Conforme os resultados das
pesquisas de intenções de voto, os petistas já concluíram que a maior
dificuldade para a reeleição da presidente da República se concentra justamente
no berço da criação do PT, que tem o maior colégio eleitoral. Na verdade, não se
trata apenas da falta de reação do eleitorado de São Paulo, mas especificamente
da demonstração de cristalina evolução cultural-comportamental-política, com a
percepção de que os governos petistas conseguiram esgotar as cotas de paciência
e de tolerância dos brasileiros, que passaram esses doze anos esperando a
efetividade das medidas prometidas pelo partido que se dizia ético e
competente, mas o resultado é o reflexo da crise econômica que grassa no país.
Não é novidade para ninguém que essa forma de reação contrária dos paulistas à
continuidade do PT no poder reflete exatamente a realidade incontestável do que
foi realmente a administração federal, nos últimos anos, que somente foi capaz
de agradar aos fanáticos com pouca cultura e ainda incapacitados de avaliar o significado
de administrar o país com as potencialidades do Brasil, que não pode se
restringir apenas à distribuição de renda às famílias carentes, com viés
nitidamente eleitoreiro. Veja-se que o governo petista, com o propósito de
lotear entre os partidos da coalizão, denominada de "governabilidade",
inchou a máquina pública com ministérios inúteis e dispensáveis, que atingiram
a absurda quantidade de 39, em condições absolutamente injustificável para a
realidade da administração do país e por contrariar o salutar princípio da
administração científica, que prima pela eficiência e eficácia, à vista do
flagrante desperdício de recursos públicos, ante o estímulo a gastos
desnecessários e contraproducentes ao atendimento do interesse público. Os
paulistas perceberam que a condução das políticas econômicas somente funcionou
com relativa eficiência quando a economia internacional bombava em bonança e
contribuía favoravelmente às exportações e à economia macroeconômica mundial,
facilitando as ações da política econômica, que não precisava se sacrificar
para o acompanhamento dos bons resultados econômicos. Na atualidade, o país se
encontra encalacrado com as dificuldades para controlar as contas públicas, as
elevadíssimas dívidas públicas, as altas taxas de juros, a desindustrialização,
a retirada do capital estrangeiro, a falta de investimentos em obras de
impacto, o abominável custo Brasil, enfim, os empecilhos que estão contribuindo
para que o desempenho da economia brasileira represente o último dos países
emergentes, sendo ultrapassado até mesmo pelos países da América do Sul, que
não têm as suas potencialidades econômicas. Mas os paulistas decerto ressentem
da falta das reformas da estrutura do Estado, que continua sendo administrado
sob os conceitos e princípios retrógrados e obsoletos da administração pública,
uma vez que o governo, apesar de contar com a absoluta maioria do Congresso
Nacional, não teve a iniciativa de propor uma única reforma de nada, nem
minimamente do arcaico sistema tributário, que tem o condão de sacrificar o
contribuinte, ao sugar dele a plena capacidade contributiva, com tributos
equivalentes a quase 40% do Produto Interno Bruto. Convém aludir que a falta de
reformulação dos procedimentos da administração do país vem contribuindo para o
retrocesso social, econômico, político e democrático, justamente porque os
gargalos continuam intransponíveis prejudicando o progresso do país. O povo de
São Paulo deve ter se conscientizado sobre a necessidade de urgentes mudanças
da forma de administrar o país, não permitindo que o governante se curve à
imposição de aliados para a obtenção de minutos no horário eleitoral, tendo por
finalidade a obtenção de apoio partidário à perenidade no poder, cujo
entendimento fere completamente os princípios da moralidade e da legitimidade
do ato administrativo, por contrariar o interesse público e envolver verbas
públicas, à vista do custo-benefício da sua aplicação. Os paulistas perceberam
que a administração do país tem parcela de culpa pela gestão deletéria da maior
empresa brasileira, por ser responsável pela indicação e nomeação dos diretores
dessa estatal, que foi envolvida em graves irregularidades, com a compra da
refinaria de Pasadena, por preços exageradamente incompatíveis com o praticado
no mercado, à vista do seu então estado de sucateamento, além do caso de
corrupção de que trata a Operação Lava-Jato, com a participação de ex-diretores
da empresa. Não há dúvida de que os paulistas reconhecem algumas políticas
favoráveis à parcela da sociedade, como a distribuição de renda, mas isso não
passa da obrigação do Estado que qualquer governo, independente do partido A ou
B, tem a incumbência constitucional e legal de realizar, não na forma como dar
a entender o atual governante, como se os recursos comprometidos fossem do
próprio partido e não dos bestas dos contribuintes. Enfim, os eleitores
paulistas estão preferindo optar por mudanças e alternância do poder, como
forma da tentativa de aperfeiçoamento, modernização e, principalmente, de
moralização da administração pública, que não pode mais continuar sob o
gerenciamento inepto e incapaz de vislumbrar as vicissitudes dos brasileiros,
que anseiam por verdadeira revolução e transformação dos procedimentos e
princípios da administração do país, com vistas ao seu desenvolvimento social,
econômico, político e democrático, para o bem não somente dos paulistas, mas em
especial dos brasileiros, que têm o dever cívico e patriótico de também
perceber os enormes prejuízos que a administração federal vem causando à nação
e ao seu povo. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 05 de setembro de 2014
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