domingo, 18 de outubro de 2015

Acordo da indignidade


A imprensa noticia que o ex-presidente da República petista pediu a deputados do PT trégua ao presidente da Câmara dos Deputados, sob cuidados para barrar, de vez por todas, a abertura de processo de impeachment contra a presidente da República.
Com desculpa mais deslavada e fajuta, o petista disse para correligionários sensivelmente contrariados com essa absurda e irresponsável estratégia, que, pasmem, “ninguém ganhará com a queda de Cunha. Não adianta derrubar o peemedebista se o Palácio do Planalto não reorganizar sua base aliada no Congresso Nacional, a bancada não defender Dilma e não houver mudanças na política econômica.”.
O petista argumento que, se o cenário atual não mudar e o governo não recuperar a popularidade, a presidente do país pode ser afastada mais adiante.
O petista teria ficado muito irritado com o vazamento de informação sobre suas articulações de bastidor para salvar o mandato do peemedebista, que é acusado pelo Ministério Público da Suíça de manter contas secretas com dinheiro desviado da Petrobras.
Segundo se comenta, a maquiavélica e torpe estratégia articulada pelo ex-presidente, com o apoio do Palácio do Planalto, suscitou terrível guerra entre correntes do PT, porque muitos petistas alegaram não haver condições para proteger o presidente da Câmara, em razão dos graves escândalos de corrupção, que são absolutamente "insustentáveis".
A “sábia” argumentação do ex-presidente, conforme relato de participante do encontro com petistas, é que ninguém vai se sobressair se o peemedebista for defenestrado e que a bancada do PT está acuada e precisa partir para o enfrentamento contra a oposição, para proteger a presidente petista.
Diante da péssima repercussão de que o ex-presidente faria patético acordo com o presidente da Câmara, para defender o seu mandato e o da presidente do país, o presidente do PT rechaçou a ideia, afirmando que "Tanto o governo quanto o PT já deixaram claro que não existe hipótese de complacência com o malfeito.”.
Até o petista-mor teria negado a articulação para proteger o peemedebista no Conselho de Ética, à vista de esclarecimento prestado por um petista, segundo o qual "Lula não manteve encontros ou reuniões neste sentido com parlamentares do PT nem com políticos de outros partidos. São escandalosamente mentirosas, portanto, as notícias publicadas a esse respeito.", informação esta que não condiz com fatos realmente acontecidos e noticiados pela imprensa.
É notório que o todo-poderoso petista já passou para a história republicana como o principal mentor do mensalão e do petrolão, em harmoniosa parceria com o "genial" estrategista ex-ministro da Casa Civil, e agora ele pretende se destacar como o arquiteto da sustentação e consolidação da maior indignidade já perpetrada na República moderna, com a intransigente defesa da permanência na Presidencia da Câmara dos Deputados de político de extrema capacidade delituosa, por ter se beneficiado, de forma fraudulenta, de recursos desviados da Petrobras, que foram depositados em contas suas na Suíça.
Trata-se da demonstração da maior baixeza protagonizada por um homem público, em defesa explícita da impunidade de autor de atos de corrupção devidamente comprovada, tendo como contraprestação moeda de troca no sentido de que o corrupto beneficiado, em demonstração de gratidão e recompensa, deixará de adotar medida com vistas à abertura do processo de impeachment da presidente da República, em clara evidência da pouca-vergonha consumada entre principais homens públicos que deveriam ter tão somente a dignidade e o caráter de dar bons exemplos de virtudes e de honestidade no desempenho das atividades políticas e públicas.
Nos países com um pouco de seriedade, medidas vergonhosas e aviltantes como essas de defender a impunidade de corrupto são repudiadas com a maior veemência, pela sociedade, impensa e pelas organizações sociais, a par de se defender a eliminação em definitivo dos envolvidos nos conchavos da vida pública, ante o degradante exemplo de personalidade degenerada e cúmplice com a criminalidade e a destruição dos salutares princípios da administração pública e das instituições públicas, tudo isso em evidente demonstração de defesa de interesses pessoais e partidários, sobretudo na tentativa de salvar a presidente da República do iminente impeachment, por ter cometido crime de responsabilidade fiscal, em flagrante descumprimento das normas constitucional e legal pertinentes à administração orçamentária e financeira, à vista dos rombos nas contas públicas, em razão das gastanças abusivas e irresponsáveis, a par da degeneração dos serviços públicos e da economia, em prejuízos dos interesses nacionais.
Enquanto se entabulava o mais depravado e desprezível acordo da história republicana, nos bastidores dos palácios, sob o consentimento da cúpula do governo e do PT, a presidente da República teve a audácia, em discurso bastante agressivo contra a ameaça de seu impeachment, de atacar seus adversários, ao qualificá-los de "moralistas sem moral", como se o Planalto fosse um poço de virtudes e de moralidade.
Talvez ela quisesse abstrair, como é próprio do governo, o imoral e antiético acordo com o presidente da Câmara, pelo tanto de irregularidades por ele cometidas, com a gravidade de ter participado da roubalheira na Petrobras, conforme comprova o dinheiro nas contas dele na Suíça.
À luz dos fatos vindos à lume, como sói acontecer no governo, não importam os fins para se atingir os meios, à vista de se pretender, a qualquer custo, a limpeza da sujeira na administração do país com o uso de faxineiros totalmente enxovalhados, ou seja, com respaldo da presidente petista, em que pese seu roto discurso “moralista“ apenas por conveniência e oportunismo, porque os fatos falam por si sós, alguns ministros teciam acordo espúrio e imoral com um dos maiores delinquentes do país, que foi capaz de cometer, entre outros, o crime de lesa-pátria, conforme evidenciam os fatos policiais.
À luz da tratativa para a efetivação de acordo extremamente contrário aos princípios, entre outros, da dignidade e da civilidade, é lamentável que os brasileiros sejam comandados por homens públicos com índole tão diminuta e insensível à importância dos conceitos sobre a ética, moralidade e honorabilidade, sem o menor pudor quanto ao possível constrangimento que a falta de compostura pode causar às pessoas dignas, honradas e de caráter ilibado, que certamente não comungam com negociações e acordos que não resistem minimamente à avalição de legitimidade e moralidade, mas é capaz de escandalizar e macular uma nação totalmente envergonhada com tamanhas indignidade e irresponsabilidade.
O certo é que a política tupiniquim atingiu nível da menor desqualificação e da falta de importância no contexto de avaliação do governo, do seu partido e dos aliados da sua base de sustentação, que comungam com os mesmos ideais sobre a plausibilidade de acordões, negociatas, fisiologismo, loteamento de ministérios entre partidos da aliança, degeneração dos serviços públicos, gastanças desenfreadas e abusivas, com inobservâncias das normas sobre diretrizes orçamentárias, impunidade de corruptos (caso do presidente da Câmara), ingerência prejudicial nas empresas estatais, a exemplo da Petrobras, que teve o patrimônio dilapidado por pessoas indicadas pelo governo, entre outras precariedades extremamente prejudicais aos interesses nacionais, que são dignas da repulsa da sociedade.
Urge que os brasileiros dignos e honrados não permitam que as atividades político-administrativas do país descambem ainda mais para a desgraça, por força dos vergonhosos acordos interesseiros e de conveniências pessoais e partidários, envolvendo a deterioração dos princípios da dignidade, nobreza e honorabilidade, que jamais deveriam ser desprezados por quem representa o povo e tem a obrigação institucional de zelar pela moralização da administração pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 18 de outubro de 2015

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