Nos últimos tempos,
não são somente as críticas sobre a fragilidade desempenho da economia nacional
que perturbam o governo, porque agora os fatos são pródigos em atestar a
terrível crise de competência que reflete inexoravelmente nos resultados do
Produto Interno Bruto e nos demais indicadores econômicos, que têm sido, em
seguidos exercícios, inferiores aos registrados, inexplicavelmente, até mesmo pelos
países da América Latina, que não possuem as potencialidades econômicas do
Brasil. Esses fatos evidenciam cristalina incapacidade da equipe especializada
do governo, que deixou de inspirar confiança e credibilidade há bastante tempo,
mas a responsável pela condução dos destinos do país apenas chancela tais
resultados, dando a entender que também não tem condições para implementar as
mudanças com vistas à reversão do quadro deficitário e prejudicial aos
interesses nacionais. Na visão dos especialistas econômicos, o Brasil perdeu
excelente oportunidade de fazer decolar a sua economia, diante do contexto
mundial, que então se mostrava favorável ao crescimento do país, mas, ao
contrário, o seu dinamismo econômico não ultrapassou, mal comparando ao
raquítico “voo de galinha”, de tão insignificantes os resultados alcançados
pelo governo. Na realidade, essa tem sido a performance mais comum da economia
nos últimos anos, que sobe, às vezes, com pouca força, mas desce com
incontrolável intensidade, justamente por consequência da terrível falta que
fazem as tão sonhadas e importantes reformas estruturais, com destaque para
racionalização da pesada carga tributária, que seria capaz de suavizar a
sufocada capacidade contributiva dos contribuintes, que tanto almejam por isso,
com o propósito de que os investidores voltem a se interessar pelo Brasil. De
nada valeram os esforços sem fundamentos da presidente da República para
convencer os investidores a acreditarem no país, porque nada foi feito de
efetivo para melhorar a infraestrutura brasileira, como forma de garantir
confiança aos investidores internacionais. O que vem acontecendo com a economia
nacional pode ser novidade apenas para o governo, que não se sensibiliza com as
ponderações dos especialistas da área, cujas críticas não são aproveitadas e
levadas em consideração, preferindo arriscar seus projetos em continuadas experimentações,
em preterição de boas ideias de economistas que poderiam ter contribuído para
ser evitadas perdas de excelentes oportunidades para a economia deslanchar de
vez, ante o quadro favorável que se oferecia nas oportunidades, mas a timidez da
classe político-administrativa dominante, em conjugação com a visão limitada e incapaz
de se vislumbrar horizonte benéfico à implantação das medidas necessárias e
exigidas à época, falaram mais alto, impedindo que o país pudesse ter dado
salto de qualidade e ultrapassado a crônica estagnação, ficando apenas
patinando na busca de crescimento que não passa de miragem, apenas compatível
com os países subdesenvolvidos, em contraposição à grandeza e às
potencialidades econômicas brasileiras. Não há dúvida de que, caso o país
tivesse sido administrado com inteligência, capacidade e iniciativa de gestão
eficiente, ele não estaria deslizando na esteira do baixo crescimento, que
ainda se depara com a projeção do quadro econômico sem boas perspectivas. O
certo é que, por não terem sido adotadas as medidas em harmonia com o contexto
mundial, mediante a reformulação das políticas macroeconômicas ajustadas à
realidade do mercado, o crescimento brasileiro, em 2014, não chegará a 1%, bem diferente
da previsão de 2,5%, podendo ser considerado ridículo, em relação aos países
emergentes e às potencialidades econômicas brasileiras. Conforme as pesquisas
de opinião dos eleitores, embora abrangendo universo ínfimo de votantes, mas
mesmo assim, as perspectivas não são das melhores, porque o povo acena pela continuidade
da incompetência administrativa, privilegiando as práticas usuais do mesmo
governo de comodismo, próprias para o arcaísmo econômico altamente prejudicial
para os interesses nacionais, conforme já comprovado nesses últimos doze anos,
altos e baixos na economia, com pior destaque para os últimos quatro anos. O
país com as potencialidades do Brasil não pode nem merece ser administrado tendo
o anteparo da mentalidade anacrônica e ultrapassada aplicável aos princípios econômicos,
que ignoram a capacidade de enxergar as mazelas existentes na administração
pública e menosprezam a premência sobre a reformulação das estruturas do Estado,
que teriam por objetivo a sua harmonização com a realidade do mercado mundial,
principalmente com a finalidade de quebrar as gigantescas amarras existentes na
cadeia da produção, consistentes na pesada carga tributária, nos elevados
encargos previdenciários e trabalhistas, nas injustificáveis e escorchantes
taxas de juros, entre outros entreves que contribuem efetivamente para o descomunal
encarecimento do custo Brasil, que é responsável direto pela falta de
competitividade da produção nacional, fazendo com que o parque industrial e a
cadeia empresarial deixem de investir e de participar do sistema produtivo do
país. Causa enorme estranheza se perceber que a economia se encontra em crise,
mas isso não suscita a menor preocupação por parte do povo, porque ninguém
demonstra necessidade de mudança da administração do país e muito menos de se
vislumbrar medidas capazes para a identificação das causas do emperramento do
progresso. Não se pode olvidar que, até mesmo quem não convive diretamente com
a realidade econômica brasileira, no caso, os observadores estrangeiros, associam
o pífio crescimento brasileiro ao deficiente gerenciamento da nação, que não
passa de grande fiasco e de enganação, porquanto os resultados são refletidos, com
muita clareza, na apuração do PIB, que não convence nem ao próprio governo, que
é o responsável pela adoção das medidas pertinentes ao balanço do país. O pior
de tudo isso é que nada é feito para mudar o status quo, que conta com a situação ruim da economia mundial e a
falta de iniciativa do governo, que demonstra já ter exaurido a sua capacidade também
na área econômica. A sociedade precisa se despertar dessa terrível letargia de insistir
em não querer enxergar a desastrosa condução das políticas de governo,
notadamente no que diz respeito às áreas econômicas, à vista dos lastimáveis
indicadores pertinentes, apontando para a recessão do país; administrativas,
com a máquina pública inchada, dispendiosa, acéfala, ineficiente e desorganizada;
prioritárias, que são inexistentes, salvo quanto aos programas
assistencialistas, com a distribuição de renda, que são acusados de fazerem
apologia ao populismo e ao caudilhismo, com objetivos eleitoreiros,
visivelmente direcionados para o fortalecimento do projeto de perenidade do
poder, à luz da maciça campanha de marketing que se faz sobre os gastos desse
programa, diferentemente das demais prestações dos serviços públicos, como saúde,
educação, segurança pública, onde é lastimável a atuação do governo. Urge que
haja substancial mudança na mentalidade e na consciência dos brasileiros, de
modo que seja exigido que a administração dos interesses nacionais deva ser,
necessariamente, por estadista de vanguarda, com sapiência capaz de entender
que o gerenciamento dos recursos públicos precisa se revestir dos componentes da
competência e da qualidade, mediante a observância dos princípios sobre a
eficiência, a eficácia e o mérito profissional, sob o rigoroso preenchimento dos
requisitos do conhecimento, do mérito e da capacidade técnico-especializada,
com embargo das indicações político-partidárias, que somente empobrecem a
qualidade dos serviços públicos e ainda contribuem para o subdesenvolvimento
social, econômico, político e democrático. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 23 de setembro de 2014
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