quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A precariedade pela incerteza...

Quer queira ou não, a situação político-administrativa do Brasil é indiscutivelmente periclitante, diante do quadro composto pela classe política, dominantemente comandada por homens públicos de muito pouca credibilidade. Invariavelmente, as discussões sobre o futuro do país, sempre bastante acaloradas, gizam em torno da péssima qualidade da atuação dos políticos, principalmente porque ela normalmente se pauta e se centra especificamente na realização dos mesmos objetivos visando à satisfação pessoal e à perenidade do poder, com o aproveitamento de recursos públicos, em cristalina degeneração dos consagrados conceitos da honestidade e da dignidade, notadamente em manifesto desprezo às causas da sociedade e do país, em contraposição ao que ocorre nos países sérios e civilizados, onde os cidadãos são conscientizados sobre a imperiosa necessidade do estrito respeito às boas condutas e aos princípios da moralidade, legalidade e honorabilidade, como forma possível para a consolidação dos pilares da democracia e do desenvolvimento do país. No caso da disputa à corrida ao Palácio do Planalto, as duas principais candidatas demonstram padecer do demérito de deficiências pessoais gravíssimas. A candidata à reeleição já demonstrou, à toda evidência e de forma cabal, segundo os desastrosos resultados da sua gestão, que não tem a mínima capacidade para administrar um país com a grandeza e as potencialidades do Brasil, ante o fracassado desempenho das políticas públicas essenciais, a exemplo da economia, que contribuiu positivamente para o empobrecimento das estruturas política, econômica e democrática; das questionáveis relações estreitadas com os políticos que eram considerados como da pior qualidade e seladas mediante espúrias coalizões de governabilidade, por meio do loteamento de ministérios e empresas públicas entre os partidos da aliança de sustentação da base do governo, com plena inobservância dos princípios da meritocracia e da eficiência que se impõem na administração pública; entre tantas precariedades e deficiências constatadas na prestação de serviços públicos, que nunca foi considerada de qualidade, apesar da suntuosidade das arrecadações sempre superando recorde seguido de recorde. Com relação à candidata pessebista, não existe qualquer evidência de que ela tem real capacidade para modificar o status quo da administração do país, principalmente porque a sua origem é do mesmo partido que conseguiu conduzir a nação para a consecução dos piores índices de desempenho das políticas governamentais, que mereceram a desaprovação dos brasileiros conscientes sobre a gravidade da situação do país. Custa acreditar que a nação tão grande como o Brasil não seja capaz de atrair homens públicos com efetivas qualidades e condições compatíveis com o seu gigantismo, para conduzi-lo com segurança, responsabilidade e eficiência, de modo a assegurar esperança e tranquilidade quanto à correta gestão dos recursos públicos, sem necessidade do envolvimento de negociatas nem compra de parlamentares com a liberação de emendas parlamentares para a aprovação de projetos de interesse da nação e dos brasileiros, nem dos eternos e maquiavélicos conchavos de conveniência, como vêm sendo feitos com a finalidade tão somente em nome da governabilidade, sem a menor certeza de resultados satisfatórios para os brasileiros. Nas circunstâncias, a sociedade continua no prejuízo, por não ter opção para promover mudanças efetivas e de qualidade na administração do país, ante a apresentação de fórmula pronta, que, à toda evidência, não satisfaz ao seu anseio de governabilidade ideal para a nação, à luz das condições colocadas à sua deliberação, no próximo dia cinco de outubro. De qualquer maneira, convém se atentar que a mudança faz parte da salutar alternância de poder, que serve senão de alternativa para se tentar trocar o pior, já devidamente conhecido pelo seu trabalho nada edificante nem louvável, por algo que certamente não poderá ser pior do que está, pelo menos no que diz respeito à condução das políticas econômicas e às abomináveis alianças feitas pelo atual governo, que conseguiu juntar ao seu lado a nata da classe política considerada por seu partido como da pior estirpe. O povo precisa, com urgência e em consonância com a força da sua consciência cívica, reagir diante do descalabro do quadro político, não permitindo que a perversidade da incompetência e da ineficiência administrativas perpetue, de forma injustificada e prejudicial, na vida pública e no poder, porquanto é da competência e responsabilidade dos brasileiros a aceitação ou não que o caos gerencial, moral e legal continue interferindo nas atividades político-administrativas da nação, ante seus reflexos deletérios ao desenvolvimento social, político, econômico e democrático. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 02 de setembro de 2014

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