Nos últimos dias, o Tribunal de Contas da União
rejeitou as contas da presidente da República, referentes ao exercício de 2014,
e o Tribunal Superior Eleitoral autorizou investigação sobre supostas
irregularidades na campanha à reeleição da presidente, fazendo com que o
Palácio do Planalto virasse de ponta cabeça e a sua principal ocupante deixasse
transparecer excessivo estresse.
Embora tentasse demonstrar que não teria sofrido
abatimento nem incômodo com as acachapantes e avassaladoras derrotas impostas
ao seu governo pelos citados tribunais, ela, de forma imatura e precipitada,
fez comentário de que está em movimento no país "golpe democrático" à paraguaia.
Em seguida, elevando o tom de sua fala final e
externando visível imoderação presidencial, a petista afirmou: "Só que o Brasil não é o Paraguai, temos
instituições fortes", dando a transparecer que o país tupiniquim, no
seu comando, é superior a tudo e a todos os países.
A petista fez o comentário em reunião fechada à
imprensa, na semana em que o governo foi duplamente derrotado em tribunais que
podem pôr em risco o segundo mandato dela. Ela indicou, em gesto com os dedos,
que a expressão "golpe democrático",
deveria ser entendida entre aspas, como uma ironia.
Como é sabido, em 2012, o então presidente
paraguaio sofreu processo de impeachment por "mau desempenho de suas funções", segundo os relatos vindos do
país amigo.
Na época, países da América do Sul, encabeçados
pelo Brasil, disseram que houve "ruptura
da ordem democrática" no Paraguai e decidiram, com a liderança da
presidente petista, aplicar sanção àquele país, como a suspensão
temporariamente dele do Mercosul e da Unasul (União das Nações Sul-americanas).
A
infeliz afirmação da presidente brasileira, agora, causou forte desagrado ao
governo do Paraguai e abriu crise diplomática, tendo a chancelaria do país
vizinho emitido nota de repúdio à referência maldosa da petista ao impeachment
do ex-presidente paraguaio e convocou o embaixador brasileiro, em Assunção, a
dar explicações sobre a declaração da petista.
O
governo paraguaio, a par dizer que a declaração da mandatária brasileira
provocou "surpresa e desagrado"
no país, afirma que o processo de impeachment do ex-presidente tramitou em
conformidade com o ordenamento jurídico constante da Constituição do país.
O
texto da chancelaria paraguaia dá forte e merecida pancada na despreparada
diplomacia tupiniquim, ao afirmar que "O
governo do Paraguai respeita o princípio de não intervenção em assuntos
internos de outros Estados e ratifica que, na República do Paraguai, o Estado
de direito e as instituições estão plenamente vigentes, sólidos e são
respeitados, ininterruptamente desde 1989".
O
Paraguai faz muito bem em se indignar contra as declarações despropositadas e injustas
da petista e ainda exigir imediatas explicações do governo brasileiro, que
demonstrou despreparo e imaturidade diplomáticos, na tentativa insana de quem
se encontra encurralada por causa do torvelinho de seus erros, que são graves e
danosos ao interesse público, embora não ele tenha capacidade para entender a
exata dimensão dos estragos que eles estão provocando ao país.
No
caso do afastamento do presidente daquele país, o Paraguai se posicionou com absolutos
acerto, legitimidade e sabedoria, tendo por fundamento os fortes danos que
estavam sendo causados pelo governo de então, com suas políticas de cunho bolivariano,
altamente prejudiciais aos interesses daquela nação, nos moldes das ações
comungadas pelo governo tupiniquim, cujos resultados são visivelmente
perniciosos e não poderiam ser piores, à vista das crises política, econômica e
administrativa que devastam a administração brasileira.
Nessa
questão de governabilidade, os paraguaios demonstraram superiores racionalidade
e inteligência às dos brasileiros, por não terem estômago, tolerância nem
condescendência com a incompetência, a eficiência e as desastradas políticas
públicas que estavam conduzindo, de forma progressiva, o país para o horroroso
fundo do poço, causando imensuráveis estragos às instituições nacionais.
O
governo brasileiro demonstra absoluta incompetência ao ignorar que, depois do
afastamento do então presidente socialista do Paraguai, aquele país foi
conduzido aos trilhos da prosperidade, da ordem e do progresso, sendo um dos
países que mais se desenvolveram na região e o mais importante desse processo
democrático foi o controle da violência que antes atormentava os paraguaios.
A
presidente tupiniquim precisa se conscientizar sobre os malefícios causados por
ela ao país, com a destruição dos meios de produção, por força do horroroso
custo Brasil, coadjuvado com pela terrível recessão econômica, com inevitável ameaça
à estabilidade de toda ordem, principalmente aos preciosos e indispensáveis desenvolvimentos
social, político, econômico e democrático.
A
expressão "golpe democrático à
paraguaia" é indiscutivelmente clara ofensa à dignidade, autonomia e
independência do Paraguai, além de gracioso desrespeito à soberania e ao
processo democrático daquela nação, com insinuação de transparecer a
inferioridade daquele país em relação ao Brasil, conquanto esse processo não
condiz com o respeito às peculiaridades de cada nação e à aceitação como ela
realmente é, à vista dos princípios de não intervenção nas políticas das nações
amigas.
A
petista tem o dever cívico e moral de se conscientizar sobre o seu juramento de
posse, onde consta que ela se comprometeu a cumprir e fazer cumprir a
Constituição e as leis do país, mas, ao contrário disso, na concepção dela, a
aplicação e o cumprimento das leis são golpes, pensamento esse também comungado
pelo bloco bolivariano, quando isso possa contrariar seus interesses e suas
conveniências políticas e administrativas.
Percebe-se
que, no caso, a alusão a golpe pela petista nada mais é do que a justa sanção a
ser aplicada a quem tenha deixado de cumprir o ordenamento jurídico de que
tratam, por exemplo, as diretrizes estabelecidas quanto aos salutares limites
dos gastos públicos, previstas na Carta Magna, nas Leis de Diretrizes
Orçamentárias e de Responsabilidade Fiscal, que implicam, necessariamente, em
crime de responsabilidade fiscal, dando a entender que, para a presidente, o
juramento de posse é apenas proforma, como acontece normalmente nas
republiquetas, onde as leis são simplesmente desrespeitadas e ignoradas e fica
tudo por isso mesmo, sem punição aos praticantes de atos delituosos.
Nas
atitudes da presidente, fica muito claro que ela considera normal o descumprimento
da legislação que respalda a ascensão ao poder, quando ela serve para amparar o
exercício, os benefícios e os projetos de governo, mas não deve fazer sentido
quando é para serem impedidas as pedaladas fiscais e as gastanças necessárias à
conquista questionável da reeleição, pelo descontrole das contas públicas, em
arrepio às normas sobre controle da administração orçamentária e financeira.
Por
seu turno, não há desconhecer que os brasileiros estão insatisfeitos e
incomodados com a atuação da presidente do país, conforme as pesquisas de
opinião pública evidenciando descomunais índices negativos de reprovação, ante
o desrespeito às leis pátrias, as práticas de truculência no gerenciamento
público, a ofensa a país amigo, a contribuição à precariedade dos serviços
públicos, as piores barbaridades na gestão das contas públicas etc., mas, mesmo
assim, ela ainda tem o despautério de se sentir vítima, pela falta de
complacência das pessoas honradas e dignas, que anseiam tão somente pela
correção, nobreza e pureza na administração do Brasil, embora isso seja
entendido pela presidente como afronta à “dignidade” de quem conseguiu quebrar
as estruturas de uma das nações mais prósperas do mundo.
Nenhum
governo tem direito de cometer arrogância, dizer mentiras e enganar com o
objetivo de ganhar eleição, implantar regime ditatorial de esquerda, maquiar contas
públicas para mostrar resultado inexistente, deixar de zelar pela boa e regular
aplicação de recursos públicos, a exemplo da rejeição das contas pelo órgão de
controle externo, entre outras precariedades que a sociedade repudia e discorda
de métodos contrários aos salutares princípios pertinentes à dignidade,
legalidade, moralidade e transparência que jamais deveriam ser desprezados por
governos cônscios da relevância da liturgia de seus cargos e da imperiosa
necessidade da exclusiva satisfação das carências sociais.
Está
claro que não houve golpe no Paraguaio, mas sim o afastamento de governo
incompetente e prejudicial aos interesses daquele país e do seu povo, à vista
das sucessivas melhorias conquistadas por seu povo depois da saída do presidente
bolivariano, enquanto no país tupiniquim o golpe se encontra em curso progressivo,
com a inapetência gerencial e administrativa, os piores resultados da economia,
as crises de toda ordem institucional, a gastança além das receitas, em
desprezo às normas constitucionais e legais de administração orçamentária e
financeira, a desmoralização dos princípios da administração pública, ética,
moral e dignidade, a corrupção generalização na administração pública, o
enfraquecimento das instituições públicas com o loteamento entre partidos
aliados de ministérios e empresas públicas, com a finalidade da indigna
fidelização ao governo, entre tantas degenerações dos princípios democrático e
republicano, como essa agora do indevido desrespeito à dignidade e à honra do
país vizinho.
Os
brasileiros têm o dever cívico de repudiar, de forma veemente, as inadmissíveis
e graciosas grosseria, indelicadeza e ofensa ao povo paraguaio, por ficar
patente que a presidente da República transgrediu os princípios da diplomacia
internacional, demonstrando despreparo para o desempenho do mais importante
cargo da República, que não concede a ela o direito de inobservar a autonomia,
a integridade e a independência de países amigos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de outubro de 2015
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