É inacreditável que, em
pleno século XXI, a prefeita do município de uma cidadezinha do interior da
Paraíba tenha tido a insensibilidade de impedir a perfuração de poço artesiano,
que se destinava ao abastecimento de comunidade carente de água, devido a terrível
crise da seca que assola o Sertão paraibano.
A atitude insana e
despropositada da prefeita causou estarrecimento pelo fato de que ela fez uso
da força policial para proibir a perfuração do aludido poço, que tem a
iniciativa missionária de comunidade evangélica, liderada e apoiada por
políticos, entre eles o ex-prefeito do município, que pretendem promover a
perfuração de três poços destinados às comunidades carentes do precioso
líquido.
O ex-prefeito ressaltou
que, quando as máquinas começaram o trabalho de perfuração do poço, o
secretário da prefeitura tentou proibir a sua execução, que não foi atendido,
mas logo em seguida a prefeita determinou que a Polícia Militar prendesse os
operadores das máquinas.
Diante dessa situação,
populares se revoltaram contra a atitude da prefeita, sendo formada enorme
confusão no local.
A insensibilidade da prefeita
foi tamanha que ela chegou a pedir reforço ao destacamento da Polícia Militar
da cidade vizinha, para impedir a continuidade da perfuração em causa.
O ex-prefeito, em tom de
desabafo, disse que “É lamentável que a
prefeita durante todo esse tempo não tenha adotado nenhuma providência para
amenizar os efeitos da seca, e por perseguição política ainda venha tentar
impedir quem queira fazer alguma coisa”.
A situação na cidade, que
já era difícil, se complicou ainda mais, porque a população da comunidade, em
protestos contra a prefeita, realizou manifestações na região, com a interdição
de vias públicas e a queima de pneus, sob o lema centralizado no pedido de água.
A princípio, como não foi
declinado o motivo para impedir a perfuração em causa, tudo indica que se trata
de rixa própria do arraigado atraso político, onde os homens públicos, sem o
menor pudor, despreparados politicamente e em total alheamento aos sentimentos
que permeiam os interesses públicos, não medem as consequências de seus impensados
atos, que terminam prejudicando gravemente a realização do bem comum.
Em especial nas pequenas
localidades, a realização do bem comum tem suma relevância e deve ser sempre
perseguida pela convergência de esforços de todos, não importando seus
objetivos políticos, principalmente quando eles tenham por propósito o
sacrifício da população, como no episódio em comento, em que a situação
periclitante causada pela falta do precioso líquido não justifica, salvo motivo
de ordem técnica ou jurídica, que parece não ser o caso, determinar impedimento
para a adoção de medidas necessárias à obtenção de água.
No caso em tela, competiria
à Justiça examinar a questão e decidir certamente favorável à causa da
população, que não pode ficar sem a principal substância da vida, por causa de
briga política.
Não há a menor dúvida de
que a prefeita se houve com extrema intolerância e fez indiscutível uso da sua
autoridade municipal, de forma abusiva e exagerada, notadamente por contrariar
o interesse da comunidade, que precisa, com urgência, de água, certamente não
abastecida pela prefeitura comandada por ela.
Na pior das hipóteses,
compete à população repudiar tal procedimento e decidir, no momento apropriado,
ou seja, na próxima eleição municipal, pela eliminação da vida pública dessa
pessoa completamente insensível às suas causas, por ficar claro que ela, de
pública, não teve o menor interesse em demonstrar que age como tal, uma vez que
a sua irrefletida atitude de proibir a obtenção de água para a comunidade não
condiz, em absoluto, com os princípios da civilidade e razoabilidade ínsitos
nos homens públicos, merecendo o desprezo não somente da comunidade local, mas
das pessoas que comungam com os sentimentos humanitários.
Os brasileiros precisam se
conscientizar de que as atividades político-administrativas não podem, em pleno
século XXI, se confundir com interesses politiqueiros e paroquianos, porque o
que deve prevalecer na administração pública é o exclusivo atendimento ao bem
comum e o atendimento das necessidades públicas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 24 de outubro de 2015
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