domingo, 7 de setembro de 2014

Basta de corrupções!

O ministro da Secretaria Geral da Presidência da República disse que o vazamento de informações da delação premiada do ex-diretor da Petrobras é tentativa de "mudar o rumo" da campanha eleitoral. No seu entendimento, as denúncias que envolvem políticos da base governista não serão capazes de interferir no "destino da eleição". Em defesa da gestão petista, que tem sido capaz de sempre surpreender o país com novos atos casos de corrupção, ele afirmou, no alto da sua sapiência petista: "Acho que estão tentando usar essa delação premiada (de Paulo Roberto Costa), a notícia parcial de vazamento não confiável, para tentar, um pouco no desespero, mudar o rumo da campanha. Vazamento sempre é condenável, porque pode ter sido por advogado de réu para proteger algum réu e prejudicar outro.”. Ressalte-se que a revista Veja afirmou que o ex-diretor da estatal do petróleo havia revelado, em depoimentos ao Ministério Público Federal, que três governadores, seis senadores, um ministro e, pelo menos, 25 deputados federais foram beneficiados com pagamentos de propinas oriundas de contratos com fornecedores da estatal. O ex-diretor citou, entre outros políticos, os nomes da governadora do Maranhão e dos ex-governadores do Rio de Janeiro e de Pernambuco; do ministro de Minas e Energia; do presidente do Senado Federal, de um senador do PMDB-RR e de outro do PP-PI; do presidente da Câmara dos Deputados (PMDB-RN), de um deputado do PT-SP, de ex-ministro das Cidades (PP-BA), entre outros políticos governistas, os quais negaram envolvimento no esquema de pagamento de propinas com recursos da Petrobras. Em conclusão o petista enfatizou que "O governo não pode tomar conhecimento de uma denúncia que, insisto, por enquanto, é sem nenhuma comprovação, sem nenhum fundamento. O fato de uma pessoa ser mencionada sem nenhuma prova não pode nos levar a tomar nenhuma atitude. Não podemos julgar as pessoas enquanto não houver de fato a comprovação ou, no mínimo, a denúncia inteira, suas circunstâncias, seus aspectos, assim por diante". É verdade que, por enquanto, não houve o detalhamento sobre a participação dos políticos mencionados na delação premiada, mas o delator teria se comprometido a indicar o envolvimento individual dos políticos no esquema. A revista diz que ele admitiu, durante os depoimentos, que as empreiteiras contratadas pela Petrobras tinham a obrigação de contribuir para o caixa paralelo que era distribuído a partidos e políticos da base governista, os quais tinham seu encarregado para fazer a intermediação com o esquema de corrupção. Como não poderia ser diferente, o governo aproveita o momento difícil da sua gestão e da sua candidata, em virtude da revelação de mais um caso aterrorizador de corrupção, envolvendo a principal empresa estatal, para acusar a oposição de tentativa de mudança dos rumos da campanha eleitoral, como se isso tivesse o condão de arrefecer a gravidade dos fatos em si, que são de extrema gravidade, por envolver a distribuição de recursos públicos entre políticos das hostes governistas, dando a entender que o uso da notícia sobre o fato vergonhoso e deprimente pela oposição tem muito mais importância do que o próprio caso e a sua elucidação, o qual tem origem no âmago da administração petista, que, ao invés de assumir a culpa pela degeneração dos princípios da moralidade e da honestidade, que se tornou costumeira na gestão da empresa estatal, prefere simplesmente estranhar as atitudes contrárias da oposição, que comunga com a opinião da sociedade, já assoberbada pelos reiterados atos de corrupção nesse governo, que ainda tem a soberba de se vangloriar de ter preparado, como ninguém, aparato para combater as irregularidades na sua gestão, que, como visto, não tem sido capaz de evitar os sucessivos escândalos, fraudes e rombos nos cofres públicos. A sociedade não pode compactuar com as seguidas insinuações e tentativas do governo de desvirtuar a realidade dos fatos irregulares, à vista de representarem prejuízos ao patrimônio público e de exigirem investigação e saneamento, não permitindo a absurda forma de atribuição de culpa aos adversários, que têm propugnado pela moralização e dignidade na administração do país, com a observância dos princípios da honestidade e da legitimidade na aplicação dos recursos públicos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 07 de setembro de 2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário