sábado, 6 de setembro de 2014

O reflexo da realidade

Conforme os resultados das pesquisas de intenções de voto, os petistas já concluíram que a maior dificuldade para a reeleição da presidente da República se concentra justamente no berço da criação do PT, que tem o maior colégio eleitoral. Na verdade, não se trata apenas da falta de reação do eleitorado de São Paulo, mas especificamente da demonstração de cristalina evolução cultural-comportamental-política, com a percepção de que os governos petistas conseguiram esgotar as cotas de paciência e de tolerância dos brasileiros, que passaram esses doze anos esperando a efetividade das medidas prometidas pelo partido que se dizia ético e competente, mas o resultado é o reflexo da crise econômica que grassa no país. Não é novidade para ninguém que essa forma de reação contrária dos paulistas à continuidade do PT no poder reflete exatamente a realidade incontestável do que foi realmente a administração federal, nos últimos anos, que somente foi capaz de agradar aos fanáticos com pouca cultura e ainda incapacitados de avaliar o significado de administrar o país com as potencialidades do Brasil, que não pode se restringir apenas à distribuição de renda às famílias carentes, com viés nitidamente eleitoreiro. Veja-se que o governo petista, com o propósito de lotear entre os partidos da coalizão, denominada de "governabilidade", inchou a máquina pública com ministérios inúteis e dispensáveis, que atingiram a absurda quantidade de 39, em condições absolutamente injustificável para a realidade da administração do país e por contrariar o salutar princípio da administração científica, que prima pela eficiência e eficácia, à vista do flagrante desperdício de recursos públicos, ante o estímulo a gastos desnecessários e contraproducentes ao atendimento do interesse público. Os paulistas perceberam que a condução das políticas econômicas somente funcionou com relativa eficiência quando a economia internacional bombava em bonança e contribuía favoravelmente às exportações e à economia macroeconômica mundial, facilitando as ações da política econômica, que não precisava se sacrificar para o acompanhamento dos bons resultados econômicos. Na atualidade, o país se encontra encalacrado com as dificuldades para controlar as contas públicas, as elevadíssimas dívidas públicas, as altas taxas de juros, a desindustrialização, a retirada do capital estrangeiro, a falta de investimentos em obras de impacto, o abominável custo Brasil, enfim, os empecilhos que estão contribuindo para que o desempenho da economia brasileira represente o último dos países emergentes, sendo ultrapassado até mesmo pelos países da América do Sul, que não têm as suas potencialidades econômicas. Mas os paulistas decerto ressentem da falta das reformas da estrutura do Estado, que continua sendo administrado sob os conceitos e princípios retrógrados e obsoletos da administração pública, uma vez que o governo, apesar de contar com a absoluta maioria do Congresso Nacional, não teve a iniciativa de propor uma única reforma de nada, nem minimamente do arcaico sistema tributário, que tem o condão de sacrificar o contribuinte, ao sugar dele a plena capacidade contributiva, com tributos equivalentes a quase 40% do Produto Interno Bruto. Convém aludir que a falta de reformulação dos procedimentos da administração do país vem contribuindo para o retrocesso social, econômico, político e democrático, justamente porque os gargalos continuam intransponíveis prejudicando o progresso do país. O povo de São Paulo deve ter se conscientizado sobre a necessidade de urgentes mudanças da forma de administrar o país, não permitindo que o governante se curve à imposição de aliados para a obtenção de minutos no horário eleitoral, tendo por finalidade a obtenção de apoio partidário à perenidade no poder, cujo entendimento fere completamente os princípios da moralidade e da legitimidade do ato administrativo, por contrariar o interesse público e envolver verbas públicas, à vista do custo-benefício da sua aplicação. Os paulistas perceberam que a administração do país tem parcela de culpa pela gestão deletéria da maior empresa brasileira, por ser responsável pela indicação e nomeação dos diretores dessa estatal, que foi envolvida em graves irregularidades, com a compra da refinaria de Pasadena, por preços exageradamente incompatíveis com o praticado no mercado, à vista do seu então estado de sucateamento, além do caso de corrupção de que trata a Operação Lava-Jato, com a participação de ex-diretores da empresa. Não há dúvida de que os paulistas reconhecem algumas políticas favoráveis à parcela da sociedade, como a distribuição de renda, mas isso não passa da obrigação do Estado que qualquer governo, independente do partido A ou B, tem a incumbência constitucional e legal de realizar, não na forma como dar a entender o atual governante, como se os recursos comprometidos fossem do próprio partido e não dos bestas dos contribuintes. Enfim, os eleitores paulistas estão preferindo optar por mudanças e alternância do poder, como forma da tentativa de aperfeiçoamento, modernização e, principalmente, de moralização da administração pública, que não pode mais continuar sob o gerenciamento inepto e incapaz de vislumbrar as vicissitudes dos brasileiros, que anseiam por verdadeira revolução e transformação dos procedimentos e princípios da administração do país, com vistas ao seu desenvolvimento social, econômico, político e democrático, para o bem não somente dos paulistas, mas em especial dos brasileiros, que têm o dever cívico e patriótico de também perceber os enormes prejuízos que a administração federal vem causando à nação e ao seu povo. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 05 de setembro de 2014

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