quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Demonstração de represália


O Ministério da Defesa, comandado por um comunista, exonerou o Comando Militar do Sul, que fizera duras críticas, porém realistas, ao governo e aos políticos, a par de ter sido realizada, em quartel sob sua jurisdição, homenagem póstuma a um chefe da repressão na ditadura.
O militar exonerado é um general dos mais respeitados comandantes do Exército, que foi transferido para a Secretaria de Finanças, considerado cargo burocrático. A mudança de comando foi incluída em pacote amplo de remanejamentos de postos militares, mas a exoneração do general foi a única motivada por evento político.
Em recente palestra, o general disse que "a maioria dos políticos de hoje parece privada de atributos intelectuais próprios e de ideologias, enquanto dominam a técnica de apresentar grandes ilusões. A mera substituição da PR (presidente da República) não trará mudança significativa no 'status quo'. A vantagem da mudança seria o descarte da incompetência, má gestão e corrupção".
A situação do general ainda piorou quando outro general sob seu comando promoveu homenagem póstuma a ex-coronel que teria participado de repressão no regime militar.
Diante da sequência de fatos, o ministro da defesa houve por bem avisar previamente à presidente do país sobre a medida, por ter considerado que o general teria perdido a condição de comando.
Não há dúvida de que a exoneração poderá servir de teste político para o comandante da Defesa, principalmente porque ele é do PC do B, partido que se notabilizou durante a ditadura, por promover guerrilha contra o governo militar.
Trata-se, fora de dúvida, de represália explícita contra o militar que teve coragem e dignidade de peitar, no bom sentido, com destemida bravura, o ferrolho imposto aos militares pelo governo, por ele ter falado a pura e sublime verdade sobre a realidade de fatos nacionais, mostrando aos seus pares e ao país que, na atualidade, é vergonhoso o militar se acovardar por trás dos muros dos quarteis, se omitindo diante da situação de vexame e de humilhação pela qual os militares foram enquadrados na cartilha socialista, sem direito a se expressar com a dignidade atribuída aos brasileiros.
O certo é que a exoneração de valoroso general evidencia que o governo não suporta que a verdade seja dita nos quarteis ou por quem é merecedor de respeito e de credo nos dias atuais, diferentemente dos homens públicos, que são desacreditados e reprovados no desempenho de seus cargos, por serem incapazes de exercer com dignidade os cargos públicos eletivos, muitos dos quais são reprovados por expressivo percentual superior a 70%, em clara demonstração de que a sua permanência no governo contraria parcela significativa dos brasileiros, que não suporta mais o altíssimo índice de incompetência e de destruição do patrimônio nacional.
Diante das crises que maculam, de forma indelével, o desempenho do governo, a exoneração em tela é clara demonstração da insensibilidade da presidente do país e do ministro da Defesa de não aceitarem a verdade sobre a realidade dos fatos, que nem precisa ser general e muito menos militar para exprimi-los com a precisão e correção como ele foi capaz de dizê-la, em alto e bom som, para que as autoridades do país saibam o exato sentimento que os brasileiros têm sobre a performance delas, ou seja, de que, no dizer do general, parcela expressiva dos políticos não possui intelectualidade própria nem ideologias, mas eles são pródigos na disseminação de ilusões e que possível a mudança da mandatária do país surtirá efeito praticamente nulo, diante da paridade da qualidade ínsita dos homens públicos, mas a mudança de governo poderá ser capaz de contribuir para o afastamento da incompetência, má gestão e corrupção, que estão destruindo o patrimônio material, moral e legal dos brasileiros.
Urge que os homens públicos tenham a sensibilidade e a humildade de enxergar a real precariedade da administração do país, reconhecendo suas fragilidades e deficiências que têm sido capazes de contribuir para potencializar os mecanismos que estão levando a nação para o fundo do poço, justamente pela incapacidade de se perceber que a integração nacional depende da unificação de pensamentos dos brasileiros, não importando que eles sejam civis ou militares, porque os interesses da nação prevalecem sobre as causas pessoais e partidárias. Acorda, Brasil!    
            ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de outubro de 2015

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