O jornal Folha de S.Paulo publicou reportagem
onde consta que o ex-presidente da República petista teria comentado que o
pecuarista seu amigo pode ter se aproveitado da sua amizade para obter
vantagens financeiras.
A ilação do ex-presidente foi
feita logo em seguida de ter vindo à lume depoimento de um lobista delator, que
se encontra preso, no qual ele afirma ter pago R$ 2 milhões ao seu amigo, que
seriam destinados à compra de apartamento para uma das noras do ex-presidente.
O petista negou que a
negociação tenha ocorrido e reclamou do amigo, ao afirmar que, caso confirmada
a versão do delator, o amigo teria utilizada a influência política da intimidade
com ele para a obtenção da propina.
O ex-presidente também
reclamou da divulgação do fato, sem a menção do nome da sua nora, como se essa
lacuna tivesse alguma importância para desaprovar a gravidade da notícia sobre
a propina em si.
O presidente nacional do PT,
ao reagir com indignação sobre a notícia em tela, disse que "Não tem cabimento esse tipo de informação
sem comprovação, sem documento, sem saber o nome da pessoa. É uma
irresponsabilidade da grande mídia, um jornalismo declaratório. Quem é a nora?
O Lula tem quatro noras. Nenhuma nora dele recebeu dinheiro", como se
a identificação do nome da beneficiária da propina tivesse o condão de abonar o
ato delituoso.
Com nome ou sem nome da
nora, importa mesmo é que o ex-presidente mostre, com elementos legitimamente
probantes, que nenhuma de suas quatro noras se beneficiou do dinheiro sujo,
desviado irregularmente do patrimônio da Petrobras.
É óbvio que nem como
paliativo para a gravíssima acusação serve a irresponsável e esfarrapada
desculpa do petista, ao pôr a culpa no seu predileto amigo, que teria se
beneficiado de tal condição para conseguir dinheiro fácil da estatal, já que os
cofres dela estavam escancarados para os amigos do rei, conforme mostram as
investigações da Operação Lava-Jato.
Ao que se pode intuir é que, se
o amigo usou o nome do ex-presidente, ambos comungam com os mesmos ideais de
amizade. Não fica bem para homem público de renome internacional permitir que
seus amigos saiam por aí pedindo propina em seu nome e continuar normalmente
com a amizade, como se nada tivesse acontecido de grave.
Procedimento análogo como esse
ocorrido em país sério é considerado como gravíssimo e é capaz de macular a
reputação do homem público envolvido, justamente pela demonstração de não saber
escolher amizades honestas e confiáveis, caso ele tenha recebido mesmo o
dinheiro de propina.
Não há dúvida de que a
declaração do ex-presidente, para tentar transferir a culpa sobre o fato para
seu amigo, somente piora o fato noticiado, por escancarar a forma nada
republicana de o petista escolher seus amigos, que não têm o menor pudor de se
beneficiar indevidamente dessa amizade.
É evidente que o ex-presidente
não foi muito feliz em expor a fragilidade de seu amigo, quanto ao sentimento
de honestidade, principalmente porque esse é apenas um caso que acaba de ser
revelado, porquanto, quem foi capaz de usar o nome do amigo, dessa forma nada
honesta, pode ter repetido procedimentos semelhantes, que ainda podem vir a
público.
É lamentável que o
ex-presidente da República se relacione com pessoa de índole tão desprezível e
o pior que o petista apenas faça uso do fato como mera e rota desculpa, sem se
tocar que tal procedimento depõe contra a sua reputação como modelo de político
bem sucedido na vida pública, possivelmente graças ao seu círculo de amizades,
ficando ele devendo maiores esclarecimentos quanto à comprovação da inculpabilidade
de uma de suas noras.
Os brasileiros precisam se
conscientizar, com urgência, sobre o nível de seus representantes políticos, que
demonstram pouco cuidado na escolha de suas amizades, que devem ser normalmente
à prova de honestidade e dignidade, como se exige no caso de todo homem
público, de modo a se contribuir para a tão ansiada moralização da
administração pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 21 de
outubro de 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário