O ex-presidente da República petista prestou
depoimento, voluntariamente, ao Ministério Público Federal, no Distrito Federal,
em inquérito que apura suposto tráfico de influência internacional.
O alvo das investigações são viagens internacionais
feitas pelo petista, que teriam sido bancadas pela construtora Odebrecht, em
visita a países como Cuba, República Dominicana, Gana e Angola, sob o patrocínio da maior
construtora brasileira, evidentemente com a finalidade de negociar
financiamentos para esses países, cujas obras ficariam sob a administração
dessa empresa.
A
revista Época, em furo de reportagem
publicada em maio último, revelou documentos dando conta de que o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) autorizou financiamentos
de, pelo menos, US$ 1,6 bilhão com destino final à Odebrecht, após o petista, já
na qualidade de ex-presidente do país, se encontrar - sempre patrocinado pela
citada empreiteira - com os presidentes de Gana e da República Dominicana.
Em conformidade com o instituto que tem o nome dele,
no depoimento, o ex-presidente respondeu às perguntas e argumentou que os
presidentes e ex-presidentes do mundo inteiro defendem as empresas de seus
países no exterior.
A assessoria do ex-presidente ressaltou, dando ênfase,
que o petista “jamais ter interferido”
em qualquer contrato celebrado entre o BNDES e empresas privadas, ou seja,
entre construtoras.
Não há a menor dúvida de que os
ex-presidentes sérios e patrióticos fazem lobby normalmente, mas com o salutar propósito
de conseguir empréstimos para seus países, o que seria natural se o petista
tivesse agido para trazer dinheiro para o Brasil e jamais para o Brasil
conceder financiamentos para obras lá fora, quando elas são carentes aqui no
país e importantíssimas para os brasileiros, que foram simplesmente lesados diante
do fato de ser obrigados ao pagamento de pesados tributos para ser mandados
para países comandados por ditadores eternamente venerados pelo petismo, a
exemplo do governo de Cuba.
É indiscutível que essa
história de se fazer lobby para mandar dinheiro para o exterior, com a
finalidade de financiar obras fora do Brasil, somente se harmoniza com o crime
de lesa-pátria, justamente pelo fato de se estar contribuindo para a construção
de obras no estrangeiro, com recursos dos brasileiros, que seriam de suma
importância para eles.
É bem provável que, nos países sérios e evoluídos, os
ex-presidentes até possam defender os interesses de empresas de seus países,
certamente com o importante diferencial do que ocorre no país tupiniquim,
porque, por questão de ética e moralidade, eles, ao contrário, não devem aceitar
patrocínios das empresas envolvidas, justamente para se evitar qualquer espécie
de questionamento que não fica nada bem para o homem público, como no caso da
suspeição da prática do tráfico de influência internacional, obviamente para possível
beneficiamento da situação, a exemplo do recebimento de doações e de pagamento
por palestras altamente discutíveis, como a contratação de dez palestras pela
bagatela de R$ 4 milhões, à vista da realidade brasileira, conforme recente revelação
feita pela revista Época, sobre a
atuação do petista nesse clamoroso affaire.
Por mais que o petista tente justificar o
injustificável, somente os tolos e ingênuos devem acreditar que ele tenha
atuado, nesse caso, com licitude acima de qualquer suspeita, porquanto a falta
de legitimidade para a participação do petista em lobby para beneficiar
empresas brasileiras é tão patente que, após as denúncias, simplesmente ele se
afastou desse rentável empreendimento, mesmo o achando absolutamente lícito, e
também nunca mais houve notícia sobre qualquer palestra patrocinada pela
empresa que costumava pagar astronômicos cachês e fazer benevolentes doações ao
instituto do petista.
É evidente que a simples defesa de empresas
brasileiras por ex-presidente é ponto importante e sem a menor possibilidade de
questionamento caso não se tratasse apenas da mesma empresa, excluídas, de
forma estranha e inexplicável, nessa forma de defesa do ex-presidente, várias
empresas brasileiras que atuam no mesmo ramo, que, por óbvio, não se
beneficiaram tanto dos financiamentos do banco oficial, o BNDES, para a
construção de obras nos países visitados pelo petista.
Espera-se que o Ministério Público Federal não seja
tão inocente e tolo de aceitar justificativas absolutamente sem plausibilidade
e fora dos padrões da ética, moral e retidão que são esperados dos homens
públicos, conquanto seus atos devam ser maleáveis às suspeitas passíveis de
esclarecimentos com base em fatos reais e facilmente comprováveis,
diferentemente da situação em comento, quando as justificativas aduzidas, por
si sós, são absolutamente inaceitáveis, por não se coadunarem com os princípios
da dignidade e da honorabilidade ínsitos nos homens públicos. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de outubro de
2015
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