segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A frívola mentalidade

O ex-presidente da República petista tem sido protagonista de inserções em propaganda de seu partido, para exibição durante a programação das emissoras de televisão. Entranha-se que, nas duas peças de propaganda, não há menção à presidente do país.
Com 30 segundos de duração, os dois vídeos destacam o combate à fome e à pobreza, os programas sociais do governo e criticam os políticos que querem chegar ao poder “custe o que custar”.
Em um dos vídeos, o ex-presidente diz que o Brasil é capaz de superar qualquer crise e aponta ascensão social, a par de também mencionar programas como Minha Casa, Minha Vida e Programa Universidade para Todos (ProUni).
O petista afirma: “Pensem comigo: um país que em apenas 12 anos saiu do mapa da fome da ONU, colocou mais de 40 milhões de brasileiros na classe média, bateu recorde na geração de empregos e fez programas como o Minha Casa, Minha Vida, o Prouni e o Fies, é capaz de vencer qualquer crise. Um país que fez tanto em tão pouco tempo tem que acreditar na força do seu povo. Foi por isso que lutei e vou continuar lutando hoje e sempre”.
Em outro vídeo, um locutor questiona os telespectadores sobre se “Os políticos que querem desestabilizar o governo estão interessados em beneficiar a população ou só querem tirar proveito da crise? Afinal, quem garante um caminho mais seguro? Um governo eleito democraticamente ou aqueles que querem chegar ao poder custe o que custar?”.
Enquanto isso acontece no PT, o PSDB veiculou no seu programa partidário que “está na hora” de o PT “pagar pelos próprios erros” e, em uma das falas, o ex-presidente da República tucano afirma que este é o momento de a presidente petista ter “grandeza” e pensar o melhor para o Brasil.
Não há dúvida de que quem vive do passado e ainda sobrevive a duras penas é museu, que tem sua importância na história do mundo, mas a menção aos fatos do passado recente, como é feita com ênfase pelo ex-presidente, não contribui em absolutamente nada para a solução das graves questões que dominaram o governo, sem que não haja competência e capacidade para remover os obstáculos que impendem o desenvolvimento social e econômico.
Os homens públicos ultrapassados e alheios à realidade nacional precisam se conscientizar de que o povo depende, para viver, no momento, de condições sociais e econômicas satisfatórias, principalmente com a existência de empregos, custo de vida baixo, crédito facilitado e barato, inflação baixa, produtividade em alta, enfim, economia em desenvolvimento, em contraste com o que vem ocorrendo no governo, e não com base em fatos acontecidos no passado, que devem servir, agora, tão somente como elementos estatísticos, que não contribuem, à toda evidência, em nada para melhorar as condições de vida da população ou nem mesmo como perspectivas para a melhoria da governabilidade.
O simples fato de mencionar que o governo petista foi capaz de matar a fome dos brasileiros e de ter conseguido múltiplas façanhas não muda em nada a trágica situação político-administrativa da atualidade. Ao contrário, porque referência a resultados auspiciosos de outra gestão somente suscita mais dúvida quanto e como governo que se diz tão competente no passado recente foi extremamente capaz de quebrar, em tão pouco tempo, o Brasil e, de lambuja, desarranjar as estruturas econômico-financeiras da Petrobras, a empresa mais importante do país.
Não pode haver nada mais medíocre e ridículo do que político ultrapassado e fora do contexto tentando justificar a decadência do governo, responsável por graves erros do presente, piores indicadores econômicos, irregularidades na aplicação de dinheiro público, desmoralização do país e descrédito da sociedade pela gestão petista, com a realização satisfatória de obras do passado recente, como se isso tivesse o condão de transformar as precariedades e deficiências administrativas em algo diferente e alentador, quando isso demonstra exatamente a falta de capacidade para se praticar algo correto, produtivo, eficiente e competente, de modo a não se permitir que o país estivesse mergulhado na recessão, com ameaça de impeachment da presidente, justamente por causa da sua demonstração de incapacidade para solucionar as terríveis dificuldades econômicas, políticas, morais e administrativas.
Os brasileiros precisam se conscientizar de que as mentalidades dos homens públicos impregnadas com fatos do passado não podem merecer qualquer credibilidade no presente, tendo em vista que agora o governante é da mesma corrente política, porém com pensamento gerencial obsoleto e absolutamente incapaz de evitar a trágica situação de precariedade dos sistemas político, econômico e administrativo, com o país padecendo diante de terrível recessão e suas perniciosas consequências, em enorme desarranjo das políticas de incumbência do Estado e extrema dificuldade para a retomada do desenvolvimento do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 05 de outubro de 2015

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