O principal e mais
festejado político tupiniquim da atualidade demonstrou, por seus atos, que não é
lá muito de cumprir palavra, à vista de ter se manifestado, por diversas vezes,
que, após o término do seu mandato, se recolheria à vida privada e ficaria afastado
das atividades políticas, como uma espécie de reclusão obsequiosa. À vista das
aparições dele na campanha da sua pupila, é possível concluir-se que, mais uma
vez, ele mentiu, por não ter cumprido sua promessa. Trata-se, entre tantas
façanhas, de mera manobra astuciosa protagonizada por ele, que não consegue ter
firmeza nas suas afirmações, o que, aliás, apenas se confirma a sua condição de
autêntico político brasileiro, que, mesmo não mantendo sua palavra, ainda
consegue ser endeusado e idolatrado por seus fãs e adoradores como verdadeiro
líder nacional. A sua permanente atividade política representa, em princípio,
indiscutível mau exemplo para o país e para a classe política, pela forma
cediça como adere facilmente às conveniências políticas e aos interesses
pessoal e partidário, em nome do poder supremo. E isso ficou patenteado por
ocasião das enxurradas de denúncias de corrupção no governo da sua criatura,
quando ele não teve dúvida em apoiar brava e enfaticamente os envolvidos nas
irregularidades, tendo a fraqueza moral de pressionar o governo para não "aceitar as pressões da mídia",
mostrando como modelo os casos de corrupção no seu governo, no qual nunca foram
apuradas as denúncias de corrupção, apesar das fundadas e abundantes provas de malversação
de recursos públicos, em clara demonstração de completo desprezo aos princípios
da moralidade e da dignidade que devem imperar em defesa do interesse público. Essa
forma desmoralizante não causa nenhuma estranheza, porque é típica dele
considerar-se o próprio poder, podendo estar sempre acima dos conceitos éticos e
morais, que são expressões pouco comuns no seu vocabulário, porque a sua
vontade sempre prevalece sobre as ideias das pessoas, por mais geniais que elas
sejam. Outra prova da sua incoerência ficou evidenciada quando ele, à primeira
hora, disse que teria sido traído e que o país merece desculpas, mas, tempos
mais tarde, declarou que o mensalão jamais existiu e os envolvidos não eram
amigos dele. Não há dúvida de que a involução do momento político contribui
para a construção dos heróis sem caráter, que se aproveitam da fragilidade e do
subdesenvolvimento de substancial parcela da sociedade para impor, com amplo
proveito das estratégias maquiavélicas, as técnicas de dominação política, não
somente da classe política, mas da população menos instruída e mais carente. É
induvidoso que ele tenha sido contaminado pela doença crônica do poder e somente
se afastou dele, em termos oficiais, por imposição constitucional, mas já
anunciou que pretende retornar ao Palácio do Planalto, que o considera seu, na
próxima eleição e, para tanto, ele será capaz de atropelar quem se atrever a
atravessar à sua frente. Não é novidade que, no atual governo, as decisões
relevantes somente são adotadas depois da sua orientação, que sempre prevalece
sobre quaisquer outras opiniões, evidentemente em atendimento às suas conveniências
e aos seus interesses políticos, que são muito mais importantes do que as
causas nacionais. Com a finalidade de conquistar o poder e fazer dele o seu
patrimônio político, ele se alinhou às castas políticas com conceituação
duvidosa, exatamente os caciques que antes eram considerados por ele como
pilantras, desonestos, corruptos e outros adjetivos desprezíveis, não
importando, para esse intento, a opinião pública sobre a sua guinada de
trezentos e sessenta graus para liderar a nata dos políticos cujas condutas ele
repugnava e recriminava, à vista da má qualidade das políticas praticadas por
eles. Não obstante, por mera conveniência política, ele mantinha estreita
relação com a desprezível classe política, sob a forma de coalizão de
governabilidade, sustentada por meio do indecente e indigno sistema do “toma
lá, dá cá”, ficando instituído, com isso, o vergonhoso fisiologismo ideológico,
mediante o qual o governo entrega ministérios e empresas estatais aos aliados políticos
em troca de apoio à sua base de sustentação, cujos órgãos públicos passaram sob
a direção de políticos, muitos dos quais, desqualificados e despreparados, pouco
importando que a ineficiência dos serviços públicos estivesse a serviço da
perenidade do poder, porque os fins justificam os meios, apesar de haver nisso patente
afronta aos consagrados princípios da ética, moralidade, legalidade e dignidade
na aplicação dos recursos dos bestas dos contribuintes, que não se enrubescem
de vergonha por chancelar as práticas visivelmente sujas e condenáveis, por
serem ilegítimas. Em reforço ao lamentável histórico de homem público, é
notório seu desprezo aos valores democrático e republicano, à vista da sua
arraigada simpatia pelos ditadores, com os quais mantém relações de estreita
amizade, dando tratamento a eles de irmãos. Em demonstração do seu carinho para
com os governos tiranos, ele sempre se houve pródigo em ajudá-los financeiramente,
sob a forma de fundo perdido, ou seja, sem necessidade de pagamento do dinheiro
dos bestas dos brasileiros repassado a outros países. É de causar perplexidade
o fato de que, em dois mandatos, ele nunca fez declaração contra as violações
dos direitos humanos, em especial nos regimes ditatoriais, e dos princípios
democráticos, mas foi capaz de atacar, com veemência e dureza, os Estados
Unidos da América, que são considerados exemplo de democracia. Ele não consegue
desfaçar sua ojeriza à oposição e às críticas da imprensa, justamente por terem
opiniões contrárias à sua cartilha, aos seus princípios anacrônicos e à sua
ideologia política de dominação pessoal, que jamais podem ser contrariados nem contestados.
A sua habilidade é notória na cooptação de antigos opositores, fazendo uso,
para tanto, de recursos do erário, por meio da entrega de cargos públicos a eles,
como forma de fortalecer e garantir a estabilidade do seu “majestoso” e
intocável projeto de poder. Não há dúvida de que a sua supremacia se consolida
com o respaldo e a contribuição da oposição frágil, omissa e, às vezes,
leniente com seus desarranjos político-administrativos, como no caso do
mensalão, quando ele poderia ter sido afastado da Presidência da República. Além
disso, ele ainda conta com a esmagadora simpatia dos beneficiários do programa
Bolsa Família, arquitetado estrategicamente com viés eleitoreiro, bem
apropriado às condições de governo socialista e populista, que não tem o menor
pudor em priorizar políticas públicas visando à garantia de benefício pessoal e
partidário. Está muito evidente que suas atitudes são indiscutivelmente direcionadas
à realização da vocação pessoal de poder e de dominação absolutos, como forma
de plena satisfação de seu egoísmo politico de se tornar lenda da história
política não apenas brasileira, mas também mundial, à vista de já ter se comparado
aos grandes estadistas, inclusive ao célebre presidente norte-americano Abraham
Lincoln, em demonstração de desprezo aos salutares princípios democrático e
republicano, que se fundamentam basicamente no respeito à igualdade de
oportunidades e de valorização dos conceitos da ética, moralidade, legalidade,
honestidade, probidade e dignidade na administração pública. Infelizmente, a
própria sociedade, que cometeu o grave pecado de contribuir, de maneira
generosa, para a degeneração e a precariedade dos princípios
político-administrativos do país, elegendo-o para o cargo máximo da República, vem
pagando muito caro pela falta de sistema político-eleitoral moderno e avançado,
pela desorganização e inchamento da máquina pública, pela péssima prestação dos
serviços públicos, pelo ridículo crescimento econômico, pela falta de
investimento em obras de impacto, pela desmoralização dos princípios ético e
moral na administração pública, pela prejudicial aproximação com governos
ditatoriais, inclusive os ajudando financeiramente, e por tantas mazelas que
são fruto do pensamento político imaginado para o país por uma pessoa, segundo
a sua vontade e a sua ideologia populista, com viés socialista, eminentemente
com a finalidade de dominação e de poder absolutos, que tem por núcleo a perenidade
na administração do país. Em princípio, esse certamente não é o perfil nem o
modelo ideal do político de país sério e desenvolvido político e
democraticamente, mas, à toda evidência, ele se encaixa com perfeição na mentalidade
e na consciência da maioria esmagadora do povo tupiniquim, que ainda enxerga virtudes
nos homens públicos com os atributos dos tradicionais caudilhistas e populistas,
por se amoldam como luvas às suas conveniências e aos seus anseios de cidadania,
pouco se preocupando se essa maneira retrógrada e ultrapassada de se fazer
política convém aos interesses da minoria da população e da nação, que, por
certo, tem aspirações e pensamentos afinados com a realidade de progresso, em
sintonia com práticas e atividades político-administrativas sedimentadas nos
pilares da racionalidade, civilidade, eficiência, competência e inteligência,
em estrita consonância com os conceitos de modernidade e de avanços da
humanidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de setembro de 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário