O resultado do Produto Interno Bruto do segundo
trimestre, com redução de -0,6%, demostrando recessão técnica - dois trimestres
consecutivos de retração -, não poderia ser mais desastroso para as pretensões
políticas da reeleição, por confirmar a ineficiência na execução das políticas
econômicas pelo governo. Esse episódio demonstra que o país andou para trás no primeiro
semestre deste ano, ou seja, houve retrocesso ou retração, ao invés de
crescimento da economia. No entanto, a presidente do país tem esperança de que
o prejuízo será recuperado no semestre em curso, fato esse que funciona muito
mais como tentativa de suplantar o fracassado desempenho da economia e como
forma de escamotear a notícia bastante negativa que é creditada ao seu governo,
que não consegue deslocar a sua má gestão do noticiário negativo. Veja-se o
assombroso rombo no patrimônio da Petrobras, motivado por graves
irregularidades não esclarecidas, em razão da forte blindagem montada pelo
governo sobre a famigerada compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos
da América, com fortes suspeitas de preços superfaturados, por incompetência
gerencial das pessoas de confiança da presidente, que foram nomeadas por ela,
cuja responsabilidade pelos prejuízos causados à estatal tem significativa parcela
de culpa dela. Uma visão mais abrangente sobre o que teria levado o país a ter a
desaceleração do PIB, de forma tão desastrosa e preocupante, pode-se vislumbrar
vários fatores, entre os quais ganham destaque a crise econômica internacional,
que ainda se encontra em curso, tendo peso considerável na economia brasileira,
a longa paralisação dos dias inativos da Copa do Mundo e a redução do consumo pelas
famílias, talvez devido ao elevado custo do endividamento, que tem a
contribuição da incompetência gerencial, por não saber contorná-los com métodos
apropriados, a exemplo das reformas da estrutura do Estado. As perspectivas
para este semestre não são das melhores para o desempenho da economia, tendo em
vista que, à exceção da copa, os demais fatores ainda permanecem importunando o
mercado, que se associam à falta de investimentos na indústria, por temor às
incertezas do mercado e principalmente do programa do futuro governo. Esses
fatores projetam possível crescimento neste semestre, porém de forma bastante
acanhada, quase rasteiro, em relação às projeções animadoras e satisfatórias. Não
há dúvida de que o Brasil mostra que está pagando preço bastante alto pela
farra promovida pelo governo com recursos públicos, por falta de contenção dos
gastos, permitindo o esbanjamento com dinheiro dos tolos dos contribuintes, que
foram bastante sacrificados com a pesada carga tributária, que vai muito além
da sua capacidade contributiva. Aos poucos, o governo vai cair na real e
perceber que a realização da Copa do Mundo no Brasil teve preço altíssimo para
as pretensões petistas, principalmente porque os fatos estão conspirando com
frequência contra seus planos, a começar pela incompetência evidenciada na
inusitada demora em concluir os estádios, que foi duramente criticada pela
Fifa, inclusive com ameaça de transferir o evento para outro país. A conclusão
de pouco mais da metade das obras de mobilidade urbana, a fata de conclusão de outras
iniciadas e a inexistência sequer do início de algumas, evidenciando
irresponsabilidade pela quebra do compromisso com a realização do
empreendimento. Não obstante, o que causou maior transtorno aos planos do
governo foi mesmo a humilhante derrota do esquete Canarinho, em casa, para a
seleção que se tornou campeã, cujo acachapante placar desestruturou por
completo o audacioso planejamento estratégico de atrelar o sucesso da seleção verde-amarela
à “eficiência” do governo, por ter tido a “majestosa” ideia de patrocinar, com
recursos dos bestas dos contribuintes, evento totalmente dispensável,
dispendioso e inaceitável por qualquer administrador público de pouca
inteligência, por perceber, sem o menor esforço, que os gastos com a construção
e as reformas dos estádios representaram indiscutível desperdício de verbas
públicas, notadamente porque as obras resultantes não se destinaram senão ao
aproveitamento econômico da Fifa, em contraposição à satisfação do bem comum e
do interesse público, que são os fins que devem ser perseguidos pelo gestor
público. Urge que a sociedade se conscientize de que a nação não pode continuar
sendo administrada sob políticas públicas temerárias e ineficazes, visivelmente
incompatíveis com os princípios da competência e da eficiência na administração
do país, à vista da situação deletéria imposta à economia nacional, evidenciada
no desempenho negativo do Produto Interno Bruto e nos demais indicadores
econômicos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 31 de agosto de 2014
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