sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Espetáculo grotesco e repudiável

Um jogador do Botafogo foi expulso da última partida pelo Campeonato Brasileiro, por ter, inicialmente, reclamado da arbitragem e xingado o juiz, e, em seguida, por ter cometido falta desleal contra um jogador adversário. Não bastassem as bestialidades e agressividades disseminadas em campo, o atleta proferiu palavras inapropriadas e desrespeitosas contra o árbitro e as autoridades que comandam o futebol brasileiro. O destempero do jogador foi absolutamente desnecessário e inadequado ao momento do evento desportivo, sendo bastante prejudicial ao espetáculo, que era plenamente favorável ao seu clube, porque, até então, ele vencia com tranquilidade o jogo e tinha chances de se distanciar do grupo da degola – denominação dada ao grupo dos clubes com pior desempenho na competição. Não obstante, a sua expulsão se transformou em desastroso resultado para seu time, que perdeu o jogo e foi impiedosamente empurrado para o buraco negro dos times condenados ao rebaixamento para a divisão dos incompetentes no futebol. Com base no relato do árbitro e nas imagens da televisão, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva poderá punir o atleta com pena de suspensão que pode variar entre um e seis jogos, em razão de conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva, principalmente no caso dele que é contumaz afrontador e reclamante das instituições e autoridades, com evidente intuito para intimidar e desrespeitar por meio da mídia. Não somente a Justiça Desportiva, mas os clubes têm a obrigação de punir com rigor e severidade os jogadores que se sentem acima de tudo e de todos, quando deveriam se preparar física e tecnicamente para apenas servir com eficiência seu time, em conformidade com a sua obrigação contratual perante o clube, que não compreende ficar criando caso a cada jogo. Se todos os clubes tiverem atitudes rigorosas e moralizadoras com relação aos jogadores, exigindo que eles cuidem apenas de cumprir o objeto do contrato pertinente, que é jogar futebol, certamente que as palhaçadas como as ocorridas com o atleta do Botafogo, que ainda não parou para refletir sobre o estrago e rombo causados por ele aos interesses do clube, posto que ainda se dispõe, depois da atuação desastrosa, a dar entrevistas enaltecendo seu horroroso feito, entendendo que tem o direito de reclamar, agredir e esculhambar o árbitro e as autoridades desportivas do país. Não se pode desconhecer que o clube de futebol é como qualquer empresa, apenas não tendo fins lucrativos, mas jamais ele pode descurar da organização e da disciplina entre seus integrantes, sem as quais o resultado será sempre desastroso, como está acontecendo com o Glorioso, no momento, onde o clube se encontra mergulhado num mar de tudo que é ruim e desalentador, a começar pelo bloqueio de suas receitas, pelo acúmulo das dívidas, pela falta de pagamento dos jogadores e funcionários, cujos salários estão sendo pagos por torcedores ilustres e endinheirados. A consequência dessa deletéria gestão não poderia resultar em nada pior do que a classificação do clube entre os quatro que serão rebaixados para a segunda divisão, justamente pela incompetência demonstrada não somente pelos jogadores, mas em especial da administração do clube, que não conseguiu honrar a gloriosa tradição da Estrela Solitária. Em princípio, nada impede que o atleta se manifeste livremente, quando entrevistado, porém a sua participação deve se circunscrever aos fatos do jogo, sem a emissão de críticas e de agressões verbais, que são incompatíveis com as atividades desportivas do jogador de futebol, que é pago apenas para jogar. Na verdade, o jogador tem que se conscientizar que a sua função se restringe exclusivamente a jogar bola, que é pago para isso, apenas. O jogador do Botafogo, que agrediu, de forma graciosa, o juiz, as autoridades desportivas e principalmente os torcedores do Glorioso e telespectadores, por terem sido obrigados a assistir espetáculo grotesco que não condiz com a prática futebolista, precisa ser punido de forma exemplar, para que seu caso sirva de modelo e espelho para a moralização das atividades de cada profissional, haja vista que a atitude dele não se justifica em nenhuma hipótese. Não há a menor dúvida de que o lastimável episódio por ele encenado demonstra, com cores vivas, a esculhambação do futebol brasileiro, onde os atletas ganham milhões de reais para não produzirem absolutamente nada e ainda se julgam estrelas de primeira grandeza, como se fossem os centros das atrações desportivas. Enquanto não houver punições duras e exemplares para casos de irresponsabilidades como a praticada pelo atleta do alvinegro carioca, que devem abranger não somente o atleta, que é o principal envolvido, mas também o clube, por ter a irresponsabilidade de manter nos seus quadros pessoas desequilibradas e desatinadas, capazes de prejudicá-lo a troco de nada, inclusive com a possibilidade do seu rebaixamento para divisão inferior. É lamentável que o Botafogo esteja passando por completa acefalia administrativa, porque, se houvesse comando de verdade na sua direção, esse jogador já teria sido devolvido ao clube dele, sem ao menos ser agradecido pelo tempo que passou no alvinegro, eis que ele é inconstante nas partidas e quando joga protagoniza cenas horrorosas, como as da última partida. Trata-se de atleta de péssima índole, que vem prestando grandes desserviços ao clube carioca, com suas atitudes destemperadas, inconsequentes, intranquilizadoras e desestabilizadoras. Em resumo, a sua contribuição ao Botafogo tem sido bastante negativa, por contribuir para desestruturar o elenco, que até poderia segui-lo como exemplo, à vista da sua longa experiência de jogador de futebol, mas a sua participação junto aos jogadores tem sido péssima, quanto ao exemplo negativo para os novos atletas, em formação. Na qualidade de torcedor da amada e lendária Estrela Solitária, por cujos raios de luz já desfilaram imemoráveis jogadores que estão certamente decepcionados com aqueles que não sabem honrar o passado de glória e de fantásticas conquistas, com restrição e aparição apenas no mundo da bola, confesso meu total descontentamento pelo momento inglorioso pelo qual o Botafogo vem atravessando, a par de externar meu descrédito quanto ao seu futuro, que por certo não será nada exitoso, a continuar a incompetência generalizada no seu âmbito, compreendendo atletas e direção. Acorda, Glorioso!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 18 de setembro de 2014

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