quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O retrocesso econômico?

Nos últimos tempos, não são somente as críticas sobre a fragilidade desempenho da economia nacional que perturbam o governo, porque agora os fatos são pródigos em atestar a terrível crise de competência que reflete inexoravelmente nos resultados do Produto Interno Bruto e nos demais indicadores econômicos, que têm sido, em seguidos exercícios, inferiores aos registrados, inexplicavelmente, até mesmo pelos países da América Latina, que não possuem as potencialidades econômicas do Brasil. Esses fatos evidenciam cristalina incapacidade da equipe especializada do governo, que deixou de inspirar confiança e credibilidade há bastante tempo, mas a responsável pela condução dos destinos do país apenas chancela tais resultados, dando a entender que também não tem condições para implementar as mudanças com vistas à reversão do quadro deficitário e prejudicial aos interesses nacionais. Na visão dos especialistas econômicos, o Brasil perdeu excelente oportunidade de fazer decolar a sua economia, diante do contexto mundial, que então se mostrava favorável ao crescimento do país, mas, ao contrário, o seu dinamismo econômico não ultrapassou, mal comparando ao raquítico “voo de galinha”, de tão insignificantes os resultados alcançados pelo governo. Na realidade, essa tem sido a performance mais comum da economia nos últimos anos, que sobe, às vezes, com pouca força, mas desce com incontrolável intensidade, justamente por consequência da terrível falta que fazem as tão sonhadas e importantes reformas estruturais, com destaque para racionalização da pesada carga tributária, que seria capaz de suavizar a sufocada capacidade contributiva dos contribuintes, que tanto almejam por isso, com o propósito de que os investidores voltem a se interessar pelo Brasil. De nada valeram os esforços sem fundamentos da presidente da República para convencer os investidores a acreditarem no país, porque nada foi feito de efetivo para melhorar a infraestrutura brasileira, como forma de garantir confiança aos investidores internacionais. O que vem acontecendo com a economia nacional pode ser novidade apenas para o governo, que não se sensibiliza com as ponderações dos especialistas da área, cujas críticas não são aproveitadas e levadas em consideração, preferindo arriscar seus projetos em continuadas experimentações, em preterição de boas ideias de economistas que poderiam ter contribuído para ser evitadas perdas de excelentes oportunidades para a economia deslanchar de vez, ante o quadro favorável que se oferecia nas oportunidades, mas a timidez da classe político-administrativa dominante, em conjugação com a visão limitada e incapaz de se vislumbrar horizonte benéfico à implantação das medidas necessárias e exigidas à época, falaram mais alto, impedindo que o país pudesse ter dado salto de qualidade e ultrapassado a crônica estagnação, ficando apenas patinando na busca de crescimento que não passa de miragem, apenas compatível com os países subdesenvolvidos, em contraposição à grandeza e às potencialidades econômicas brasileiras. Não há dúvida de que, caso o país tivesse sido administrado com inteligência, capacidade e iniciativa de gestão eficiente, ele não estaria deslizando na esteira do baixo crescimento, que ainda se depara com a projeção do quadro econômico sem boas perspectivas. O certo é que, por não terem sido adotadas as medidas em harmonia com o contexto mundial, mediante a reformulação das políticas macroeconômicas ajustadas à realidade do mercado, o crescimento brasileiro, em 2014, não chegará a 1%, bem diferente da previsão de 2,5%, podendo ser considerado ridículo, em relação aos países emergentes e às potencialidades econômicas brasileiras. Conforme as pesquisas de opinião dos eleitores, embora abrangendo universo ínfimo de votantes, mas mesmo assim, as perspectivas não são das melhores, porque o povo acena pela continuidade da incompetência administrativa, privilegiando as práticas usuais do mesmo governo de comodismo, próprias para o arcaísmo econômico altamente prejudicial para os interesses nacionais, conforme já comprovado nesses últimos doze anos, altos e baixos na economia, com pior destaque para os últimos quatro anos. O país com as potencialidades do Brasil não pode nem merece ser administrado tendo o anteparo da mentalidade anacrônica e ultrapassada aplicável aos princípios econômicos, que ignoram a capacidade de enxergar as mazelas existentes na administração pública e menosprezam a premência sobre a reformulação das estruturas do Estado, que teriam por objetivo a sua harmonização com a realidade do mercado mundial, principalmente com a finalidade de quebrar as gigantescas amarras existentes na cadeia da produção, consistentes na pesada carga tributária, nos elevados encargos previdenciários e trabalhistas, nas injustificáveis e escorchantes taxas de juros, entre outros entreves que contribuem efetivamente para o descomunal encarecimento do custo Brasil, que é responsável direto pela falta de competitividade da produção nacional, fazendo com que o parque industrial e a cadeia empresarial deixem de investir e de participar do sistema produtivo do país. Causa enorme estranheza se perceber que a economia se encontra em crise, mas isso não suscita a menor preocupação por parte do povo, porque ninguém demonstra necessidade de mudança da administração do país e muito menos de se vislumbrar medidas capazes para a identificação das causas do emperramento do progresso. Não se pode olvidar que, até mesmo quem não convive diretamente com a realidade econômica brasileira, no caso, os observadores estrangeiros, associam o pífio crescimento brasileiro ao deficiente gerenciamento da nação, que não passa de grande fiasco e de enganação, porquanto os resultados são refletidos, com muita clareza, na apuração do PIB, que não convence nem ao próprio governo, que é o responsável pela adoção das medidas pertinentes ao balanço do país. O pior de tudo isso é que nada é feito para mudar o status quo, que conta com a situação ruim da economia mundial e a falta de iniciativa do governo, que demonstra já ter exaurido a sua capacidade também na área econômica. A sociedade precisa se despertar dessa terrível letargia de insistir em não querer enxergar a desastrosa condução das políticas de governo, notadamente no que diz respeito às áreas econômicas, à vista dos lastimáveis indicadores pertinentes, apontando para a recessão do país; administrativas, com a máquina pública inchada, dispendiosa, acéfala, ineficiente e desorganizada; prioritárias, que são inexistentes, salvo quanto aos programas assistencialistas, com a distribuição de renda, que são acusados de fazerem apologia ao populismo e ao caudilhismo, com objetivos eleitoreiros, visivelmente direcionados para o fortalecimento do projeto de perenidade do poder, à luz da maciça campanha de marketing que se faz sobre os gastos desse programa, diferentemente das demais prestações dos serviços públicos, como saúde, educação, segurança pública, onde é lastimável a atuação do governo. Urge que haja substancial mudança na mentalidade e na consciência dos brasileiros, de modo que seja exigido que a administração dos interesses nacionais deva ser, necessariamente, por estadista de vanguarda, com sapiência capaz de entender que o gerenciamento dos recursos públicos precisa se revestir dos componentes da competência e da qualidade, mediante a observância dos princípios sobre a eficiência, a eficácia e o mérito profissional, sob o rigoroso preenchimento dos requisitos do conhecimento, do mérito e da capacidade técnico-especializada, com embargo das indicações político-partidárias, que somente empobrecem a qualidade dos serviços públicos e ainda contribuem para o subdesenvolvimento social, econômico, político e democrático. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 23 de setembro de 2014

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