terça-feira, 9 de setembro de 2014

Legado de deficiências

Conforme pesquisa realizada pelo instituto Datafolha, contratada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), 93% dos eleitores brasileiros consideram péssimos, ruins ou regulares os serviços público e privado de saúde, ou seja, a desaprovação por pouco não à unanimidade. No caso da prestação dos serviços de saúde pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a insatisfação chegou ao patamar de 87% dos entrevistados. A pesquisa foi realizada nas cinco regiões do país, abrangendo 2.418 pessoas entrevistadas, com superior a 16 anos de idade. O levantamento apontou que, nos últimos dois anos, 92% dos brasileiros buscaram atendimento pelo sistema do SUS, que conseguiu atender 89% da população. Entre alguns assuntos pesquisados, 57% dos eleitores consideram que a saúde deveria ser política prioritária para os governantes, vindo em seguida a educação e o combate à corrupção, respectivamente com 18% e 8%. O presidente do CFM entende que pesquisa evidencia enorme "insatisfação da população" e que não se pode tratar a saúde como "bem de consumo". Ele foi enfático, ao afirmar que "A situação é extremamente grave. Mas toda vez que nós falamos, sempre é levantada a possibilidade de um viés corporativo. A pesquisa mostra a insatisfação da população. Saúde é um dever do Estado e um direito da população. A saúde não é um bem de consumo. É um bem público". Os entrevistados enfatizaram a insuportável morosidade quanto ao longo tempo para o atendimento no SUS. Pelo menos 725 (30%) pessoas entrevistadas disseram que estão esperando a marcação ou realização de algum serviço no SUS ou que têm pessoa da família nessa situação. Muitos entrevistados (24%) disseram que estão na fila de espera há até um mês; outras (47%) aguardam o atendimento há entre um e seis meses; e 29% estão na fila do SUS há mais de seis meses. As mulheres entre 25 e 55 anos, integrantes de classes sociais mais carentes, são as pessoas que constituem as maiores taxas que aguardam na fila do SUS. As cirurgias patrocinadas pelo SUS representam 33% de muita dificuldade de acesso, vindo em seguida os procedimentos específicos como quimioterapia e hemodiálise (23%), o serviço de atendimento em casa - conhecido como "home care" (21%) e internações hospitalares (20%). No entanto, foram classificados como fáceis os serviços de distribuição de remédios gratuitos pela rede pública (53%) e o atendimento em postos de saúde (47%). Embora a pesquisa tenha inexpressiva abrangência da população, aproximadamente 2.500 pessoas, em relação a quase duzentos milhões de brasileiros, o seu resultado é bastante expressivo, por evidenciar o verdadeiro caos nos atendimentos médico-hospitalares aos brasileiros, a lastimosa e a precária situação da execução de um dos principais programas de governo, sob a responsabilidade do ineficiente, falido e obsoleto Sistema Único de Saúde, por onde são despendidos montanhas de recursos públicos, mas os resultados da sua aplicação não correspondem ao esperado de eficácia quanto ao satisfatório custo-benefício, que deixa a desejar em razão da precariedade e do obsoletismo, dos procedimentos de gestão, que não foram submetidos ao indispensável aperfeiçoamento, como forma de acompanhar a evolução e a modernidade dos princípios do gerenciamento médico-hospitalar. Além da cristalina maneira arcaica da gestão dos recursos do SUS, cuja execução do programa pertinente não é controlada, acompanhada e fiscalizada com a devida e adequada eficiência que se exige para atividades de tamanha magnitude e importância, ensejando a ocorrência de múltiplas e incontáveis irregularidades nos registros dos procedimentos pertinentes, notadamente no que diz respeito à efetividade dos atendimentos médico-hospitalares, sabidamente de difícil controle, em razão da insuficiência de pessoal qualificado, preparado e em quantidade. Não há dúvida de que o resultado da pesquisa em comento tem o especial condão de prestar valioso subsídio ao candidato à Presidência da República que tiver real compromisso com o povo brasileiro, como forma de contribuir para o aperfeiçoamento do seu programa de governo, que deve ser planejado e projetado tendo por base exatamente o oposto do deficiente, ultrapassado e inoperante modelo vigente no país, e de se implantar no Brasil sistema de saúde pública nos moldes daqueles empregados nos países desenvolvidos, onde a saúde pública é gerenciada com a prioridade que sirva de referência para a prática da efetiva medicina eficiente e eficaz, em consonância com os princípios de operacionalidade e de humanização modernos e aperfeiçoados, em razão, em especial, de se tratar do principal bem que é a vida e do envolvimento de recursos dos brasileiros, que são bastante sacrificados com a injustificável carga tributária. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 09 de setembro de 2014

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