Conforme pesquisa
realizada pelo instituto Datafolha, contratada pelo Conselho Federal de
Medicina (CFM), 93% dos eleitores brasileiros consideram péssimos, ruins ou
regulares os serviços público e privado de saúde, ou seja, a desaprovação por
pouco não à unanimidade. No caso da prestação dos serviços de saúde pelo Sistema
Único de Saúde (SUS), a insatisfação chegou ao patamar de 87% dos
entrevistados. A pesquisa foi realizada nas cinco regiões do país, abrangendo
2.418 pessoas entrevistadas, com superior a 16 anos de idade. O levantamento
apontou que, nos últimos dois anos, 92% dos brasileiros buscaram atendimento pelo
sistema do SUS, que conseguiu atender 89% da população. Entre alguns assuntos
pesquisados, 57% dos eleitores consideram que a saúde deveria ser política
prioritária para os governantes, vindo em seguida a educação e o combate à
corrupção, respectivamente com 18% e 8%. O presidente do CFM entende que
pesquisa evidencia enorme "insatisfação da população" e que não se
pode tratar a saúde como "bem de consumo". Ele foi enfático, ao
afirmar que "A situação é
extremamente grave. Mas toda vez que nós falamos, sempre é levantada a
possibilidade de um viés corporativo. A pesquisa mostra a insatisfação da
população. Saúde é um dever do Estado e um direito da população. A saúde não é
um bem de consumo. É um bem público". Os entrevistados enfatizaram a
insuportável morosidade quanto ao longo tempo para o atendimento no SUS. Pelo
menos 725 (30%) pessoas entrevistadas disseram que estão esperando a marcação
ou realização de algum serviço no SUS ou que têm pessoa da família nessa
situação. Muitos entrevistados (24%) disseram que estão na fila de espera há
até um mês; outras (47%) aguardam o atendimento há entre um e seis meses; e 29%
estão na fila do SUS há mais de seis meses. As mulheres entre 25 e 55 anos,
integrantes de classes sociais mais carentes, são as pessoas que constituem as
maiores taxas que aguardam na fila do SUS. As cirurgias patrocinadas pelo SUS
representam 33% de muita dificuldade de acesso, vindo em seguida os
procedimentos específicos como quimioterapia e hemodiálise (23%), o serviço de
atendimento em casa - conhecido como "home
care" (21%) e internações hospitalares (20%). No entanto, foram
classificados como fáceis os serviços de distribuição de remédios gratuitos
pela rede pública (53%) e o atendimento em postos de saúde (47%). Embora a
pesquisa tenha inexpressiva abrangência da população, aproximadamente 2.500
pessoas, em relação a quase duzentos milhões de brasileiros, o seu resultado é
bastante expressivo, por evidenciar o verdadeiro caos nos atendimentos
médico-hospitalares aos brasileiros, a lastimosa e a precária situação da
execução de um dos principais programas de governo, sob a responsabilidade do
ineficiente, falido e obsoleto Sistema Único de Saúde, por onde são despendidos
montanhas de recursos públicos, mas os resultados da sua aplicação não
correspondem ao esperado de eficácia quanto ao satisfatório custo-benefício,
que deixa a desejar em razão da precariedade e do obsoletismo, dos
procedimentos de gestão, que não foram submetidos ao indispensável
aperfeiçoamento, como forma de acompanhar a evolução e a modernidade dos
princípios do gerenciamento médico-hospitalar. Além da cristalina maneira
arcaica da gestão dos recursos do SUS, cuja execução do programa pertinente não
é controlada, acompanhada e fiscalizada com a devida e adequada eficiência que
se exige para atividades de tamanha magnitude e importância, ensejando a
ocorrência de múltiplas e incontáveis irregularidades nos registros dos
procedimentos pertinentes, notadamente no que diz respeito à efetividade dos
atendimentos médico-hospitalares, sabidamente de difícil controle, em razão da
insuficiência de pessoal qualificado, preparado e em quantidade. Não há dúvida
de que o resultado da pesquisa em comento tem o especial condão de prestar
valioso subsídio ao candidato à Presidência da República que tiver real compromisso
com o povo brasileiro, como forma de contribuir para o aperfeiçoamento do seu
programa de governo, que deve ser planejado e projetado tendo por base
exatamente o oposto do deficiente, ultrapassado e inoperante modelo vigente no
país, e de se implantar no Brasil sistema de saúde pública nos moldes daqueles
empregados nos países desenvolvidos, onde a saúde pública é gerenciada com a prioridade
que sirva de referência para a prática da efetiva medicina eficiente e eficaz,
em consonância com os princípios de operacionalidade e de humanização modernos
e aperfeiçoados, em razão, em especial, de se tratar do principal bem que é a
vida e do envolvimento de recursos dos brasileiros, que são bastante
sacrificados com a injustificável carga tributária. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 09 de setembro de 2014
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