Pelo
menos alguns deputados da bancada do PMDB, totalizando 22 de 66 da Câmara dos
Deputados, decidiram assinar manifesto contra a negociação de cargos com o
governo federal e afirmar que a votação do grupo em plenário “não dependerá desse tipo de barganha por cargos”.
Eles
disserem textualmente que “Discordamos de
qualquer negociação de cargos no governo, a qualquer título. Não é com esse
tipo de atitude que a profunda crise geral deve ser enfrentada, e sim com
posturas que recuperem a credibilidade perdida”.
A
negociação do governo com as lideranças do PMDB da Câmara possibilitou que fosse
efetivada a reforma ministerial, que ficou conhecida como a entrega de cargos
públicos em troca de apoio desse partido à defesa dos interesses da presidente
do país no Congresso Nacional, que consiste basicamente na aprovação de
projetos que possibilitem a retomada da governabilidade, bem assim a blindagem
da petista, com relação aos pedidos de abertura de processo de impeachment.
Essa
lastimável versão foi confirmada pelo líder do governo no Senado Federal, que
disse, in verbis: “O objetivo da reforma ministerial é fidelizar
os parlamentares da base aliada tanto na Câmara quanto no Senado, com vistas à
votação de medidas econômicas enviadas pelo Executivo ao Legislativo para reequilibrar
as contas públicas”.
Nas
negociatas envolvendo o loteamento de ministérios e empresas estatais, por
enquanto não foi possível se identificar claramente quem mais perde a
dignidade, se a presidente da República ou os congressistas envolvidos, mas
certamente os princípios da ética, da moral e do decoro foram absolutamente
maculados, bem assim a dignidade que se impõe na liturgia dos cargos da mais
alta relevância da República.
Não há dúvida de que os políticos envolvidos nas
negociatas perdem a credibilidade e o respeito por parte da sociedade,
responsável pela delegação conferida a eles nas urnas, que igualmente foram
turvadas com a desmoralização demonstrada na indecorosa e ilícita entrega de
ministérios em troca de apoio político, denominado fidelização no Parlamento,
em clara evidência da perda da dignidade dos homens públicos, que deixaram de
lado o espírito ético em prol do interesse pessoal e da conveniência
oportunista de se beneficiarem das regalias e do tráfico de influência
propiciados pelo poder, tudo envolvendo recursos públicos e contribuindo para a
degeneração da administração pública.
Trata-se, indiscutivelmente, de explícita
irresponsabilidade quanto às finalidades primaciais da administração pública,
que certamente continuará a prestar serviços de públicos com baixa qualidade, precariedade
e ineficiência, em razão de os titulares dos ministérios serem pessoas escolhidas
a dedo, no seio do chamado baixo clero do Parlamento, ou nomeadas por
conveniência pessoal da presidente do país, com o objetivo específico de defender
os interesses dela no Congresso, em especial na votação de medidas econômicas
enviadas pelo Executivo ao Legislativo, para reequilibrar as contas públicas e
consolidar a base do governo, com vistas a se evitar a abertura do processo de
impeachment da petista.
Não há a menor dúvida de que se trata de indecente
arranjo político para garantir o que foi convencionado governabilidade, fazendo
uso ilícito da máquina pública e de recursos públicos para solucionar questões
de interesse pessoal da presidente da República, em clara demonstração de
desprezo aos princípios da dignidade, legalidade e moralidade, que comprometem
a seriedade da administração do país e a credibilidade da atuação de
parlamentares e da presidente petista.
É justamente em razão de medida de indignidade como
as negociatas da fidelização política que a presidente brasileira vem sendo avaliada
pelo povo com os piores índices, deixando muito clara a extrema reprovação do
desempenho administrativo dela, cujos percentuais são absolutamente compatíveis
com o fracasso de suas políticas de governo, como agora, na escolha de seus novos
ministros, que foi feita pelo pior critério do censurável “toma lá, dá cá”, em indisfarçável
degeneração dos princípios da administração pública.
Compete aos brasileiros fazerem coro aos dignos
parlamentares do PMDB, que tiveram a sensibilidade, a autonomia e a nobreza de
repudiar a prática nada condizente com os conceitos da ética, moralidade, legalidade
e dignidade que devem imperar na administração pública, como forma de comprovar
a seriedade e a responsabilidade dos homens públicos, em benefício do interesse
da sociedade e do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de outubro de 2015
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