e
deficiências constatadas na prestação de serviços públicos, que nunca foi
considerada de qualidade, apesar da suntuosidade das arrecadações sempre
superando recorde seguido de recorde. Com relação à candidata pessebista, não
existe qualquer evidência de que ela tem real capacidade para modificar o
status quo da administração do país, principalmente porque a sua origem é do
mesmo partido que conseguiu conduzir a nação para a consecução dos piores
índices de desempenho das políticas governamentais, que mereceram a desaprovação
dos brasileiros conscientes sobre a gravidade da situação do país. Custa
acreditar que a nação tão grande como o Brasil não seja capaz de atrair homens
públicos com efetivas qualidades e condições compatíveis com o seu gigantismo, para
conduzi-lo com segurança, responsabilidade e eficiência, de modo a assegurar esperança
e tranquilidade quanto à correta gestão dos recursos públicos, sem necessidade
do envolvimento de negociatas nem compra de parlamentares com a liberação de
emendas parlamentares para a aprovação de projetos de interesse da nação e dos
brasileiros, nem dos eternos e maquiavélicos conchavos de conveniência, como
vêm sendo feitos com a finalidade tão somente em nome da governabilidade, sem a
menor certeza de resultados satisfatórios para os brasileiros. Nas
circunstâncias, a sociedade continua no prejuízo, por não ter opção para promover
mudanças efetivas e de qualidade na administração do país, ante a apresentação
de fórmula pronta, que, à toda evidência, não satisfaz ao seu anseio de
governabilidade ideal para a nação, à luz das condições colocadas à sua
deliberação, no próximo dia cinco de outubro. De qualquer maneira, convém se
atentar que a mudança faz parte da salutar alternância de poder, que serve
senão de alternativa para se tentar trocar o pior, já devidamente conhecido
pelo seu trabalho nada edificante nem louvável, por algo que certamente não
poderá ser pior do que está, pelo menos no que diz respeito à condução das
políticas econômicas e às abomináveis alianças feitas pelo atual governo, que
conseguiu juntar ao seu lado a nata da classe política considerada por seu
partido como da pior estirpe. O povo precisa, com urgência e em consonância com
a força da sua consciência cívica, reagir diante do descalabro do quadro
político, não permitindo que a perversidade da incompetência e da ineficiência administrativas
perpetue, de forma injustificada e prejudicial, na vida pública e no poder, porquanto
é da competência e responsabilidade dos brasileiros a aceitação ou não que o
caos gerencial, moral e legal continue interferindo nas atividades
político-administrativas da nação, ante seus reflexos deletérios ao desenvolvimento
social, político, econômico e democrático. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 02 de setembro de 2014
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