Um jogador do Botafogo
foi expulso da última partida pelo Campeonato Brasileiro, por ter,
inicialmente, reclamado da arbitragem e xingado o juiz, e, em seguida, por ter
cometido falta desleal contra um jogador adversário. Não bastassem as
bestialidades e agressividades disseminadas em campo, o atleta proferiu
palavras inapropriadas e desrespeitosas contra o árbitro e as autoridades que
comandam o futebol brasileiro. O destempero do jogador foi absolutamente
desnecessário e inadequado ao momento do evento desportivo, sendo bastante
prejudicial ao espetáculo, que era plenamente favorável ao seu clube, porque,
até então, ele vencia com tranquilidade o jogo e tinha chances de se distanciar
do grupo da degola – denominação dada ao grupo dos clubes com pior desempenho
na competição. Não obstante, a sua expulsão se transformou em desastroso
resultado para seu time, que perdeu o jogo e foi impiedosamente empurrado para
o buraco negro dos times condenados ao rebaixamento para a divisão dos
incompetentes no futebol. Com base no relato do árbitro e nas imagens da
televisão, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva poderá punir o atleta com
pena de suspensão que pode variar entre um e seis jogos, em razão de conduta
contrária à disciplina ou à ética desportiva, principalmente no caso dele que é
contumaz afrontador e reclamante das instituições e autoridades, com evidente
intuito para intimidar e desrespeitar por meio da mídia. Não somente a Justiça
Desportiva, mas os clubes têm a obrigação de punir com rigor e severidade os
jogadores que se sentem acima de tudo e de todos, quando deveriam se preparar
física e tecnicamente para apenas servir com eficiência seu time, em
conformidade com a sua obrigação contratual perante o clube, que não compreende
ficar criando caso a cada jogo. Se todos os clubes tiverem atitudes rigorosas e
moralizadoras com relação aos jogadores, exigindo que eles cuidem apenas de
cumprir o objeto do contrato pertinente, que é jogar futebol, certamente que as
palhaçadas como as ocorridas com o atleta do Botafogo, que ainda não parou para
refletir sobre o estrago e rombo causados por ele aos interesses do clube,
posto que ainda se dispõe, depois da atuação desastrosa, a dar entrevistas
enaltecendo seu horroroso feito, entendendo que tem o direito de reclamar,
agredir e esculhambar o árbitro e as autoridades desportivas do país. Não se
pode desconhecer que o clube de futebol é como qualquer empresa, apenas não tendo
fins lucrativos, mas jamais ele pode descurar da organização e da disciplina
entre seus integrantes, sem as quais o resultado será sempre desastroso, como
está acontecendo com o Glorioso, no momento, onde o clube se encontra
mergulhado num mar de tudo que é ruim e desalentador, a começar pelo bloqueio
de suas receitas, pelo acúmulo das dívidas, pela falta de pagamento dos
jogadores e funcionários, cujos salários estão sendo pagos por torcedores
ilustres e endinheirados. A consequência dessa deletéria gestão não poderia resultar
em nada pior do que a classificação do clube entre os quatro que serão
rebaixados para a segunda divisão, justamente pela incompetência demonstrada
não somente pelos jogadores, mas em especial da administração do clube, que não
conseguiu honrar a gloriosa tradição da Estrela Solitária. Em princípio, nada
impede que o atleta se manifeste livremente, quando entrevistado, porém a sua
participação deve se circunscrever aos fatos do jogo, sem a emissão de críticas
e de agressões verbais, que são incompatíveis com as atividades desportivas do
jogador de futebol, que é pago apenas para jogar. Na verdade, o jogador tem que
se conscientizar que a sua função se restringe exclusivamente a jogar bola, que
é pago para isso, apenas. O jogador do Botafogo, que agrediu, de forma
graciosa, o juiz, as autoridades desportivas e principalmente os torcedores do Glorioso
e telespectadores, por terem sido obrigados a assistir espetáculo grotesco que
não condiz com a prática futebolista, precisa ser punido de forma exemplar,
para que seu caso sirva de modelo e espelho para a moralização das atividades
de cada profissional, haja vista que a atitude dele não se justifica em nenhuma
hipótese. Não há a menor dúvida de que o lastimável episódio por ele encenado demonstra,
com cores vivas, a esculhambação do futebol brasileiro, onde os atletas ganham
milhões de reais para não produzirem absolutamente nada e ainda se julgam
estrelas de primeira grandeza, como se fossem os centros das atrações
desportivas. Enquanto não houver punições duras e exemplares para casos de
irresponsabilidades como a praticada pelo atleta do alvinegro carioca, que
devem abranger não somente o atleta, que é o principal envolvido, mas também o
clube, por ter a irresponsabilidade de manter nos seus quadros pessoas
desequilibradas e desatinadas, capazes de prejudicá-lo a troco de nada,
inclusive com a possibilidade do seu rebaixamento para divisão inferior. É
lamentável que o Botafogo esteja passando por completa acefalia administrativa,
porque, se houvesse comando de verdade na sua direção, esse jogador já teria
sido devolvido ao clube dele, sem ao menos ser agradecido pelo tempo que passou
no alvinegro, eis que ele é inconstante nas partidas e quando joga protagoniza
cenas horrorosas, como as da última partida. Trata-se de atleta de péssima
índole, que vem prestando grandes desserviços ao clube carioca, com suas
atitudes destemperadas, inconsequentes, intranquilizadoras e desestabilizadoras.
Em resumo, a sua contribuição ao Botafogo tem sido bastante negativa, por
contribuir para desestruturar o elenco, que até poderia segui-lo como exemplo,
à vista da sua longa experiência de jogador de futebol, mas a sua participação
junto aos jogadores tem sido péssima, quanto ao exemplo negativo para os novos
atletas, em formação. Na qualidade de torcedor da amada e lendária Estrela
Solitária, por cujos raios de luz já desfilaram imemoráveis jogadores que estão
certamente decepcionados com aqueles que não sabem honrar o passado de glória e
de fantásticas conquistas, com restrição e aparição apenas no mundo da bola,
confesso meu total descontentamento pelo momento inglorioso pelo qual o
Botafogo vem atravessando, a par de externar meu descrédito quanto ao seu futuro,
que por certo não será nada exitoso, a continuar a incompetência generalizada
no seu âmbito, compreendendo atletas e direção. Acorda, Glorioso!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 18 de setembro de 2014
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