terça-feira, 20 de outubro de 2015

E as causas da delinquência?


O presidente do Supremo Tribunal Federal disse que a eventual redução da maioridade penal no Brasil agravará o problema da superpopulação carcerária e provocará situação "dramática", tendo ressaltado que não poderia se pronunciar sobre a constitucionalidade da matéria, ante a possibilidade de o caso ser questionado na referida corte, caso a mudança seja aprovada pelo Congresso Nacional.
Ele foi enfático, ao dizer que "Se temos uma superpopulação carcerária - o quarto país no mundo que mais encarcera pessoas - você pode imaginar o problema que teremos se enchermos nossas prisões de jovens. Será dramático.”. O ministro lembrou recente decisão do STF que classificou de inconstitucional o sistema carcerário brasileiro.
Os brasileiros convivem, há muito tempo, com a situação da maior dramaticidade, padecendo com altíssimas taxas de criminalidade similares às de guerras civis em outros países e as autoridades públicas ainda ficam preocupadas com a superlotação das cadeias, quanto deveriam atacar as causas da delinquência, inclusive e em especial envolvendo os menores.
Esse fato enseja que os cidadãos, inclusive o presidente do Supremo, pensem no Brasil como um todo, em especial nas vítimas e suas famílias, de modo que isso propicie maior engajamento do governo no sentido de se esforçar no cumprimento do seu dever constitucional de manter a ordem pública e propiciar proteção aos cidadãos, evidentemente que isso não seja implementado com as ridículas e medíocres políticas atualmente em execução, que simplesmente padecem das piores deficiências e precariedades, que são incompatíveis com os princípios humanitários.
Convém que haja verdadeira revolução no conjunto dos sistemas que envolvem a segurança pública, com a promoção de reformas profundas e abrangentes, no sentido do aperfeiçoamento e da modernização de tudo que existe em funcionamento, que não serve de modelo para as piores republiquetas, que, certamente, estão ano-luz de distância do Brasil, que padece pelo terrível anacronismo de tudo que vem funcionando há século, em constante degeneração, por falta de investimentos e aprimoramento dos mecanismos pertinentes.
Não fica nada bem para as autoridades públicas, ante a demonstração de falta de sensibilidade para tão grave questão, ficarem defendendo a impunidade de menores em razão das inadmissíveis precariedade e incivilidade dos anacrônicos sistemas relacionados à segurança pública, inclusive do carcerário, quando a evolução da humanidade exige que a situação seja analisada e tratada com a responsabilidade própria do seu contexto, com levantamento das causas da maior incidência da criminalidade, as condições de vida dos menores, as formas possíveis de assistências aos menores, as possibilidades de ajuda e assistência aos menores, ou seja, aproveitar todo quadro de mazelas atuais e promover revolução no sentido totalmente ao contrário, com a efetiva participação do Estado nas localidades berços da criminalidade, porque o que existe, na atualidade, é a completa ausência de tudo que diz respeito à participação dele nas localidades mais carentes de assistência e de valorização do ser humano.
É tanto dramático quanto lamentável que magistrado presidente da Suprema Corte de Justiça somente enxergue, na análise sobre a redução da maioridade penal, o aspecto do sistema carcerário brasileiro, que já se encontra falido e o governo do partido dele simplesmente ignora, à vista do conformismo com a degeneração do sistema carcerário, que até foi considerado inconstitucional pela Excelsa Corte de Justiça.
O ministro deveria ter a consciência e a sensibilidade para examinar a questão voltada exclusivamente para o lado da violência, suas causas e consequências, mais especificamente envolvendo a participação do menor, que já ultrapassa as raias do insuportável, principalmente para os brasileiros que não possuem segurança pessoal, diferentemente dele, que deveria se recusar a tratar de assunto que não o afeta, por ter total proteção patrocinada pelos bestas dos brasileiros, que vivem cotidianamente desassossegados e apavorados com a medonha violência do menor, que se sente todo-poderoso, pela certeza da impunidade, com o beneplácito das autoridades públicas, que se opõem às medidas com vistas à diminuição da criminalidade.
O ministro poderia contribuir com sua experiência sobre o sistema carcerário, no sentido de oferecer ao governo projetos e propostas com medidas de cunho assistencial, para se promover a socialização dos menores e a sua integração à sociedade, mediante programas de apoio e valorização para eles, tudo antecipadamente à sua inserção no lastimável mundo da criminalidade, que tem sido o inevitável destino deles, justamente pela ausência e incompetência do Estado, que apenas assiste à deplorável situação e lamenta que a redução da maioridade penal seja desastrosa para o sistema carcerário, sem sequer imaginar nas medidas que levem à diminuição da criminalidade pelo menor.
No alto da sua autoridade e experiência, o ministro poderia pensar no conjunto dos problemas e jamais na eventual dramaticidade apenas do sistema carcerário, com a sua superpopulação, porque isso é perda de tempo, quando o que importa mesmo é cuidar primacialmente da proteção da sociedade, com a melhoria das condições de vida dos menores que acabam sendo arregimentados para a criminalidade justamente por falta de alternativa sadia e digna.
Não há dúvida de que a notória omissão do Estado tem contribuído para o aumento da criminalidade também na tenra idade, fato que ajuda à ilação de que ele não pode ficar se preocupando simplesmente com a precariedade da moradia de criminoso, quando é visível a sua extrema negligência quanto ao que interessa para solucionar todo conjunto representativo desse grave câncer que tomou conta do país, que são a violência excessiva e a inapetência governamental para priorizar políticas públicas voltadas para o saneamento dos problemas relacionados com a segurança pública.
Os brasileiros exigem urgente solução para as graves questões de segurança pública, mas as autoridades públicas preferem ficar, de forma incompreensível, se queixando sobre as dificuldades e as dramaticidades existentes nos presídios superlotados, em clara demonstração de indiferença para tão trágica situação que envolve, em princípio, vidas humanas, que exigem os maiores sacrifícios de quem tem o dever constitucional de cuidar, com integral responsabilidade, da ordem pública, segurança e proteção da sociedade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de outubro de 2015

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