domingo, 25 de outubro de 2015

O suprassumo das governabilidades?


O ex-presidente da República petista afirmou que "Eu sei o que fizemos pelo Brasil. Não faço política atrás de agradecimento. Político é assim, não espere agradecimento. O melhor agradecimento é deitar com sua consciência tranquila todo dia e é o que eu faço. Fiz o que era justo para meu país".
O petista, sem citar denúncias específicas, reclamou da imprensa, nestes termos: "Este país está vivendo um momento inusitado. Um momento de ódio, onde as pessoas não precisam nem ser julgadas e as manchetes condenam antes das pessoas saberem se tem processos. Muita gente fica nervosa e irritada e temos que nos perguntar o que está acontecendo".
O ex-presidente, ao dizer que não espera por agradecimento, dá a entender que o governo dele foi o suprassumo das governabilidades e que o seu legado teria sido algo extraordinário e revolucionário, quando não existe absolutamente nada a se comemorar como obras petistas, porque não houve a inauguração de nenhum monumento público de porte nem mesmo a promoção de reformas de nada para, pelo menos, contribuir para o desenvolvimento da nação.
Ao contrário, o governo do petista ficará marcado nos anais da República por muitas tragédias prejudiciais ao interesse público, entre as quais são destaques e marcantes os famigerados escândalos do mensalão e do petrolão; as espúrias alianças com políticos da pior espécie, com a finalidade de consolidar a absoluta dominação política e a perenidade no poder; a implantação do excrescente fisiologismo na administração pública, com o mesmo objetivo citado antes; a inauguração de obras em países comandados por ditadores, construídas com recursos dos tolos dos brasileiros, quando, no Brasil, os portos, as estradas, os hospitais, os transportes, os presídios, as escolas etc. estão sucateados e à míngua, pela falta do dinheiro mandado para o exterior e depois perdoado o seu pagamento, em clara evidência de irresponsabilidade administrativa, sem que ninguém tivesse sido condenado pelos crimes de lesa-pátria decorrentes disso; entre tantas mazelas que ressoam a todo instante como a marca da destruição de governo prejudicial aos interesses do país e dos brasileiros.
É bem provável que o ex-presidente se envaideça dos programas sociais de seu governo, que nada mais são do que o cumprimento de políticas de Estado que qualquer governo mediano teria executado, possivelmente com as devidas competência e eficiência quanto ao cadastramento, controle e fiscalização, somente permitindo o pagamento de benefícios às famílias efetivamente carentes, em harmonia com a institucionalização do programa Bolsa Família, que também não o teria transformando em projeto com viés eleitoreiro e populista, conforme evidencia o resultado do último pleito presidencial, quando as regiões dominadas pela prevalência da distribuição de renda foram generosas nas urnas, em favor da candidata oficial, comprovando o peso da recompensa do eleitorado ao pagamento dos benefícios em causa.  
O ex-presidente precisa se conscientizar de que, enquanto no seu governo houve tentativa da priorização da distribuição de renda, que é importante em um país constituído de bolsões de pobreza, as demais políticas públicas foram ridicularmente menosprezadas, cujas consequências são refletidas na precariedade dos serviços públicos prestados à população, conforme evidenciam a realidade dos fatos e as avaliações dos organismos internacionais, a exemplo do Índice de Desenvolvimento Humano, que posiciona o Brasil, em termos sociais, bem distante dos países evoluídos e muito próximo das nações sem expressão econômica, fato que indica o baixo nível da competência administrativa do governo, que não teve capacidade para avaliar e investir nas políticas efetivamente prioritárias, permitindo que a distorção de planejamento imperasse na sua gestão e causasse dificuldades e desequilíbrio entre os mecanismos de desenvolvimento.     
Possivelmente o ex-presidente ainda não tenha tido tempo para conhecer o velho adágio segundo o qual “quem semeia vento, colhe tempestade”, que é exatamente o que o PT vem colhendo como merecido fruto de tanto seus filiados disseminarem o ódio, principalmente nas pessoas de suas principais lideranças, que bradam aos quatro cantos que odeiam a burguesia, por ela ser possuidora dos piores predicativos, justamente porque ela não comunga na sua cartilha, por meio da ideologia populista e caudilhista, que estão contribuindo, de forma efetiva, para o trágico caos da administração do país.
O ódio dos brasileiros significa certamente o resultado esperado de décadas de discurso de intenso ódio contra seus opositores e com o maior menosprezo àqueles que pensam diferentemente do petismo, como se a democracia obrigasse ao compartilhamento dos mesmos pensamentos e ideias, de cunho absolutamente de conveniência política, como forma de dominação absoluta do poder.
          Há enorme dificuldade para os homens públicos identificarem os motivos que levam ao ódio desenvolvido no seio da população, principalmente porque entre eles inexiste a sensibilidade capaz de captar a ansiedade social e de auscultar o sentimento de repúdio às hipocrisias; às sistêmicas e endêmicas corrupções; à incompetência gerencial dos recursos públicos; às espúrias coalizões de governabilidade, com o exclusivo propósito da absoluta dominação da classe política e da perenidade no poder; aos financiamentos de obras no exterior, normalmente em ajuda a países comandados por ditadores; às inescrupulosas fidelizações parlamentares à pessoa da presidente do país, em espúrio loteamento de ministérios e empresas estatais, para a materialização da blindagem da petista contra a abertura do processo de impeachment dela; às crônicas resistências às reformas das estruturas das instituições públicas e dos mecanismos inerentes aos processos produtivos, impedindo o desenvolvimento social, político, econômico e democrático; enfim, aos gritos da população sobre a péssima qualidade, quando prestados, dos serviços públicos, motivo da sua permanente insatisfação, que nunca será sentida nem ouvida pelo governo, que se faz de mouco aos ensurdecedores e estridentes clamores sociais, que são transformados, com total justiça, em ódio, assimilado e não compreendido por quem faz questão de ignorar as causas de tanta insatisfação.
          O ex-presidente pode ter suas razões para dormir de consciência tranquila, mas, com absoluta certeza, os brasileiros têm montanhas de motivos para não conseguir dormir, por causa da sua consciência perturbada, que vem sofrendo com terríveis pesadelos, decorrentes da trágica situação de penúria pela qual o país foi conduzido pelo governo, que não teve capacidade para evitar, entre tantas precariedades, a perniciosa recessão econômica, com as horrorosas consequências de desemprego, redução da renda, desindustrialização, juros altos, inflação galopante, descontrole das contas públicas, debandada dos investidores estrangeiros, inexistência de investimentos em obras, descrédito na gestão pública, além de muitas mazelas que simplesmente são capazes de atormentar e intranquilizar os brasileiros trabalhadores, enquanto o ex-presidente tranquilamente zomba de quem vem passando por amarguras e dificuldades.
O petista precisa saber que o ódio dos brasileiros é consequência da desastrada administração do país, cujo governo petista simplesmente conseguiu quebrar as estruturas das instituições públicas brasileiras, que tiveram reflexos diretos nos sistemas político, econômico e administrativo, permitindo inclusive que as agências de classificação de risco rebaixassem o grau de investimento do Brasil, considerando os títulos brasileiros como "lixo", ou seja, a incompetência da gestão pública contribuiu para que os brasileiros conscientizados sobre as crises que grassam no país e os investidores estrangeiros deixassem de confiar nas políticas públicas do governo brasileiro, ante o conjunto do malogro da gestão pública, que passa por completa degeneração e descrédito.
O ódio dos brasileiros é simplesmente o reflexo da contextualização das maldades e precariedades causadas à nação e aos brasileiros pelas incompetências, deficiências e mazelas administrativas, sob a exclusiva tutela do governo perdido, desorientado e gastador, que não tem o menor pudor de infringir as salutares normas constitucionais e legais que disciplinam as diretrizes orçamentária e financeira do país, em clara afronta ao juramento presidencial de posse sobre o compromisso de respeitar, cumprir e fazer cumprir a Constituição e as leis do país, além de causar enormes prejuízos aos interesses nacionais.
Ao que se pode intuir, as declarações do ex-presidente refletem naturalmente o verdadeiro espírito permeado com o sentimento próprio da onipotência de quem acha que a sua gestão extrapolou a excelência da governabilidade e teria sido algo tão excepcional e excedível merecedor do eterno reconhecimento dos brasileiros, quando os eventuais resultados positivos foram suplantados com vantagem pelas mazelas que refletiram muito negativamente na economia, no desenvolvimento humano e na prestação dos serviços públicos. Acorda, Brasil! 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de outubro de 2015

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